Capítulo 20 - Simão

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Ainda bem que a diabinha teve ideia diferente da minha. O jantar acabou sendo uma experiência do outro mundo. Nos levaram para o meio das dunas, no meio de nenhures. A mesa elegantemente posta sobre a areia terracota. Em nosso redor, dezenas de lanternas nos iluminando e o deserto por companhia. Os dois empregados servindo o jantar, faziam-no tão discretamente que parecia mesmo que eu e Inês estávamos sozinhos naquela paisagem.

Inês estava maravilhada com a paisagem envolvente, com todo o ambiente romântico. Eu me maravilhei com o seu ar deliciado e feliz. Me maravilhei ainda mais com o espetáculo fabuloso do pôr do sol. As incríveis tonalidades do crepúsculo espalhadas pelo céu e dunas. Mas a verdadeira magia aconteceu quando a noite escureceu e o céu estrelado apareceu.

Puta merda! Era o céu mais estrelado e lindo que vi na minha vida. Algo de transcendente. Sublime. Íntimo também. O universo parecia nos envolver naquele firmamento infinito de estrelas.

Sorri, completamente deslumbrado.

- Olha que coisa mais linda ... - Inês sussurrou.

- É ... parece um planetário a céu aberto.

- Parece um sonho ... - falou encantada - Pura magia.

Verdade. Jantar nas dunas à luz das velas, sob aquele incrível céu estrelado, de pés descalços na areia e escutando o silêncio da noite, era absurdamente mágico.

Despertou meu lado mais sensível e romântico. Um lado que eu nem sabia que tinha. Uma alegria maior e inexplicável por partilhar aquele momento tão especial com a mulher da minha vida.

- Romântico, né?

- Romântico? - seus olhos brilharam extasiados - Nem em meus sonhos eu imaginei uma noite assim tão romântica!

Meu sorriso abriu-se ainda mais.

- Até você ... você ainda não parou de sorrir.

Puta merda! Como não sorrir diante de tanta beleza?

Não era só a beleza da noite estrelada. Inês estava linda de morrer. Mirei-a contemplativo. Enamorado. Os cabelos loiros e a longa túnica branca que vestia pareciam iluminar a noite. Seu olhar, tão brilhante quanto as estrelas, imprimia maior encanto à noite.

Sorrindo-me apaixonada, esticou o braço para que eu pegasse em sua mão.

- Me belisca ...

- Beliscar?

- Quero ter certeza que não é um sonho. Que os dois estamos aqui, juntinhos de verdade, vivendo este momento tão ... mágico.

Levei sua mão aos lábios. Trinquei de levezinho e depois beijei, um beijo prolongado, sem desgrudar meus olhos dos dela.

- Está feliz? - perguntei, mantendo a mão junto dos lábios.

- Feliz? - ofereceu-me o sorriso mais lindo deste mundo - Estou tão feliz que ... até dá medo.

- Medo?

- Medo, sim ... - seu sorriso esmoreceu - Medo que esta felicidade acabe ...

- Não vai acabar nunca.

- Nunca?

- Nunca! - garanti, muito sério.

- Quero acreditar em você ...

- Acredite ...

Apertei seus dedos entre os meus. Apertei forte. Querendo que ela sentisse a minha segurança, a minha certeza, a minha querença. Por dentro, receoso dos seus medos, da sua insegurança. Também era medo de não ser capaz de a fazer sentir amada.

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