Observei David. Estava preocupado com meu irmão. Ultimamente ele andava mais tenso e nervoso. De semblante sempre carregado e azedo. Inconformado e amargo. Parecendo odiar o mundo.
Sabia a razão. Diana continuava desaparecida. Todas as buscas e investigações seguindo infrutíferas. O tempo passando e nada. David não desabafava mas eu sentia que ele andava desesperado. Em breve a criança nasceria. Seria pai. E nem saberia se era menino ou menina. Isso, se a garota não tirou o bebê. Havia essa possibilidade também. Viver nessa ignorância estava empurrando meu irmão na beira de um precipício.
A mim me enfurecia ver o sofrimento de meu irmão e me sentir impotente para ajudar.
Estendi-lhe o copo de café e tirei outro para mim. Virou costume nos encontrarmos ainda de madrugada no escritório e bebermos o primeiro café expresso juntos. O escritório ainda deserto. Apenas as faxineiras cirandando aqui e ali, efetuando a limpeza antes da hora de expediente.
Normalmente falávamos de trabalho. Aproveitando para decidir juntos alguns assuntos, acertar ideias sobre outros.
- Já viu o vídeo da maquete do resort subaquático?
O e-mail tinha chegado ontem de noite. O projeto de engenharia e tecnologia subaquática desenvolvido por uma empresa europeia.
David assentiu.
- Que achou? - perguntei.
Deu um gole no café, antes de responder.
- O projeto é megalómano ... com impacto ambiental. Não vamos conseguir obter licença para construir.
Era a minha opinião. Na zona onde pretendíamos obter a licença, não tinha área livre de recifes suficiente para construir um resort nas dimensões que o consórcio árabe ambicionava.
A ideia era construir sem impactar o ambiente e a vida marinha. Depois, implantar recifes de coral artificiais em entorno do resort e deixar a mãe natureza fazer o resto.
- Os custos também são astronómicos, mesmo em parceria com os árabes. - fez uma pausa, refletindo prudente - Ainda afundamos a Paradisum.
- É ... mas podemos pegar no projeto atual e estudar alterações que sejam comportáveis a nível financeiro e ambiental. Quer ver isso agora? Ou vai estar muito ocupado?
- Tudo bem. Vamos lá.
Os dois estávamos entretidos, parecendo dois garotos brincando e sonhando com a ideia do resort, quando Paula ligou.
- Sua mãe está aqui. - anunciou.
Nem tive tempo de dizer para mandar entrar. A porta abriu e dona Maria Luiza entrou, sorridente e elegante.
- Oi, meus amores!
Se inclinou sobre David e beijou-o carinhosa na testa, como se ele ainda fosse um menino. Fez o mesmo comigo.
- Temos alguma reunião agendada? - perguntei sério.
Por vezes nos reuníamos para tratar de assuntos relacionados com as Fundações. Mas não tinha nada marcado na agenda.
- Não ... - sorriu-me doce - É uma visita de mãe, mesmo.
- Hum ... - franzi ligeiramente a testa.
- Precisamos ter uma conversa de mãe pra filho.
Mau! Fechei a cara.
- Estamos trabalhando, dona Maria Luiza. - avisei.
- Prometo que não vou tomar muito do seu precioso tempo.
Assegurou com um sorriso encantador mas instalou-se no outro cadeirão, ao lado de David. Meu palpite foi que a conversa seria longa e que eu não gostaria do assunto.
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Quer pagar pra ver? Volume II
ChickLitPara Inês, descobrir que Simão sempre a amou é um sonho tornado realidade. Para Simão, descobrir quem anda assediando Inês com as mensagens anônimas torna-se a grande prioridade. A verdade é desvendada e eles finalmente podem viver em paz. Mas nem t...