Capítulo 6 - Simão

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Tudo aconteceu muito rápido, depois que saí com Alex.

Mal chegámos no escritório, peguei na pasta com o relatório que o primo de Alex me deixara e que eu enfiei numa gaveta, acabando ali esquecida. Eram várias fichas. Uma por colega, contendo os seus dados pessoais, fotografias, o currículo e um resumo do seu percurso de vida.

Alex não hesitou em identificar o rapaz. Gil Barreto. Havia também fotografias do carro. Enviei de imediato as fotos a David. Meus irmãos e Pedro nem terminaram de jantar. Correram no salão da Marlene e a putinha também identificou o cara sem qualquer hesitação.

Eles também notaram o Chevrolet Onix os seguindo até ao salão. Decidiram ficar por lá um par de horas para enganar o sujeito e se divertirem um pouco. Especialmente David que tentava esquecer a outra garotinha.

Entretanto, o primo de Alex chegou, revelando informações bem importantes. O detetive reconhecera a morada de Rita e do irmão. Era a mesma de um dos colegas de Inês. Isto é, era o mesmo prédio. Eles e esse Gil eram vizinhos.

A ligação entre os três estava estabelecida. Agora eu tinha certeza que o acompanhante de Yolanda na gala foi o gigolozinho que a mãe de Inês sustentava. Ele que tirou as fotos.

Surpreendentemente, o detetive revelou algo de muito diferente. O michê foi o acompanhante de Yolanda nessa festa mas quem tirou as fotos foi um dos profissionais que fizeram a cobertura fotográfica da gala. O irmão desse Gil era fotógrafo freelancer de eventos.

O gigolozinho não passava disso mesmo. Um gigolô. O detetive até duvidava que ele estivesse envolvido no esquema. Suspeitava sim da irmã, a Rita. Ser ela a vazar a informação da minha agenda.

Eu já não tinha quaisquer dúvidas. Impaciente, nem quis esperar pela manhã seguinte para averiguar. Chamei o responsável do setor de informática para aceder no computador dela. Eu queria descobrir alguma prova incriminatória para confrontar Rita na manhã seguinte. Um e-mail, uma conversa de chat, algo que fosse.

Rapidamente ele descobriu que o laptop dela tinha um programa espião instalado. Alguém tinha acesso a tudo no computador dela, incluindo a minha agenda do Outlook. A minha e as de David e César. Os três partilhávamos as agendas com Rita.

Explodi enfurecido.

- Como essa merda foi acontecer, caralho?

- Alguém acedeu no computador dela.

- Isso eu já entendi, porra! - vociferei furibundo - Não entendo é como nosso sistema de TI não deteta um ataque de hacker.

Ficou nervoso com a minha explosão de fúria. Eu estava para lá de possesso. A situação era muito mais gravosa e perigosa do que eu alguma vez imaginei. Colocava em questão todo o nosso sistema de proteção de dados. Além do assédio que o cabrão fazia a Inês, nós também estávamos sendo vítimas de espionagem empresarial.

O homem já transpirava, com as têmporas luzidias de gotículas de suor, sentindo-se subitamente no olho da tempestade da minha ira.

- Nossos processos de segurança e gestão de TI são do nível mais elevado. - declarou, sem me encarar.

Os dedos teclando numa velocidade frenética. Os olhos varrendo atentos a tela do computador, tentando explicar que não tinha sido uma brecha nos nossos sistemas de proteção.

- Nossos sistemas interceptam e bloqueiam os acessos maliciosos à nossa intranet. Impedem os nossos usuários de acessar a sites inseguros. - asseverou - O malware não foi plantado através de links de sites, redes sociais ou de e-mail.

Parou de teclar e ergueu o olhar para mim.

- Foi instalado diretamente no computador. Ela deixou alguém mexer no laptop ou ... ela própria instalou. - concluiu - Vou remover agora mes..

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