Capítulo 42 - Duda

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_ Você não vai trabalhar hoje?

_ Não, ficarei aqui com meus filhos. Algum problema?

Finjo que não entendi sua provocação, olho para ele com cara de desdenho, depois de arrumados coloco eles no chão para brincar e nessa hora deixo as babás assumirem a tarefa, estamos na sala porque as várias equipes já chegaram para modificar a casa de Paulo e já estão trabalhando.

Depois de um tempo ele se aproxima e solicita que eu o acompanhe até o escritório, chegando lá além da malcriação habitual, quis saber sobre Paolo, contei tudo da suspeita de Transtorno Espectro Autismo e altas habilidades, da ausência da fala, de ainda usar fraldas e das crises de desordem emocional, ele me escutou atento ao término perguntou?

_  E o que você fez a respeito? _ Expliquei tudo o que eu tinha feito e que minha vinda para São Paulo era exatamente por conta disso.

_ O que está me perturbando é a síndrome de Savant.

_ O que exatamente é Síndrome de Savant?

_ Não sei explicar corretamente.

_ Tente.

_ Paolo já sabe ler, e faz contas de cabeça, é surpreendente, precisa de uma escola especializada.

_ Vou providenciar isso. Juro, estou tentando, mas não compreendo a sua intenção de esconder meus filhos.

_ Outra vez essa mesma ladainha.

_ Senhora Eduarda, alguma vez pensou nos meus sentimentos? Ou a falta de uma figura paterna ao lado das crianças?

_ Vai se danar

_ Vai se danar? Pensou em meus sentimentos? Ficou passando necessidade, apoio emocional e financeiro porque quis, tem certeza que eu devo me danar? Você é uma egoísta.

_ Você é um imbecil, cretino de uma figa.

_ Olha as dificuldades que vêm enfrentando sozinha, nem precisa tentar argumentar, seu olho roxo já diz tudo, vou pedir aos meus advogados para entrar com uma ação contra o imbecil que te agrediu e do porque a escola deixou chegar nesse ponto.

_ Estou fazendo o meu melhor.

_ Você tem noção que eles são herdeiros de um império? Que seu egoísmo, sua burrice passou dos limites.

_ Vai tomar no cú, eu sou egoísta? Eu engordei, eu inchei, eu passei por uma cesárea, levei pontos na minha barriga, amamentei, acordei de madrugada, levo aos médicos, terapeutas.

Ele grita comigo e fico assustada. _ PASSOU SOZINHA PORQUE QUIS.

_ Você não tem o direito de gritar comigo.

_ A minha vontade é de gritar mais ainda, EGOÍSTA.

Neste momento meu celular toca, quando olho vejo que é da casa de vovó o que vou dizer pra ela? Olho e não tenho coragem de atender, guardo no bolso.

_ Quem era?

_ Ninguém.

_ Eu perguntei quem era? _ Ele se levanta e vem em minha direção.

_ Eu falei que não era ninguém, já chega disso tudo, cresci vendo meu pai ameaçar e bater em minha mãe desse jeito e jurei que nunca iria viver isso, pra mim basta._ Me viro para sair ele me puxa pela mão, imprensa meu corpo na parede com o seu e me lança um olhar furioso. _ Se a sua intenção é me bater faça, mas saiba que terá que me matar porque enquanto eu viver vou querer acabar você. _ Meus olhos estão cheios de lágrimas, mas não vou chorar, sustento o olhar.

_Eu não sou esse monstro que você criou aí na sua cabeça,  não conhece minha índole meus princípios, por que se julga melhor?

_ Por quê? Fui eu que enfrentei o mundo para ter meus filhos, porque eu abdiquei de muita coisa pra criar eles e você fez o quê? Brincou comigo, me fez me sentir especial e depois quando já estava cansado do brinquedo, mandou a mamãezinha atrás de mim me julgar e condenar, ficou ai transando com uma fixa, isso porque era uma proposta que  tinha feito pra mim! Como a mamãe me enxotou antes, foi lá rápido e pegou outra carne no açougue. _ Fui aumentando o tom da voz _ Você sabe quanto tempo eu não transo? Quanto tempo não dou um beijo na boca? Não né? Então você não perdeu nada meu caro.

_ Eu não tenho culpa de você ter arrumado aquele cara frouxo e outros tantos por ai.

_ Acha que continuei como você, tenho duas crianças para sustentar.

_ Trabalha feito uma louca e tem um frouxo que nem consegue te fazer gozar.

_ Ele nunca encostou em mim, sempre esteve do meu lado me ajudando, principalmente com as crianças.

_ Vai tentar me convencer que ele nunca tentou nada com você?

_ Ele é gay caralho, você é burro ou se faz de burro.

_ Gay?????  Não me importo.

_ Lógico que você não se importa, quem está se ferrando a quase quatro anos sou eu, não você. _ Ele me aperta mais contra a parede e passa a mão no machucado do meu rosto, me contraio pela dor, ele me solta, mas antes pega o meu celular.

_ Hummmm vovó, essa velhinha tentou me avisar das coisas. _ Ele aperta o rediscar e fica me olhando, tento pegar o telefone de sua mão a todo custo, ela atende.

_ Ola Dona Clara,  tudo bem com a senhora?

_ Sim, o que aconteceu com a minha neta e sua dupla dinâmica? Quem está falando ai?

_ Paulo dona Clara, lembra? O pai da dupla.

_ Pare de brincadeira meu filho não gosto desse tipo de brincadeira comigo, é você né Bruno seu batitola duma figa, vou arrancar seu saco.

_ Não, não, sou eu Paulo mesmo, quero avisar a senhora que sua neta e meus filhos agora moram na minha casa e quero convidá-la para passar uns dias aqui.

_ Até que enfim você tomou jeito de homem né menino, ufa achei que ia morrer sem te ver  tomar uma atitude, cadê minha neta, quero falar com ela.

_ Só um minutinho vou passar pra ela. _ O filho da puta me entrega o celular.

_ Oi vovó, tudo bem com a senhora? E a mamãe como está?

_ Menina não me enrole que novidade é essa?

_ Vovó não da para explicar assim pelo telefone, mas estamos bem. quando a senhora puder vir nós avise, ok.

_claro minha filha.

Desligo o telefone e vou tirar satisfações com ele. _ Você está maluco? Como vamos ter elas aqui? Como vamos explicar que dormimos separados, que você me odeia, você não poderia ter feito isso? Quero só ver a encrenca que  vai arranjar com a sua fixa palhaço, estou te avisando se ela vier pra cima de mim dou um cacete nela?


Espero que gostem, votem, comentem.

Volto na quarta-feira com mais um capítulo.

Bjosss açucarados.

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