Segredo e Liberdade

Capítulo 45 - Duda

Recebo a visita de Pietra me convidando para sair às compras, não quero ir, mas ela insiste tanto que acabo cedendo.

Ela está a fim de um tour por lojas e salão e eu na verdade só queria ficar sozinha, entramos num salão de beleza e mesmo contra minha vontade saio de lá escovada.

_ Faço questão de pagar tudo com o meu dinheiro.

_ Eu não entendo você, meu irmão deu o seu cartão para a gente gastar.

_ Não quero ser acusada de nada e aliás, eu só queria minha vida de volta.

Ela ri. _ Você está sendo uma boba, vamos andando quero gastar bastante hoje.

Entramos em várias lojas de crianças e ela faz questão de mimar os sobrinhos comprando muitos presentes, por fim decide parar numa loja de roupas íntimas.

Sento esperando ela comprar quase a loja toda e me divirto com as funcionárias, de repente vejo Samira entrando na loja, pego qualquer coisa e entro no provador.

Não ficarei ali com aquela mulher e para o meu total desespero ela sorrateiramente invade meu provador, fico irritadíssima.

_ Preciso falar com você?

_ Não tenho nada pra falar com você, saia daqui?

_ Me escute, não tenho muito tempo, pare de ser boba, somos mulheres fortes e estamos do mesmo lado nessa guerra, seu homem não quer nada comigo, realmente transamos uma vez, mas não passou disso e te garanto que usou meu corpo pensando em você, todas as vezes que fui na sua casa ele estava me usando para fazer ciúmes, eu ficava no escritório assistindo séries enquanto ele finge trabalhar de olho em sua movimentação na casa pelas câmeras ou a babá eletrônica. Acorda, vai lá e agarra seu homem! Alias, vai não, faça ele correr feito cachorrinho atrás, nada de dormir de camisola de mãe com calcinhas enormes e beges, ouse, traga esse homem, faça admitir que ainda te ama e que te quer, não precisamos ser amigas ou inimigas, precisamos nos respeitar e saiba; respeito muito você e a sua história.

Saiu do provador tão rápido quanto entrou, ainda fiquei um tempo lá, precisava digerir tudo o que ela me falou. Quando enfim saio do provador Samira está animadamente conversando com Pietra e finge surpresa ao me ver,  fui embora de lá com aquela conversa maluca reverberando na minha mente.

Chego em casa e Paulo não está, disfarço e vou até o escritório dele olhar a babá eletrônica, lá descubro que a casa tem um circuito interno de câmeras e que uma tela fica estrategicamente na mesa dele dando plena visão dos acontecimentos "aquela infeliz pode ter razão, afff ela acaba de subir no meu conceito" saio da sala traçando uma estratégia na cabeça, ligo para vovó.

Alô Duda, como você está?

Oi vovó tudo bem a sua benção

Deus que te abençoe filha, aconteceu alguma coisa? Você não costuma ligar a essas horas?

Só estou com saudades e quero saber quando vocês vem me visitar?

Haraaaa menina o que está acontecendo aí? Me conta? Sem rodeios.

É impossível esconder algo da senhora, né? Eu e Paulo estamos distantes, sabe conversamos somente o necessário e acho que com vocês aqui ele vai querer fingir que está tudo bem, e vai que? A senhora sabe ,né?

Vou organizar tudo por aqui, chegamos aí em uma semana, mas se comporte, não vai me perder esse homem viu mocinha.

Obrigada vovó.

Agora eu já tinha meio caminho andado, durante essa semana usaria todo o meu poder de sedução da forma mais discreta e objetiva possível e quando todo mundo estiver aqui darei meu tiro de misericórdia.

A noite quando ele chegou para jantar, me mantive distante, invisível, como sempre ele auxiliou na alimentação dos pequenos, na escovação dos dentes e na troca dos pijamas, nosso distanciamento era nítido, palpável, assim que as crianças dormiram ele saiu do quarto.

Coloquei um macacão de ginástica colado no corpo e fui para a área externa da cozinha praticar um pouquinho de Yoga, escolhi este local pois achei ali um ponto cego nas câmeras.

Como eu previa, quando não conseguiu me localizar na câmera logo arranjou uma maneira de vir até a varanda, fingi estar super concentrada a ponto de não perceber sua presença, terminei a meditação, peguei meu tapete e estava saindo quando ele falou.

_ Pelo visto você continua em forma? _ Continuei em silêncio, ele insistiu.. _ Por que você estava procurando emprego? Está te faltando algo? Você pode me pedir o que quiser.

_ Meu dinheiro está acabando, preciso trabalhar.

_ Não precisa não,  deixei um cartão ilimitado para você ir às compras hoje, porque não usou?

_ Porque costumo pagar minhas calcinhas. _  Virei e ia continuar andando quando senti sua mão em meu braço me segurando.

_ Calcinhas?

_ Sim, preciso usá-las!

_ Por que  dificulta as coisas entre agente? Custa me responder direito.

_ Custa sim, como custou pra você me humilhar em minha entrevista de emprego, não nasci em berço de ouro e preciso dar conta de me sustentar e aos meus filhos. _ Falei de uma forma arrogante, meio petulante, ele me olhou intrigado incapaz de compreender minha reclamação.

_ Não vejo essa necessidade, você tem tudo o que precisa aqui, mas já que faz questão de trabalhar, poderia cuidar das nossas boates, desde que mamãe sofreu o acidente venho me empenhando, porém não estou conseguindo me organizar, por falar nela, hoje quando fui visitá-la com Lourdes reagiu pela primeira vez e foi quando ela falou da nossa dupla dinâmica, queria levá-los no hospital, você me acompanharia?

_ Acho que sua mãe não ficaria muito feliz com isso?

Entrei e fui direto tomar um bom banho para dormir, desta vez coloquei um shorts Doll curto, nesta noite não fui dormir com os pequenos, me recolhi no meu quarto e adormeci logo, no meio da madrugada desperto com o barulho na porta, vejo de relance Paulo entrando e sentando ao lado da minha cama.

Depois de algum tempo Paolo começa a choramingar me levanto de pronto fingindo estar sonolenta e finjo me assustar com ele no quarto.

_ Jesussssss, que susto, o que faz aqui?

_ Paolo está choramingando, vou pegá-lo, vou trazer ele para cá, pode ser?

_ Claro, essa cama é imensa. _ Falo com uma voz mansa, sonolenta, ele sai e volta com Paolo no colo, deita do meu lado na cama aninhando ele, me encolho, Paulo se faz presente, sinto seu cheiro, começo a remexer na cama

_ Estou te atrapalhando?

_ Não imagina, mas se você quiser posso tomar conta disso.

_ Descanse, gosto de fazer isso. _ Me viro e finjo pegar no sono, o coração está a mil por horas, batendo descompassado no peito, sinto que ele se aproxima de mim, disfarçadamente me toca, sente o meu cheiro como é bom ter ele aqui. Paolo logo adormece.

Sinto seu corpo saindo da cama devagar, fico imaginando que minha alegria acabou, sinto um vazio enorme, mas para minha surpresa retorna e deita, passa mil coisas pela minha cabeça é um mix de tristeza por não poder toca- ló e alegria por ele estar aqui, ai meu Deus quando foi que me tornei essa sentimental? Por fim me acalmo e adormeço feliz por ter o calor do corpo dele junto ao meu.

Espero que gostem, votem, comentem.

Volto na quarta-feira com mais um capítulo.

Bjosss açucarados.