Cap. 31 - Le Crépuscule

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Lauren Jauregui

A Fazenda — em algum lugar na Virgínia

No dia seguinte

— Estou falando a verdade, chefe. Não tenho motivo para protegê-lo. Minha lealdade pertence à Organização. Confira com seu avô.

— Dimas pausa para respirar, o rosto molhado em uma mistura de suor e sangue. — Foi ele quem mandou que eu me tornasse a sombra de Oleg para me inserir entre os albaneses.

Olho para o homem aterrorizado. Sei o bastante da alma humana para identificar o exato momento em que o medo se instala de forma tão definitiva, que não há senso de honra que consiga vencê-lo.

E não tenho dúvidas de que Dimas sente medo.

Ele está certo em senti-lo, claro, porque apesar de não ser um traidor, não acredito que tenha mais qualquer utilidade para nós.

Sou eu a interrogá-lo, mas poderiam ser os italianos, os albaneses e tenho certeza de que com cada um deles, o homem abriria o jogo da mesma maneira.

Estou parcial sobre o que descobri. Se por um lado, é bom que meu avô ainda esteja no jogo o suficiente para lidar sozinho com traições, por outro, demorou muito a tomar uma atitude, uma vez confirmada a infidelidade de seu conselheiro.

— E quanto às minhas armas? — Pergunto, já cansada de sua subserviência.

— Foi Oleg quem entregou tudo. Fazia parte do acordo com os albaneses. Ele lhes disse a rota e também quantos homens estariam protegendo a carga.

— Quem tomou o navio?

— Mercenários. Piratas da América Central, mas já foram todos mortos. Tanto Oleg quanto Gjergj preferiram não deixar pontas soltas.

— E o atirador?

Já voltei a esse ponto três vezes e cheguei à conclusão de que não houve a mão de Oleg ali e sim uma ação isolada dos albaneses, o que no fim é ainda pior, porque quer dizer que temos duas células traidoras no meio de nós. Uma atuando ao comando do conselheiro e outra, independente, vendida a Gjergj.

— Eu não sei nada sobre isso, eu juro, mas não acho que tenha sido Oleg. Não é a maneira que ele atua. O risco de ser descoberto seria grande demais.

Um movimento à esquerda me chama a atenção. É Maxim, tranquilamente recostado em uma das paredes. Os braços cruzados como se estivesse assistindo um filme sem graça. Ele faz um meneio imperceptível de cabeça e sei que quer falar comigo.

— Ele está dizendo a verdade. — Diz, assim que estamos fora.

— Eu sei. Acho que acabamos por aqui.

— Talvez não.

Porra, devo estar ficando velha para esse tipo de merda. A única coisa que eu quero é ir para casa e encontrar minha mulher, mas não consigo fugir às responsabilidades. Nada garante que ele não esteja trabalhando para os dois lados e enganando meu avô também.

— O que mais eu poderia querer dele?

— Usá-lo como isca. Ele está ansioso para agradar.

— Dimas não é confiável. Trabalhou com o conselheiro por vários anos, mas o traiu sem piscar a um pedido do meu avô.

— Ao pedido do Pakhan, não se esqueça disso. Quem você conhece na face da Terra que ousaria ir contra Ruslan?

— Isso é certo, mas ainda assim, Dimas é uma aposta arriscada. Ele pode simplesmente fugir.

CAMREN: Proteção Na Máfia? (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora