Pov. Draco
— Hora da colheita.
Era Greyback repetindo essas palavras como uma canção, entre as paredes úmidas desse ambiente. Parecia que sua voz vinha de todos os lados, preenchendo meus tímpanos com todo aquele narcisismo e sociopatia. Meu corpo ainda estava fundido ao de minha mãe, em um abraço tão reconfortante que por míseros segundos ouso dizer que pensei que seria eterno e imutável, como se aquela pequena fração de um instante não fosse acabar e que eu pudesse realmente acreditar nas palavras de Narcisa, entretanto eu sabia que tinha algo por trás disso tudo, não seria tão fácil encontrar-la, principalmente depois de todo esse tempo. Greyback sabia, ele sabia que ela era meu único ponto fraco.
— Hora do desmame.
O ranger da porta de ferro improvisada ocupa o espaço e Greyback entra em passos arrastados, com as mãos atrás das costas em uma postura altiva. Ele estava nos analisando, ele sabia o que estava fazendo no primeiro instante que me colocou dentro dessa jaula, aprisionado e sozinho com a minha mãe.
— Chame do que preferir, mas você sabe do que eu estou falando, não é, Draco? — Greyback faz uma pergunta retórica, com um sorriso irônico contorcendo seus lábios. — Como foi esse encontro de mãe e filho? Memorável?
Continuávamos em silêncio, desvencilhando o abraço tão lentamente que conseguia sentir a umidade e o frio emergirem para os meus ossos, assim que o contato com a minha mãe diminuía.
— Hm, eu não quero realmente ouvir uma resposta sobre isso. — Greyback diz parado em minha frente, seu corpo se inclina e vejo seus olhos cintilarem o mais profundo asco. — Já chega de Narcisa para você, não acha?
Estico meu braço involuntariamente em frente ao corpo da minha mãe, tentando protegê-la da maneira mais porca que eu conseguia no momento. Eu não tinha forças, todo meu corpo estava trêmulo, observando aquele homem com a face inexpressiva. Nesse instante eu parecia um tolo, tentando lutar contra o meu destino evidente, ele sabia meu único ponto fraco, ele sabia provavelmente de muito mais, eu não quero admitir, mas e se Fred ou até mesmo Ronny tenha aberto a boca e contado mais do que devia? Era um momento de sobrevivência, de fraqueza e eu não os julgaria se tivessem feito essa escolha, mas eu desejo que lá no fundo eles tenham ficado em silêncio. Morrido em silêncio.
É. Eu sou egoísta.
— O que você quer agora? — questiono-o com ódio em cada palavra.
— Respostas. — os cantos da boca de Greyback contracenam em um sorriso maligno ao final de sua frase. — Como eu havia dito, preciso de você vivo. Lucius irá vir até nós na hora certa e não demorará muito.
Greyback não sabe que Lucius se importa menos comigo, do que qualquer outra pessoa. Penso em minha cabeça.
— E fez isso tudo para que?
— Não é óbvio. — Greyback se inclina mais em sua face, próximo o bastante do meu rosto. — Eu preciso dela para executar meu plano. E um deles ela vai me servir agora, para tirar informações de você.
Eu sabia o que aquilo significava, não precisava de mais nenhuma explicação. Greyback queria pegar minha mae para torturar, obrigar-me a dizer coisas que eu não deveria revelar, entretanto era a minha mãe. Recobro a ideia de Fred e Ronny dedurando nossa família para se salvarem ou recebendo o mesmo tratamento que eu estou recebendo. Consigo imaginar Greyback torturando minha mãe na frente dos dois, Ronny se negou a falar e teve a mão amputada, Fred no intuito sofreu mais, provavelmente viu o irmão mais novo sofrer e tentou reagir, causou algum problema e foi gravemente ferido, contudo eles eram uma mensagem para mim, sempre foram.
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Luzes do amanhã
Fanfiction*Essa história se passa em um universo alternativo fora do mundo bruxo.* Draco Malfoy é um homem com um passado obscuro, afundado em uma vida que moldou para se refugir e se reconstruir, mas anos depois, toda sua construção foi abalada. Para se...