Pov. Draco
Eu estava do lado de fora do Aquele-que-não-deve-ser-nomeado, com um cigarro aceso entre os dentes, deixando que a fumaça saísse por entre meus lábios e expandisse sobre o seu nublado em cima de mim. Olhava para aquela escuridão, coberta por nuvens e só conseguia pensar como aquele estado era deprimente, era difícil até mesmo enxergar uma estrela sobre o céu daquele jeito e isso me trazia uma sensação solitária, como se toda a beleza do mundo fosse coberta atrás de fumaças, uma metáfora até mesmo hipócrita quando eu pensava no que eu estava fazendo nesse exato momento. Talvez eu fosse como esse céu nublado, só que sem beleza escondidas por trás da fumaça.
Estava meio frio do lado de fora, mas a blusa que eu vestia conseguia me esquentar o suficiente, bom, menos minhas mãos, que estavam congelando com o vento gélido que batia contra a minha pele. Em contraste ao frio, conseguia sentir a fumaça quente do cigarro explorar minha traqueia, chegando em meus pulmões e corroendo qualquer parte em que tocava. Era um hábito deplorável e questionável se eu pensasse em todas as memórias ruins que sucedem esse vicio, só que eu não fazia mais isso, não depois de envelhecer, não depois de reprimir qualquer trauma que mexesse com a minha cabeça. Não havia tempo para isso nos dias atuais.
Jogo a bituca do cilindro cancerígeno ao chão, pisando sobre ele para apagar o resto da brasa que ainda queimava firme e avancei em direção a entrada do estabelecimento.
Potter havia entrado antes de mim quando expliquei que iria fumar, porque ele preferiu ir pegar uma mesa para nós, do que congelar aqui fora. No caminho até a lanchonete não havíamos trocado muitas palavras, apenas liguei o rádio e aproveitamos aquelas músicas na companhia um do outro, o que me deixava extremamente confortável, porque independente do que dissemos na plataforma, ele ainda era um completo estranho e eu não gosto de ter que dialogar com estranhos. Era inconveniente. E além disso, Aquele-que-não-deve-ser-nomeado não ficava muito longe da boate e o garoto não teve nenhuma dificuldade para me guiar até lá, obviamente familiarizado com o local.
A lanchonete era simples. Do lado de fora ela parecia grande, mas por dentro ela era pequena e acolhedora, com aquele toque rústico, que nada mais é do que os móveis mais antigos e de madeira. Além disso, as janelas eram cobertas de uma forma que por dentro conseguia se ver do lado de fora, mas do lado de fora, não dava para se ver nada por dentro. Não sei se era uma forma inteligente, porque se acontecesse algo ali dentro, ninguém saberia do lado de fora e pelo lado ao contrário, ninguém tentaria fazer nada com as pessoas ali dentro, exatamente porque não dá para ver do lado de fora, então não sei, é complicado mediar o que seria mais correto nessa ocasião.
Haviam mesas com poltronas de couro, que pareciam extremamente confortáveis e macias para se sentar, facilmente envolveria uma pessoa cansada a um sono profundo em questões de minutos. Poucas garçonetes circulavam o local, segurando em suas mãos o cardápio do dia e um bloco de anotações, tudo feito como antigamente. Haviam pelo menos dos cozinheiros na cozinha, preparando os pedidos para as poucas pessoas que estavam ali dentro tarde da noite.
Potter estava sentado sobre uma das mesas do fundo, segurando um cardápio na mão que tampava completamente o seu rosto e eu só o reconheci por seu cabelo bagunçado se sobressaindo do objeto. Aproximei-me em passos largos e me senti-me em sua frente, observando em silêncio o garoto notar a minha presença. Ele parecia bem concentrado em folhear todas as páginas, em busca de algo que ele gostaria de comer e o que me deixou surpreso é que já fazia alguns minutos que ele havia entrado ali, então achei que até aquele momento ele já teria terminado de escolher, mas aparentemente não, ele parece realmente uma criança assim.
— Conseguiu escolher alguma coisa, Potter? — perguntei, abaixando um pouco o cardápio dele, para que o garoto pudesse me olhar. — Não sei se eles vão esperar para sempre.
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Luzes do amanhã
Fanfic*Essa história se passa em um universo alternativo fora do mundo bruxo.* Draco Malfoy é um homem com um passado obscuro, afundado em uma vida que moldou para se refugir e se reconstruir, mas anos depois, toda sua construção foi abalada. Para se...