Capítulo 15 - Simão

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Acordei morto de fome. Sentindo um cheiro intenso de comida. Estava tão esfomeado que já estava delirando, imaginando o aroma delicioso do café da manhã. Só quando inspirei mais forte e o cheiro permaneceu, persistente, é que me lembrei das palavras da diabinha, ontem à noite. Sorri divertido. Pelo cheirinho bom que pairava no ar, estava na cara que Inês acordou a pobre da Celeste para me preparar um lanche da meia-noite.

Olhei para baixo, para o rosto dela.

Ainda era cedo. A diabinha dormia grudada em mim. Observei-a sob o lusco-fusco do amanhecer. Encantando-me com a perfeição de seus traços. A sua expressão adorável de gatinha prazenteira, com aquele sorrisinho de moleca feliz e traquina.

Nem a dormir, ela perdia aquela expressão de guria safadinha. Era como se, durante o sono, a sua mente estivesse permanentemente cogitando as diabruras que iria aprontar no dia seguinte.

Sendo o homem que sou, um cara duro e frio, totalmente focado nas coisas sérias da vida, eu continuava me surpreendendo como era tão louco e apaixonado por essa criaturinha. O poder e o fascínio que ela tinha sobre mim era uma coisa absolutamente inexplicável.

A única coisa que eu sabia é que ela me fazia feliz. Era apaixonada por mim também. Verdadeiramente apaixonada. E eu me comportei feito um troglodita cretino nos últimos tempos.

Com ela e com todo mundo, em especial com as pessoas que me eram mais queridas. Descarregando egoistamente o meu estresse e frustração, como eu sempre fazia quando sentia o controle fugindo de minhas mãos. Raivoso por me saber impotente, incapaz de alterar o curso das coisas.

Com raiva das mulheres, também. Especialmente das mulheres mais jovens, incluindo Inês. Raiva e insegurança. A facilidade com que elas eram influenciadas pela opinião dos outros, se deixando enganar por mentiras e esquemas assustava-me. A forma radical e dramática como resolviam os problemas, fugindo deles, enfurecia-me. As suas decisões drásticas, agindo impulsivas e emotivas, sem pensarem duas vezes, impactando a própria vida e a vida dos outros, me enfurecia ainda mais. Sobretudo depois do que aconteceu com meu irmão.

Inês não era diferente. Decidiu terminar nosso casamento à conta de mentiras sórdidas. Nunca conversou sobre o assunto. Decidiu só. A sorte foi eu ser um calhorda e a chantagear. Se tivesse respeitado sua decisão como um homem normal, nunca saberíamos a verdade. Nosso casamento, nossa família se teriam perdido para sempre. Isso me dava insegurança. Agudizava meu mau humor.

Não me orgulhava do meu comportamento. Nunca me orgulhei. Porém, acabava repetindo o mesmo, agindo como um filho da puta intratável. Desta vez ainda fui pior. Em vez de extravasar e explodir meu mau humor de uma única vez, deixei-o arrastar-se no tempo, contido e recalcado, ainda mais tóxico.

Nem sei como Inês me aturou este tempo todo, sem me mandar à merda, sem nunca perder a paciência comigo. Ainda ontem, em vez de aproveitar para fazer todas as recriminações a que tinha direito, ela simplesmente se mostrou feliz quando eu lhe pedi desculpa.

Nesse momento Inês acordou, piscando lentamente os olhos, até que os conseguiu manter abertos. Duas belas e reluzentes safiras me fitando languidamente. Seu rosto se abriu num sorriso lindo quando percebeu que eu também estava acordado.

A visão daquele sorriso lindo foi o melhor "bom-dia" que eu podia receber. Puxei-a para cima de mim e busquei a sua boca, beijando-a com saudade. Sendo beijado com saudade também.

Inês acomodou-se ondulante em cima de mim, fazendo escorregar o edredom. Despontando entre suas nádegas, meu pau também nos estava cumprimentando, imponente em sua gloriosa ereção matinal. Inês roçou-se nele, como que me convidando a não desperdiçar a oportunidade. Senti-a toda molhadinha.

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