Secrets

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Pov. Draco

Estávamos dançando no meio daquele quarto. Seus braços estavam envolta do meu pescoço e sinto seus dedos gélidos encostarem na minha nuca, enroscando-os despropositadamente nos fios do meu cabelo, mantendo-se ali em calmaria. Ele se impulsionou um pouco para frente, encostando seu torso mais contra o meu e em consequência sua cabeça se depositou ao lado do meu pescoço, deitando-a confortavelmente sobre meu ombro. Minhas mãos estavam depositadas em sua cintura, tentando não colocar nenhuma pressão contra o seu corpo, que balança junto ao meu. Não havia música lenta no ambiente, então acompanhávamos uma batida imaginaria que escutávamos em nossas cabeças, era simples, nada muito extraordinário, mas isso estava mexendo comigo de alguma forma.

   Havia perdido seu olhar nesses minutos, contudo continuava a senti-lo. Guiava-o de um lado ao outro, em pequenos passos distribuídos pelo ambiente. Lembro-me de quando era mais jovem e entrei nas aulas de etiqueta, entre elas eu tinha aulas de dança de salão, era algo chato e eu acreditava ser inútil, mesmo sabendo o motivo de eu ter que aprender a dançar, contudo, olhando para esse momento, até que aquela merda toda valeu à pena, mesmo não sendo exatamente o que Lucius esperava que eu fizesse com todas aquelas insuportáveis aulas.

— Sua moto saiu do concerto? — pergunto-o calmamente.

   — Sim. — sinto-o assentir com a cabeça em positivo. — Ela está como se fosse nova e também ficou mais fácil pra vir trabalhar, estava cansado de ônibus.

   — Eu imagino.

   Não imagino.

   — E você? — ele pergunta pra mim. — Conseguiu arranjar um emprego?

   Lembro-me de ter falado para ele que eu estava desempregado e de imediato sinto ânsia. Eu preferia estar desempregado, eu preferia tantas coisas, mesmo as mais ruins, mas eu preferia qualquer coisa além da verdade.

   — Consegui. — respondo-o sem vontade. — Estou trabalhando novamente na empresa da minha família.

   — Sério? — ele exclama. — O que seria?

   Uma merda de uma máfia.

   — Metalúrgica. — digo-o. — É uma empresa de metalúrgica, porém não somos de Londres.

   Potter se afasta um pouco de mim, o suficiente para eu poder ver seu rosto mais uma vez e perceber traços de curiosidade em seu olhar, ele não iria parar com as perguntas.

   — Interessante. — ele exclama com os cantos dos lábios curvados em um sorriso adorável. — Qual o nome da empresa?

   — Accio Metal.

   Seu queixo cai lentamente e eu sabia que essa seria a sua reação, mas eu não queria guardar segredo, então era mais fácil ele saber o quanto antes, para que assim não fique um clima mais estranho caso ele descobrisse a situação em que me encontro. Não havia uma alma no mundo que não conhecesse a Accio, essa empresa tem contrato com praticamente o mundo todo e a maioria desses acordos envolvem a ilegalidade que fabricamos. Entendo também que as pessoas que estão de fora desse meio, não vão compreender o que acontece por trás da fachada da empresa metalúrgica, mas os que sabem, acreditam que é uma lenda ou uma fofoca contada como um telefone sem fio de geração por geração.

   Pelo menos se fosse mesmo apenas uma historinha de ninar.

— Não é a empresa que passa no jornal? — ele questiona curioso.

— Acredito que sim.

Não sou muito de ver jornal e a última coisa que eu queria ter que ver é sobre a Accio Metal, então depois que eu deixei a empresa, tudo o que é notícia sobre ela e sobre o mundo, eu passei a ignorar. Com certeza todos estavam sabendo sobre a expansão antes de eu saber e com certeza era sobre isso que Potter estava me questionando.

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