For You

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   Pov. Draco

   Dizem que não devemos deixar nossos sentimentos guiarem nosso corpo, porque é como se fosse uma sentença de morte. Sentimentos são ilógicos, guiados muitas vezes sem o princípio de moralidade, imersos por comportamentos contraditórios, sem nenhuma porcentagem de ciência, empatia e eficácia. São praticamente um caminho sem volta para um erro em potencial, à visto disso atitudes conduzidas por sentimentos não são confiáveis, não tem parâmetros, não há um método, não há certeza de que irá dar certo e por isso, não são confiáveis.

   E mesmo assim continuo aqui, guiado somente pelo mais ilógico sentimento.

   — Estava bom?

   Harry questiona, olhando-me atentamente.

   Coloco o garfo sobre a mesa e seco minha boca brevemente com o guardanapo antes de respondê-lo.

   — Eu achei muito bom.

   Seus lábios curvaram-se em um sorriso juvenil.

   — Provavelmente nada comparado ao que você come na sua casa, preparada pelos melhores chefs do país, mas até que é razoável.

   Sorrio e o golpeio com o pé por baixo da mesa, ele solta uma gargalhada e faz uma expressão de dor, enquanto leva a mão para a sua canela ferida.

— Não é muito saudável comer macarrão às quatro da manhã. — digo e me levanto, para levar o prato para a pia.

Ele da de ombros.

— E quem se importa? — Harry responde e se levanta logo em seguida, indo em minha direção com o seu prato. — Não precisa lavar nada, só deixar aí.

— Que isso. — abro a torneira e umedeço a bucha. — É o mínimo que eu possa fazer.

Ele se encosta na pia ao meu lado e cruza os braços sobre o peito, apenas me observando em silêncio, com uma feição adorável. Não demoro muito para limpar toda a louça, alguns minutos são o suficiente para realizar toda a limpeza e seco minhas mãos em um pano de prato que Harry estende em minha direção. Parecíamos em meio aos pratos, panos e água, uma família, complexa, contudo uma família, era como se morássemos juntos, vivendo experiências que pessoas comuns viveriam e olhando-o naquele momento, eu estava gostando de estar vivendo essas circunstâncias.

— Sua camisa.

Harry exclama e aponta para a barra da minha blusa, estava encharcada. Não havia percebido o meu descuido, entretanto havia acontecido. Harry pega o pano de prato das minhas mãos e se aproxima de mim, secando minuciosamente da forma que conseguia aquela parte molhada da minha camiseta. Não tive nenhuma reação contra, somente o deixei fazer o que queria fazer, mesmo eu sabendo que seria inútil essa sua atitude, estava muito molhada, era impossível secar-la com aquele pano úmido. Contudo só consigo ver Harry se esforçando para me ajudar e não consigo impedir-lo, ele estava com uma expressão desesperada, parecia nervoso com à situação e eu não queria fazer com que ele se sentisse pior.

— Vou lhe dar outra blusa por enquanto, essa está muito molhada. — ele exclama com a voz carregada em desespero. — E na hora de você ir embora você a põe de novo, até lá já estará seca.

— Tudo bem.

— Tire a camisa.

Tire a camisa. Eu não esperava por esse ordem e percebo pelo tom de rubor que mancha suas bochechas, que nem ele esperava dizer aquelas palavras. Seus olhos esverdeados se erguem aos meus e consigo sentir o seu sentimento, era disso que eu sempre me esgueirei pelas frestas tentando escapar, contudo hoje não me importo.

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