Segredo e Liberdade

Capítulo 22 - Duda

No caminho do apartamento resolvi ligar para minha médica, que me contou que naquele dia estava de plantão na maternidade de um hospital público aqui na capital devido a um curso de especialização que estava finalizando, era Deus me guiando.

Tamanha era minha aflição que ela pediu para mim ir para lá, cheguei abri minha ficha aguardei na recepção e percebi muitas mulheres como eu visivelmente atordoadas por uma possível gravidez e outras ao lado de seus maridos ou namorados plenamente felizes escutei meu nome.

_ Eduarda Gomes Frontecem, me levantei e uma enfermeira me acomodou numa sala, ela tirou sangue pediu para que fizesse xixi num potinho e me deitou numa maca próxima ao aparelho de ultrassom, eu estava gelada com muito medo, sozinha e com um puta problemão nas mãos, passado um tempo minha médica Dra Glaucia entrou.

_ Oi Duda

_ Dra desculpa por tudo isso, mas estou aflita.

_ Duda relaxa, somos amigas a um tempão e durante a escola enxugamos muito as lágrimas uma da outra ou você já se esqueceu disso. Agora vou cuidar de você. _ Ela passou o gel gelado em minha barriga e começou a realizar algumas medições, minha aflição só aumentava quando parecia ter acabado comecei a escutar um ruído alto e descompassado, riu pra mim e com toda a calma do mundo falou; _ Amiga são dois, vc está grávida de gêmeos ainda é muito cedo mas escuto dois corações batendo aqui.

Acho que morri fui ao céu e voltei, fui tomada por um mix de sentimentos inexplicáveis, peguei o telefone, mas não tinha para quem ligar, desisti e me entreguei, lágrimas rolavam, agradeci e fui embora, não vi e não peguei os resultados dos outros exames, sai pelas ruas andando a esmo, sem rumo, cheguei no apartamento sei lá como, me joguei na cama e chorei até dormir.

Na manhã seguinte ao acordar meu celular estava louco, tinha muitas mensagens de Ana, algumas de Gláucia com fotos dos resultados dos exames e recomendações médicas, duas ligações de Paulo e umas mensagem de Pietra, mas eu não tinha cabeça para nada disso.

Sai da cama me arrastando, o rosto todo amassado e olhos vermelhos de tanto chorar e fui para sala me jogar no sofá, só não podia contar que a desgraça toda estava só começando.

Chegando na sala ainda catando meus cacos me deparei com a Mãe do Paulo sentada esperando por mim, tentei fugir, mas Nanda ao me ver comentou em voz alta

_Duda essa senhora está te esperando a horas, falei que você estava dormindo e ela decidiu esperar. _ Tentei me arrumar ou melhorar minha cara como se isso fosse possível.

_ Olá bom dia, me desculpe não estava esperando ninguém hoje pela manhã, não dormi direito a noite toda. _ Nanda pediu licença e saiu me deixando sozinha com a mãe de Paulo.

_ Menina vou direto ao ponto, conheci na minha vida muitas como você, com o sonho de se casar com um homem rico e ser felizes para sempre, como o caso atual da sua amiguinha Ana, mas isso acontece para poucas, então vim aqui hoje para te situar das coisas, meu filho não é um homem qualquer, alias ele é um homem bem difícil que tem se recusado veementemente a romances nos últimos anos, Você já deve ter conhecimento que somos donos de algumas casas noturnas nada normais, aliás neste último mês você frequentou duas delas com ele e sem preconceitos, mas Paulo precisa de uma mulher que saiba dirigir o negócio e não usufruir da esbórnia, que credibilidade passa uma mulher que antes de casar se diverte em casas de swing, conheço sua fama e se você acha que achou um trouxa pra te bancar, isso não vai acontecer entendeu. vim para cá para colocar um basta nessa situação, antes que você arrume barriga e queira lapidar nossa fortuna.

Estou perplexa, respiro fundo e respondo: _ Espero que a senhora já tenha falado tudo o que veio aqui dizer, quer falar mais alguma coisa? _ Usei toda a minha força interior para falar com ela em voz baixa e calma.

_ Não, meu recado já está dado.

_ Irei acompanha-la até a porta me siga por favor. _ A mulher veio atrás de mim reclamando e falando um monte de bobagens, eu simplesmente ignorei a fala dela, deletei. Abri a porta e me coloquei a espera para ela passar. Confesso que aquela senhora ficou sem reação a minha passividade extrema, ficou me olhando como se não entendesse minha reação, passou por mim me olhando fixamente nos olhos, parecia enxergar minha alma dilacerada.

Ela apertou o botão do elevador e quando ouvi o barulho dele chegando falei afinal.

_ Acho que a senhora daria uma excelente avó. No futuro com toda certeza a senhora se lembrará desse dia de hoje.

Fechei a porta e cai ali mesmo em prantos, algum tempo depois já estava de malas prontas rumo a Bahia, iria fugir de tudo e de todos, liguei para minha família e contei que recebi uma proposta de emprego no exterior e que ficaria alguns dias incomunicável, retirei meu chip antigo de celular guardei na carteira comprei um chip novo, mandei uma mensagem para Ana contando minha decisão e pedindo para ela não contar meu paradeiro pra ninguém, ela me fez jurar que eu não interromperia a gestação, entrei no ônibus e parti rumo ao desconhecido.

Espero que gostem, votem, comentem.

Volto na quarta-feira com mais um capítulo.

Bjossss açucarados.