War Is Over

32 6 3
                                    

   Pov. Draco

   Sem fôlego me via escorado em um canto escuro, úmido e gélido daquela mina, enterrado na minha própria agonia. Era similar a sufocar. Tudo inicia com um simples movimento de contração, impedindo que meus pulmões inflassem com o oxigênio em abundância ao meu arredor e tudo acaba quando eu simplesmente não tenho como respirar, caído sozinho e sem vida em um canto qualquer. Não havia um ponto específico de dor, todos os meus membros e ossos doíam, refletindo tudo o que havia acontecido anteriormente. Sentia partes do meu corpo repuxarem, causado pelos coágulos de sangue sobre a minha pele. Minha cabeça latejava sem parar, em consequência ao golpe que ele me deu e nem acredito que eu sobrevivi aquilo ou quase.

   Sentia-me ao todo repulsivo.

   Não fiz questão de me mover, eu sabia que eu estava preso. A iluminação era quase nula e eu era somente agraciado por um feixe de luz que adentrava pelas barras de ferro colocadas de maneira infantil, pela única abertura do ambiente, no caso à porta. Havia um cheiro impregnado em tudo, era algo como mofo e carne podre, como se alguém tivesse falecido ali e apodrecido junto ao próprio lugar. Esse maldito cheiro revirava meu estômago, não era como se eu jamais tivesse o sentido antes, contudo nesse momento era o cheiro mais grotesco e asqueroso que eu poderia sentir assim que eu acordasse.

   Ajeito-me sobre o chão gélido, recordando-me do ocorrido anteriormente, ainda sem saber quanto tempo havia se passado. Minutos? Horas? Dias? Era impossível determinar devido à falta de luz solar, eu não sabia dizer quando era dia ou quando era noite dentro desse buraco e compreendo que talvez esse seja um dos motivos dessas pessoas serem tão lunáticas, elas haviam perdido a noção psicológica de muitas coisas aqui dentro. Recordo que a última situação que havia visto, fora Greyback esmagar a mão de Ronny com violência, ridicularizando-o e mesmo que a minha mente ainda estava se reajustando por conta da pancada, eu me lembro detalhadamente daquele momento, como se tivesse se cravado nas profundezas das minhas memórias.

   Era isso que ele queria. Ele queria me ver o vendo destruir uma das pessoas mais importante para mim, eu era somente uma peça do seu jogo de xadrez, com importância apenas nas suas jogadas e assim que ele conseguisse o que queria, eu seria eliminado. Bom, não é como se eu já não soubesse sobre tudo isso. Não era algo novo. Lucius sempre moveu as peças da forma como queria, sem se importar com as consequências que traria para o outros e eu vivo esse jogo de xadrez desde o momento em que eu nasci, sempre fui um peão para vários reis, criado para vários fins e intenções, sem ter ao menos uma chance de mudar minha trajetória. Porém, independente dessa merda toda, não era um desgraçado usurpador que moveria as peças desse jogo conforme as bolas dele quisesse, eu não seria seu peão.

   Permaneço imóvel, refletindo sobre tudo o que havia acontecido e volto ao ponto que minha mãe ainda está aqui em algum lugar. Consigo sentir isso, essa aproximação familiar, desde o momento em que eu despertei amarrado naquela cadeira. Era como se meu corpo tivesse uma conexão com o dela, aguardando para serem encaixados outra vez. Só de pensar que ela está aqui, está próxima a mim, está quase palpável, eu sinto vontade de mover o mundo outra vez. Estávamos tão perto e mesmo assim eu só conseguia sentir cada vez mais a nossa distância, talvez o fato de estar incapacitado no momento ou de pensar somente na destruição de Greyback a cada minuto que eu respiro.

   Eu preciso sair daqui o quanto antes.

   — Merda.

   Esbravejo para o nada.

   — Isso é uma merda mesmo.

   O nada responde.

   Assusto-me e entro em modo de ataque, erguendo as mãos com os punhos fechados sobre meu rosto e minhas partes vitais, tentando inutilmente proteger o resto da minha vida, ainda sentado sobre o chão. Não havia feito o mínimo que eu deveria fazer, investigar o ambiente, estava tão imerso aos meus pensamentos que nem pensei que o cheiro podre poderia ser realmente alguém morto ou quase morto, sentado em algum canto dessa caverna escura, observando-me em silêncio. O breu era tanto que era impossível reconhecer muitas coisas ali dentro, então não era fácil identificar a presença de outra pessoa, ainda mais que o cheiro facilmente me distraia.

   — Quem está aí? — questiono-o alto, falando para todas as direções. — Responda!

Luzes do amanhã Onde histórias criam vida. Descubra agora