Me ligue, talvez. / O sorriso internacional

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Aperto a campainha e regrido os três degraus da escadaria. Olho para ambos os lados e percebo o movimento fraco da rua. Michael me fez jurar que levaria Lawrence com cuidado, mas não é dele que detenho - uma pequena parte de - medo.

Com a porta aberta, Taylor aparece com Lawrence ao seu lado, com braços cruzados e... uma expressão estranha.

- Styles!- Grita Lawrence e Taylor abre caminho para ele passar. Ele corre e me abraça. Como uma figura maligna e de má fé, ela prede uma mecha de cabelo atrás da orelha e cruza os braços e encosta porta.

- Taylor...

- Não sou a megera que você pensa. Minha mãe, quando soube que ele era filho do carismático Michael, perguntou a ele o que queria. Bolo e sorvete. Saiu às pressas e ainda não voltou. Agora vamos, entre.

Ele mentiu para Michael, isso significa algo.

...

- Você sabia - Taylor me entrega uma xícara com chá - que ele é uma doçura?

Sorrio, ainda mergulhado em meus pensamentos. Eu queria dizer coisas ridículas e sem sentidos para ela ou simplesmente falar nada. Algumas vezes, ela está no topo do mundo, outra ela é apenas dona do topo do meu mundo. Beberico o chá e vejo Lawrence sentado em frente à grande estante de livros admirado com algo interessante demais para mim. Taylor, por outro lado, ainda mantém a postura de boa host: me serviu chá e tenta manter uma conversa estável comigo. Até sentada comigo ela está.

- Ele não é uma doçura, apenas é inteligente demais e petulante. E me odeia.

Falo baixo, apenas para Taylor ouvir. Ela cruza as pernas e ri adoravelmente.

- É sim, eu sou uma boa bruxa, na verdade, talvez seja por isso que ele goste de mim.

Sua mão direita segura firmemente a xícara.

"Eu trouxe ele apenas para você me dar bola e ver que eu sou um bom cara"

- Talvez... Teremos que ir embora logo, não quero ir pegar a sua mãe em casa.

- Que isso, imagine, ela não gosta de você, mas te respeita.

- E isso melhora alguma coisa?

"Isso melhora tudo, devo pedir a ela a sua mão?"

- Não, mas ela não vai ligar para você.

Bebemos mais um gole do chá.

- Taylor... eu pensei em...

"Você me beijar agora e fugirmos em um carro. Nada de fuga. Apenas até o Central Park"

- Postarmos algumas fotos para mostrar logo algo assim...

"Agora eu te beijo e você não pode recuar."

- Meio um casal, não no Central Park. Pode ser um...

"Álbum inteiro, dupla de country, você no vocal e eu no banjo, posso tentar até uma gaita"

- Joelho, em uma foto, algo para juntar. Fazer com que juntem "um quebra-cabeça". Como nos velhos tempos.

Sei que o termo "Velhos tempos" é inadequado, mas qualquer coisa para manter ela mais perto de mim é válida.

- Você sabe o porquê de eu ter vindo para cá?

- Para Nova York?

- Sim.

Ela me faz pensar que não quer aceitar a minha ideia. Não sei se devo responder ou se devo ficar com medo dela me mandar ir embora. Mas agora ela está mais perto de mim, como se eu estivesse sussurrando e ela não pudesse me ouvir. Por isso a aproximação.

31 de 1989Onde histórias criam vida. Descubra agora