Arsonist's lullabye

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Pov. Draco

   — Olá, Draco.

   Severus Snape.

   Eu não estava conseguindo acreditar no que meus olhos enxergavam, não parecia verdade, mesmo que ele estivesse parado em minha frente em carne e osso. Fazia tantos anos que eu não o via e desde quando eu voltei para a empresa, voltei para Liverpool, ninguém citou o seu nome e dessa forma conclui que Severus Snape estivesse morto. Nesse lugar você não questiona muito esses acontecimentos, somente escuta boatos, discute brevemente depois de uma garrafa de rum e se tiver sorte, você consegue encontrar algum arquivo anotado um desaparecido ou morto em letras garrafais no topo da lista.

   Sobre Severus eu nunca ousei questionar, talvez porque eu queria manter essa chama de expectativa viva, mas por outro lado eu só não queria saber que o homem que me criou estava morto e eu não pude vê-lo uma última vez.

   — Severus Snape. — cumprimento-o com sutileza. — Se me permitem questionar, o que o traz aqui?

   Eu não queria falar dessa forma, queria gritar onde ele estava e perguntar o porque dele ter demorado tanto para vir me ver. Mas não posso.

   Ele se endireitou e começou a se aproximar de mim em passos lentos.

   — Lucius havia me dito que você cresceu bastante desde a última vez que te vimos. — Ele comenta com um canto da sua boca elevado em um sorriso franco. — Está alto, um pouco desnutrido e o que é esse cabelo?

   — Eu disse. — Lucius exclamou com sarcasmo.

   Endureço a face toda.

   — Mas também estou sabendo que está trabalhando bastante depois que você voltou. — Severus continua e não para de se aproximar me observando. — Parece uma máquina, sempre na empresa, como quando era mais novo.

   Eu não tenho muita escolha. Penso, mas não digo nada.

   — Por onde esteve? — questiono-o mais uma vez.

   Severus para de se aproximar e me olha no fundo dos olhos, sinto meu corpo tremer, eu sempre tive medo e respeito por ele, e seu olhar me recorda tudo o que havíamos vivido juntos.

   Direciono meu olhar para Lucius, esperando algum tipo de explicação, qualquer uma que fosse, contudo só consigo ver os cantos dos lábios dele se curvarem em um sorriso sarcástico, Lucius parecia aproveitar e adorar o espetáculo que estava acontecendo em seu escritório, era óbvio.

   — Estava em uma missão.

Que merda de missão é essa?

Tento-me manter calmo e sem expressão.

— O que lhe trouxe de volta? — questiono-o e deixo escapar uma fagulha de decepção, que sinto arrependimento assim que falo as palavras naquele tom.

Lucius se apoia sobre a mesa e levanta da cadeira que estava sentado, com um olhar que me arrepiava. Era soberbo, ele sabia que Severus Snape era o meu ponto fraco.

— Não era para você estar feliz? — ele pergunta arrogantemente. — Afinal, Snape está de volta.

Severus Snape. Sinto vontade de corrigi-lo, até porque Severus nunca me deixou chamá-lo de Snape. Entretanto Lucius faz o que quiser, então ignoro.

   — Estou feliz.

   Não sorrio.

   — Deixe o menino, Lucius.

Severus disse essas palavras como se tivesse falando com qualquer pessoa, e por incrível que pareça Lucius Malfoy acatou o pedido. Percebo então que mesmo tendo tanta experiência quando eu era jovem, eu não compreendia algo que sempre estivera em minha frente, Lucius respeitava Severus Snape, do mesmo tanto que Severus Snape respeitava Lucius. Era estranho saber que alguém conseguia se equiparar a Lucius e que essa pessoa era Severus, alguém que todos me comparavam e esperavam que eu me tornasse sua cópia. E não era por menos, querendo ou não Severus me criou, bem mais do que Lucius foi capaz.

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