Segredo e Liberdade

Capítulo 56 - Paulo

Estou calmo, mas não tão tranquilo, Duda ainda não aceitou se casar comigo, a diaba está sendo esquiva toda vez que a coloco na parede. Hoje a avó e a mãe de Duda estão retornando para o interior e antes da vozinha ir embora me puxou para um canto, apontou um dedo em meu rosto e foi firme. _ Dei um prazo para Duda se casar com você, não me decepcione e ajeite a bagunça que você está fazendo novamente.

_ Prometo, estou fazendo o meu melhor.

_ Não, não está fazendo o seu melhor, não quero que meus outros netos nasçam de pais separados.

_ Juro que estou fazendo o meu melhor, teremos mais filhos, mas não vai ser agora.

Ela levanta as duas mãos para o alto, me encara com cara de brava, vira e sai andando, quando está um pouco longe de mim, vira e fala. _ Pare de ser lerdo.

_ O que estou fazendo de errado?

A vozinha que não desviou o olhar, me diz. _ Só seja esperto .... _ Para de falar e faz sinal com as mãos e braços na frente da sua barriga dando a entender gravidez. _ Acorde homem! Volto para o casamento e seja rápido antes que a barriga de Duda comece a aparecer, do jeito que vocês são não duvido nada que sejam gêmeos outra vez.

O que essa senhorinha de língua afiada está tentando me dizer, acho que realmente sou lerdo, Duda não está grávida, seu corpo está normal, penso, será?

Deixo meus pensamentos embaralhados para um canto, despedimos de nossas visitas, dou um beijo na Duda e nas crianças e vou para a empresa.

No caminho para o serviço penso em minha mãe, nos dias que se seguiram após o inicio das visita da dupla dinâmica, ela lutou bravamente contra o coma, o médico nos deixou ciente que agora seria uma questão de tempo, as idas das crianças foram significativas, de uma maneira que não compreendo.

Quando as crianças estão pertinho dela os batimentos cardíacos aceleram, os olhos tremulam , mexe as mãos, mas não acorda.

Estou em minha sala de reunião quando Lourdes me liga. _ Paulo, a Anthonella finalmente acordou.

Assim que recebo a notícia, saio rápido e chego ao hospital, estava eufórico, tinha muitas perguntas e precisava de respostas, o médico nos alertou para ir com calma que não seria apropriado agita-la agora, mas se tratando de Dona Antonella tudo era possível.

Lourdes foi a primeira a entrar. _ Ola, acordou bela adormecida?

_Ahhhh você e esse seu bom humor ! O que aconteceu, porque estou aqui tive um sonho com os meus pequenos.

_ Senhora muita coisa aconteceu enquanto estava em coma.

Nesta hora entro no quarto e completo a frase _ E preciso de algumas explicações quanto aos meus filhos.

Ela me olha com curiosidade. _ Então você já sabe? Quando irá pra Bahia buscar o que é seu? Seus filhos e sua mulher. Tá esperando o que menino?

_ Talvez a minha mãe ter a decência de me contar tudo o que perdi até aqui. O que a senhora acha?

_ Que iremos perder muito tempo com essa conversa fiada, que nesse momento  precisa ir lá e buscar Duda e as crianças, haaaa busque Bruno também, quero que ele gerencie uma casa aqui em São Paulo e não esqueça de esmurrar e botar na cadeia um canalha idiota que agrediu Duda por conta de Paolo, de um soco nele por mim, entendeu?

_ O que é isso? Perdeu a classe, voltou do coma justiceira e barraqueira?

_ Não sou justiceira e muito menos barraqueira, tenho classe, sou fina.

_ Tem tanta classe e fineza que não estou te entendendo, começa a explicar as coisas barraqueira.

_ O que quer saber? _ Olha para Lourdes e volta a me olhar. _ Quer que eu repita? Lerdeza!

Estou quase aos gritos. _ Sabia disso a quanto tempo?

_ Desde o dia em que ela foi embora.

