Capítulo - 49

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Sempre acreditamos que o nosso sofrimento é maior do que de outra pessoa

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Sempre acreditamos que o nosso sofrimento é maior do que de outra pessoa. Sempre acreditamos que ninguém nos entende, por não ter passado o que passamos e por muitas vezes nos trancamos, nos isolamos e afastamos as pessoas que amamos por nos fazer de vítimas das situações, ou até mesmo por acreditar que dessa forma estamos nos resguardamos de futuras decepções.

No entanto, eu pude confirmar o quanto eles foram fortes em meio ao turbilhão de emoções que passou a serem suas vidas, ao ouvir a história de Raymond e Carla desde que tiveram a filha sequestrada e se não bastasse isso, Raymond ainda teve que enfrentar o luto por perder o pai de forma tão hedionda, assumir suas responsabilidades na Empresa que passou a ser sua, anulando a sua própria dor para que não demonstrasse fraqueza e deixar a sua Esposa se afundar ainda mais no sofrimento e mesmo assim, desistir nunca foi uma possibilidade, pois eles sempre acreditaram que iriam encontrar a filha em algum momento.

Ouvir tudo isso apenas me fez ter a certeza do quanto eu estava sendo egoísta com a minha família, por ter me afastado deles – por uma mulher que não valia a pena, o meu tempo –, por tê-los magoado, os tratado com indiferença e tão friamente. Isso me fez ver também o quanto eu tenho sido um péssimo filho e irmão. Porém devo admitir que eu estivesse tentando não recuperar o que passou, mas tentando não mais errar, apesar de ter certeza que ainda poderei fazer isso, afinal, sou humano e tal qual como, estou longe de ser perfeito.

Estando nessa sala, sentindo a intensidade das palavras do Raymond, presenciar o choro sentido de Carla e Anastásia que aperta a minha mão como se eu fosse a sua âncora, para que dessa forma ela não se perdesse em seus pensamentos e angustias por ouvir a sua história faz com que eu perceba que Richard estivesse mesmo certo, sendo que eu precisei passar por tudo que passei para me fortalecer, pois dessa forma eu serei capaz de ser o porto seguro que ela precisa que eu seja.

Eu posso não ter conhecido o Padre Lutero, o Marco ou a Ângela como os meus irmãos, mas pela forma que vejo como a Anastásia foi criada, eu posso dizer que eles eram boas pessoas, o que me faz ter pensamentos dúbios em relação às atitudes do Marco, sendo que ele foi o responsável pelo sequestro de uma criança e a mantendo longe de seus pais durante 20 anos. Porém eu tenho convicção que suas intenções – mesmo que suas atitudes tenham sido erradas –, foi por uma boa causa, afinal, a segurança dela era de fato a prioridade.

Eu consigo entender a revolta e o sentimento de ter sido traído pelo homem que Raymond tinha como um amigo, por outro lado, é impossível negar que esse mesmo homem amava a Anastásia e que sempre fez tudo por ela, disposto a arcar com consequências dos seus atos – se não tivesse sua vida ceifada como teve –, se isso garantisse que ela estivesse sempre segura e protegida. E é pelo amor que a Ana sente por eles, que não permitirei que a Ângela seja incriminada, até mesmo porque não sabemos até que ponto ela está envolvida ou tem conhecimento de toda essa história.

Mas eu conheço o Raymond e sei que ele jamais seria capaz de fazer algo que pudesse magoar a sua filha – e posso usar esse termo, por não ter nenhuma dúvida que de fato ela seja –, sendo que se ele insistisse em fazer algo contra a Ângela, ele poderia perdê-la, antes mesmo de conquista-la como tal.

Coincidências do Destino - Livro 1 - Série DestinosOnde histórias criam vida. Descubra agora