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⚠️AVISO DE GATILHO: O capítulo a seguir contém cenas fortes de tortura, tortura psicológica, desmembramento e assassinato. Tais cenas podem causar pânico e náuseas, então peço que leiam com cuidado e respeitem seus limites.⚠️
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Pov. Draco

  Onze meses depois

   — Espero que você esteja tendo um feliz natal. — pronuncio baixo, sussurrando em seu ouvido.

   Em um golpe friamente calculado, enfio a faca profundamente debaixo da unha de sua mão direita, exercendo uma pequena pressão para cima que rompe a ligação entre a carne e a lâmina de queratina do seu dedão, ficando pendurada por um fio em um pedaço perto da cutícula que ainda não havia se desgrudo por completo. O grito estridente agonizado e entorpecido em dor do homem, ecoou pelas paredes daquele galpão por minutos, invadindo até as pequenas rachaduras quase invisíveis na parede.

   Havia sangue gotejando no chão, sujando meu sapato que provavelmente eu iria descartar logo que eu saísse desse lugar imundo. Feridas expostas em sua mão, sendo frequentadas por moscas, irradiavam a coloração escarlate com nitidez, sobrando em sua mão somente uma unha, na qual eu arrancava brutalmente a faca de sua carne e via quase em câmera lenta ela continuar pendurada, aguentando o máximo que conseguia. Contudo a arranco com brutalidade, segurando-a com as pontas dos dedos como um mísero espinho, atrapalhando todo um processo e outra vez sua cabeça se joga para trás, com seus olhos esbugalhados e a boca escancarada, soando um som aterrorizante por dentro de sua garganta.

   — Pare, por favor.

   O homem amarrado na cadeira murmura, deixando a cabeça pendurar para o lado e seus olhos que antes carregavam a mais pura raiva, encarava-me cansado e desesperado.

   — Está pronto pra falar?

Ele respira ofegante. Seu rosto era puro sofrimento, um dos seus olhos estavam tão inchado, que era impossível saber se ele conseguiria enxergar de novo com esse olho e seu corpo todo estava molhado, gotejando sangue e sujeira, por conta das cargas elétricas que distribuíamos sobre ele de hora em hora. Esse homem estava um caos, completamente fodido, para não dizer o pior.

— Não vou trair meu bando.

Era óbvio que ele diria isso.

   Afundo o polegar sobre a ferida recém aberta, vendo-o lacrimejar enquanto urrava em plenos pulmões. Seus olhos começaram a virar, seu corpo começou a amolecer e eu sabia o que aquilo significava, ele iria desmaiar. Retiro rapidamente o dedo do seu machucado, limpando o sangue quente sobre sua roupa e ergo a mão para cima, aguardando uma resposta de algum oficial que estava ali do lado observando todo o acontecimento. Ele corre em direção a nós, afasto-me alguns passos e viro-me de costas, escutando somente a água atingindo com força o corpo e o homem começar a tossir alto, engasgando com o líquido que subitamente invadiu sua boca.

   Respingos leves atingiram minha pele, fazendo meus pelos se arrepiaram de tão gelado que estava aquela água, contudo fora capaz de despertar o homem. Viro-me de frente para ele, seus cabelos agora mais úmidos caiam sobre sua face, escorridos por uma grande quantidade de água que pingava do couro cabeludo até as pontas, caindo sobre o chão em sua frente, cobrindo sua visão. A respiração profunda e rápida, era nítida pelo seu peito subir e descer em uma grande velocidade, tentando se manter consciente, manter-se vivo. Ele estava amarrado em uma cadeira de madeira maciça difícil de quebrar, suas mãos e pernas presas com correntes dificultavam qualquer fuga que ele pudesse desejar e ele estava há dias sem comer, fraco.

— Eles já te abandonaram, você estava sozinho quando te encontramos, não consegue entender? — questiono-o com rispidez. — Você já está morto pra eles.

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