Pov. Draco
Nós nos amamos por muitos dias depois daquele instante no banheiro, mas sempre há dias mais difíceis.
— Draco! Draco, acorde!
Minhas pálpebras se abrem com rapidez, fazendo com que a claridade golpeasse minhas córneas e me cegasse por alguns breves instantes. Estava sem fôlego, encurvado na cama apoiado pelos cotovelos, enquanto forçava o oxigênio em grandes lufadas para dentro dos meus pulmões. Sentia minha pele úmida, molhada pelo suor que escorria do meu corpo e umedecia os lençóis abaixo dele. Eu estava uma bagunça e enquanto tentava recuperar minha visão, sentia meus batimentos cardíacos acelerados, bombeando sangue para o meu corpo como se eu estivesse em fuga, como se eu estivesse...
— Você estava tendo um pesadelo.
Ouço a voz macia de Harry exclamar próximo a mim.
Pesadelo. Penso.
Pesadelos se tornaram frequentes após o último mês, eram denominados de terror noturno pelo o que eu pesquisei. Costumava lidar bem com essas situações, contudo sou brutalmente levado para esses pesadelos que me assombram durante à noite, quase todos os dias. Diversas vezes despertei aos gritos, suando muito, com calafrios, batimentos acelerados e sem conseguir respirar direito. Era tudo muito real, eu sempre sonhava com o mesmo instante, aqueles breves instantes que me aterrorizam dia após dia, sem ceder espaço para que eu pudesse respirar com tranquilidade. Admito que tento evitar, tento ser mais positivo, tento ignorar esses pensamentos, contudo à noite eu não tenho controle sobre eles, afundando nessa escuridão.
— Posso me deitar ao seu lado?Olho para Harry com lentidão. Recentemente havia passado por terrores noturnos noite atrás de noite. Estava exausto, irritado e deprimido, era uma sensação grotesca e vazia, minha mente estava numa profunda escuridão e eu não queria que Harry soubesse. Eu sei que eu havia dito que eu não queria mais mentir e nem esconder nada dele, porém eu não poderia deixar que mais dos meus problemas caiam sobre Harry. Ele sabe dos meus terrores noturnos, era notório a mudança de sensibilidade que eu transmitia ao ambiente e eu sabia que ele iria me entender se eu contasse, que ele iria tentar me ajudar, mas ele não precisava de mais disso, mais desse Draco Malfoy problemático, não quando ele já tem problemas demais para lidar.
— Pode. — exclamo baixo, deitando-me de volta no travesseiro e o observando. — Não trabalha hoje?
Ele se deita ao meu lado, apoiando sua cabeça sobre o travesseiro e olhando-me de volta.
— Estou de folga. — explica calmamente. — Quer fazer alguma coisa mais tarde?
Não, não quero.
— Sim. — digo, deixando que os cantos dos meus lábios se contorcerem em um sorriso forçado. — Pode ser. O que teria em mente?
— Não sei.
Harry diz rapidamente, virando-se de barriga para cima e encarando o teto em cima de nós. Sua face estava pensativa, então faço o mesmo e viro-me para cima, olhando a mesma tinta branca que descasca no canto do teto e o ventilador que com certeza não era limpo há um tempo.
— Assistir um filme? Andar pela cidade? Jogar algum jogo? — ele me pergunta animado, sem me olhar.
Queria ficar apenas deitado.
Queria poder dizer a verdade. Dizer que não tenho ânimo para isso, que hoje e talvez amanhã, ou depois eu não queira sair da cama. Queria que fosse fácil explicar o motivo, mas não tem motivo, eu só não estava afim. Eu poderia dizer para fazermos algo depois, eu poderia explicar que não estou em um bom dia e dizer que no momento eu não queria ter que fazer alguma coisa, eu poderia me posicionar dizendo que ele está me incomodando com esse tanto de pergunta, que talvez eu precise de um tempo sozinho para pensar e ficar quieto no meu canto, porque dessa forma talvez eu ficasse bem. Bom, bem melhor do que eu estou agora.
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Luzes do amanhã
Fanfiction*Essa história se passa em um universo alternativo fora do mundo bruxo.* Draco Malfoy é um homem com um passado obscuro, afundado em uma vida que moldou para se refugir e se reconstruir, mas anos depois, toda sua construção foi abalada. Para se...