_ Sabia onde eu poderia encontrá-la o tempo todo?

_ Claro que sabia, na Bahia, ela trabalha para mim, mas não sabe.

Jogo as mãos no alto para não esmurrar a parede do hospital, estou possesso. _ Quando ia me contar, não pensou em mim, sou seu filho sua louca desvairada, viu de perto o quanto o sumiço dela me afligiu, o quanto perdi, não acompanhei o nascimento dos meus filhos, o desenvolvimento deles, haaaaaa, não preciso ficar falando o que perdi.

_ Cuidei dela e das crianças.

_ Cuidou tanto que ela chegou aqui em São Paulo com o olho roxo, assustada, ficando na casa dos amigos de favor, meus filhos precisando de cuidados específicos.

_ Então eles estão aqui, trago-os para eu ver, espero que tenha tomado providências quanto ao agressor de sua mulher. Vai rápido menino.

Olho para Lourdes. _ Sabe que tenho condições para cuidar deles e mesmo assim deixou ela se desdobrando para tomar conta de tudo sozinha. _ Volto a olhar para a minha mãe. _ Como pode ser tão cruel comigo?  Duda e as crianças?

_ Não preciso dar explicações para você, as coisas já aconteceram, vai ficar aqui com cara de paspalho até quando. Onde eles estão?

Não respondo, estou com muita raiva. Saio do quarto sem falar com o projeto de justiceira que acordou, vou tomar um ar, me sinto traído por minha mãe, depois de algumas voltas, com a cabeça fria retorno para o quarto.

_ Vamos conversar direitinho, quero e preciso de explicações. Agora posso saber o que a madame fez para a minha mulher ir embora sem ao menos olhar para trás.

_ Pode ser que eu tenha falado bem baixinho que ela é uma interesseira e que só queria ficar com você por dinheiro, na verdade eu sussurrei para a Duda.

_ Sou um homem adulto, tomo conta das minhas coisas, do que é meu, faço as minhas escolhas, não tinha o direito de afugentar a minha mulher.

_ Então já se acertaram, foi como pensei, graças a Deus ela nem me ouviu direito.

_ Ela te ouviu tão bem que não aceita se casar comigo, não gasta nem um real do que é meu.

_ Bobagem, diga a ela que quero vê-la.

_ Para quê? Enfiar suas garras novamente em Duda.

_ Também perdi muito com tudo que aconteceu, acompanhei a Duda de perto, vi seu esforço para dar às crianças o melhor, sempre que podia estava em volta deles, é claro que ela não sabe disso, sei que tem medo de perder a guarda dos filhos para nós, por isso nunca veio atrás de você e pelo que sei ela nunca viria, é orgulhosa, batalhadora, mas as coisas se complicaram com Paolo, peço desculpas a Duda, para você meu filho, mas quero e preciso dos meus netos próximos de mim, sinto um amor por eles que nunca conseguiria descrever para ninguém. Só para esclarecer as minhas garras estão podadas.

_ Será dona Anthonella, será que realmente estão podadas?

Minha mãe faz uma cara de coitada, que quem não a conhece pensa que sou eu o carrasco. Fala mais sobre as crianças, o nascimento deles, a aflição que ficou, das datas de aniversário, do batizado que vestiu uma peruca e ficou no canto da igreja observando a movimentação, Pede o celular e vai falando e explicando as coisas, sorri com uma foto dos três juntos.

_ Todo esse tempo a Duda não ficou com ninguém.

_ Duda me contou e mãe, por favor não se intrometa mais na minha vida, nem pense em fazer algo, amo muito essa mulher.

_ Sei que ela também te ama, precisava ver ela tomando conta deles, é uma verdadeira leoa com seus filhotes.

Fico orgulhoso dela por ser tão valente, uma menina que precisa de atenção, cuidados e dando tudo de si para os nossos filhos.

Espero que gostem, votem, comentem.

Volto no sábado com mais um capítulo.

Bjosss açucarados.