Golden Love

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   Pov. Draco

   Amanheceu. A luz da manhã atingiu meus olhos pelas frestas da janela, acordando-me sem piedade. Mesmo cansado não consigo dormir muito, por isso assim que ela começa a me incomodar, desperto. Harry ainda está adormecido, com as pernas e os braços estirados sobre a cama, completamente desajeitado. Sua boca está entreaberta, umedecendo o travesseiro com a saliva que escorria lentamente e seu cabelo estava bagunçado, completamente retorcido. Sorrio, essa era outra visão que eu realmente não esperava ter dele, era empolgante vê-lo assim.

Lembro da nossa última conversa da noite passada.

— Draco, posso lhe fazer uma pergunta indelicada?

— Pode. — respondo-o brevemente, com as minha pálpebras pesando pouco a pouco.

— Por que você fuma?

Um canto da minha boca elevou-se em um sorriso leve.

— Bom, eu acho que para esquecer. — digo. — Tornar aquilo que me machuca, algo que eu não temo.

Ele fica em silêncio por alguns segundos. Pensando.

— Faz sentido.

Então ele se virou e dormiu.

Harry tornou esse assunto tão indiferente, que foi fácil conversar com ele depois de tudo. Eu sinceramente nunca tive uma noite como essa, parecia que nada mais me atormentava. Viro-me de lado e o olho, ele parecia tão calmo, tão inerte as coisas ruins que esse mundo pode e já o proporcionou em sua vida, que parecia praticamente intocável, resistente à todas as brasas. Queria entender como ele consegue, que decisões ele tomou para chegar até aqui e como eu poderia estar ao seu lado nas próximas.

   Eu não poderia.

   Era claro que eu não poderia, não havia espaço para mim em sua vida, não nesse momento. Ao estar com alguém, eu levaria todas as minhas preocupações comigo e mesmo estando prestes a voltar para Londres, como eu lidaria com todos os problemas que estão junto com o meu sobrenome? Eu precisava me lembrar do que me trouxe para essa cidade, havia amanhecido e eu não poderia viver acreditando que todos os meus dias poderiam ser assim, que eu poderia vê-lo acordar, que poderíamos preparar uma refeição juntos, conversar sobre nosso passado e agir como se fôssemos pessoas comuns sem nenhuma problemática ao nosso arredor:

   Ronald tinha razão.

— E esse passarinho é o mesmo que você conversa todos os dias e fica sorrindo deliberadamente, como se ninguém estivesse vendo?

Eu estou gostando de Harry.

   Depois da noite passado se tornou mais claro isso.

E quanto mais rápido eu admitir, mais rápido eu posso suprimir esse sentimento.

Não posso fazer isso com ele. Não posso amaldiçoar-lo. Por isso serei egoísta mais uma vez e aproveitarei esses poucos minutos que tenho ao seu lado, antes de partir.

Harry inspira profundamente e espreguiça sobre a cama, acordando. Ele parecia uma criança, abrindo os olhos com dificuldade, tentando se proteger do sol que o atingia brutalmente, sorrio. Harry esfrega os olhos e vira a cabeça para me olhar, ele sorri de volta.

   — Bom dia. — ele diz bocejando.

   — Bom dia. — respondo-o.

   — Que horas são?

   Inclino-me para olhar no relógio.

   — Dez para o meio-dia.

— Hm. — ele exclama, enquanto se espreguiça novamente. — Cedo. Dava para dormir mais um pouco.

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