31 de 1989

Mudanças.

"O fechamento da felicidade mundial"

Turnês Adiadas para o verão de 2021. Países europeus cogitam final de 2020, ainda sem respostas concretas.

"A maré de azar que começou com uma declaração fatídica da pandemia de Covid-19 arrastou muitas mudanças para o cenário musical. Turnê adiadas, Lançamentos de álbuns com atrasos ou simplesmente uma modificação de todos os setores de um mercado tão lucrativo ao redor do mundo . Até agora - onze de junho - nenhuma grande premiação da indústria da música foi cancelada ou adiada.

Taylor Swift é um exemplo claríssimo, sua vez que prometia ser umas das mais estrondosas do ano teve que ser interrompida depois do pontapé bem-sucedido em Paris.

Harry Styles - ex da cantora - adiou toda a sua turnê em território Norte Americano e precisou usar o que já havia produzido com o clipe de 'Watermelon Sugar', single do álbum 'Fine Line' [...]"

- Já chega! Eu estou farto disso! - Digo para Michael, que tira imediatamente os óculos e olha para mim jogando o exemplar do jornal sobre a mesa de vidro do escritório.

- Farto de ter que reformular a turnê, pelo que posso imaginar?

- Claro que não, é isso - Levanto da cadeira e pego o jornal, até achar o que quero - É esse "Ex da cantora"

Meu querido amigo ri e, em seguida, diz com naturalidade.

- Você sabe que foi só um contrato. A gravadora dela lançar aquele papo de "Revolução do pop" com aquele álbum, que diga-se de passagem, realmente foi.

- Cala a boca, por favor. Alguma novidade de Nova York?

- Não, o pessoal ainda está com um pé atrás com essa história, mas seus shows esgotaram.

- Algo mais? - eu preciso dormir, ou ficar acordado. Ex da cantora. Meu humor está péssimo.

- Não, amanhã você volta. Temos que assinar algumas revisões de contratos e o de sempre.

Me levanto e espero Michael estender a mão para um aperto educado.

- Até amanhã.

- Até - Ele aperta minha mão, retribuindo.

Caminho até a porta mas o meu celular toca. O visor indica que o número é desconhecido, mas eu ainda tenho esse número decorado de todas as maneiras possíveis. Ele não mudou.

- Alô? - pergunto

- Me encontre no jardim da sua casa, não demore.

É uma voz feminina. Doce e calma. É ela, em todas as maneiras possíveis. É ela.

Saio pelas escadas pensando nela. Naquela garota metida e chata. Que escreveu músicas para qualquer um.  Que escreveu algumas para mim. Cheios de sentimentos falsos e palavras bonitas. Era isso: apenas um show teatral para o mundo. Um contrato.

Entro no meu carro e dou partida o mais rápido possível. Acesso a via principal de Londres e o clima está bom, mesmo que o sol lá em cima está fazendo o que faz de melhor num país como aqui: fingindo que existe.

Após 30 minutos com o trânsito fluindo bem, chego no portão da minha garagem. Tentei esquecer durante todo o trajeto quem está sentada com as pernas cruzadas neste exato momento a bilhar de mim.

Com o portão subindo eu não consigo acreditar que ela está aqui, olhando minhas coisas, tanto tempo depois, perguntando-se se tudo aquilo valia a pena.

Entro pela porta da garagem que corredor que dá no meio da sala de estar, pela direita se leva a cozinha. Quando eu passo por ela, percebo a persiana - revoltante - voando com uma porta de correr de vidro aberta. Posso perceber que cadeira de sol está ocupada por ela. Com aqueles cabelos loiros e fones de ouvido. Seus pés balançam ao som da música alta.