A quebra da quarta parede

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A janela por algum motivo já está aberta, fazendo com que a cortina que tenta cobri-la balance e ao parar, faça barulho. Por isso estou acordado, talvez. O quarto continua o mesmo de minhas lembranças da noite anterior. Com a exceção de duas malas ao lado direito a minha cama. Olho para o lado esquerdo, onde meu copo de leite estava noite passada, mas agora no espaço tem apenas um bilhete branco. Me alongo brevemente e logo saio da cama. Meu pé toca no chão gélido e nem faz tanto caso. Estendo o braço e seguro o papel, logo abrindo-o para saber o que tem escrito dentro.

"Seu café está na cozinha, esperei para prepará-lo em um horário bom, pouco antes de você acordar. Bom dia, Hazz.

Taylor"

...

O café estava delicioso. Sem sanduíches de atum ruim demais ou coisas que pareciam fora da validade. Havia café, leite, e uma extensa lista de outros laticínios. Uma torta de morango também estava lá. Falando assim, começo a pensar que ela não fez tudo aquilo. O que me assusta é que ela parece ser estranha demais. Não estou julgando-a, apenas falando que, bom, me perdi nas palavras. O que sim, parece que é a primeira vez durante minha "nova vida".

Abro as gavetas a procura de uma toalha, e quando não acho, vou para o banheiro. E sim, tem uma infinidade de toalhas lá. Me livro das roupas e logo entro no box. Tiro a faixa e a jogo fora. Espero que o machucado tenha parado de doer. Despejo o shampoo em minhas mãos e espalho pelos meus cabelos, massageando - e sempre com o cuidado de não passar diretamente na ferida, e sim aos arredores. Penso em uma música durante essa sequência de cenas, mas não lembro de nada (obviamente).

Assim que termino de enxaguar o shampoo, aumento a potência da água e me posiciono bem de baixo de onde ela é despejada. A água quente desce e felizmente, não incomoda o meu machucado. De repente, uma melodia surge em minha mente.

- MhHhhnnnn. Que saco, não sei o resto.

Paro de me mover e fico olhando para o chão: a água escorre e logo some. Decido passar o sabonete líquido e deixar a água levar junto. A melodia retorna quando passo a toalha de rosto - onde ela parece ser indicada para passar.

- MimimiLALALALAALAALALA. Que merda, não consigo lembrar de nada.

Paro e observo o espelho, seguro a toalha e seco meu cabelo, deixando-o mais bagunçado que já era. Observo minhas tatuagens, e tendo de buscar em meu cérebro - que parece um livro infantil com a capa de papel cartonado, e quase sem grossura - o significado, mas por enquanto apenas me divirto com elas.

Assim que visto uma calça e uma camisa - ambas de moletom, decido ir para a sala.

Bom, eu não sei meus gostos musicais. Não sei nem o nome das minhas próprias músicas. Mas essa melodia não para. Começa com um "midnnmnmnm" e eu perco o foco.

Queria saber onde está minha mãe. Como ela será?

Mal sei de mim, imagine dela....

Mesmo que tantas dúvidas diferentes perturbem minha cabeça, existe uma em especial: Quem é Taylor Swift. Nome e sobrenome estranho. Se algum habitante de Dublin espirrar, ele fará "Swift". Quase como um "Swiwiwiwiwwift". E eu gostaria de dar uma de engraçado e completar "Taylor". Espirro; SWIFT; Saúde; Taylor!

A melodia irritante volta na minha cabeça e não me seguro, começo a repetir da mesma forma em que ela aparece em meus pensamentos.

- DundundundDUNDUNMIDNADUN. - Nossa, que melodia chata.

31 de 1989Onde histórias criam vida. Descubra agora