Ao vivo - Diretamente do GRAMMY's 2020

56 2 0
                                    

"Então... os e-mails voltaram. Sim, os mais temidos, assim como os meus pensamentos ruins. Estou perdido. Não consigo pensar. Estou confuso. Ao chegarmos nessa casa (que, aliás, é maravilhosa. Meus parabéns pela indicação, cara!) iriamos dormir juntos, no mesmo quarto. Só que houve um mal-entendido: Taylor acha que eu não queria estar aqui. Isso - fato precipitado - foi concluído após conversamos. Parece que estamos no final, onde tudo dá certo. Mas não parece estar dando certo.

Enviado em: 1°/08/2020 às 20:48 para micth.pessoal@hotmail.com

...

- Está falando com quem?

Desligo o celular e o deixo no meu bolso, focando apenas na pergunta de Joe.

- Com ninguém. - Dou de ombros, encerrando o assunto. -Cara, o que você está fazendo aqui?

Ela dobra e pega o bulevar, entrando na via expressa.

- Contatos com uma produtora de filmes. Nada de reuniões virtuais. Tudo pessoalmente. Me matei para estar aqui. E você?

- Estou passando uma temporada aqui.

- Com a Taylor?! Ela está aqui?

Ele se sobressai, fazendo o cinto aperta sua barriga, impedindo de jogar seu corpo para frente. 

- É... Taylor está aqui.

Com a minha voz de desânimo, o entrego o prato da frieza.

- Então vocês realmente estão juntos?

Me recuso a dizer algo. Tudo está estranho, coisa que não deveria ser assim.

- Acho que sim. Não sei ao certo.

Ele ri, e dobra mais uma rua, que está menos movimentada e parece pertencer a um bairro familiar.

- Como assim? Você pelo visto não mudou nada. Como se não nos víssemos há anos... Qual a sensação de estar com uma garota sem saber que está com ela?

Rio, descompassado.

- Estranho. Taylor parece ter mudado sabe? Não parece  - e no fundo, não é - a mesma coisa que anos atrás; Sem ficar enrolando muito, podemos ver na viagem a Itália: ela quer algo mais e no final, a gente acaba longe.

Durante todo o papo, não percebi o carro descendo a rampa de uma garagem. Agora, Jay estaciona o carro em uma vaga espaçosa, bem perto do espaço pertencente ao elevador.

- Aonde estamos?

- Na minha casa. Bom não é minha mas, é minha. Devo as honras?

Ele sai do carro e dá a volta, abrindo a porta para eu sair.

- Acha que eu preciso disso?

- Sim.

- Então você está na parte errada da história. Ou melhor, na história errada.

***

- A casa é simples e o contrato acaba em três dias. Ela não é minha, mas até terça-feira, ela é toda minha.

Ele destranca a porta e abre espaço para eu entrar. A casa é simples, minimalista, como venho o imaginando na minha cabeça.

...

Abro a torneira deixando a água cair logo após o primeiro giro no sentido anti-horário. Fecho a mão em formato de concha. Apanho um pouco de água e jogo sobre as pálpebras, dando início a uma massagem frenética. Olho no espelho. Melhorou. Exceto pela minha camisa, que está suja de vinho bem acima do umbigo. Alguém bate na porta, que está parcialmente aberta.

31 de 1989Onde histórias criam vida. Descubra agora