Melhor que vingança (Parte 1)

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Taylor fecha a porta da casa e desce, puxando duas malas pelos três degraus da escadaria. Sua mãe olha a cena atentamente pela janela, que está com a persiana quase fechada. Meu café está dividido entre a cafeína e o açúcar numa divisão imparcial. Meus óculos escuros atrapalham totalmente meu campo de visão, mas ela não precisa saber dessa pequena informação que escondo desde sempre. Óculos escuros são ridículos. Com o punho fechado, ela bate no vidro, me alertando para destravar as portas.

- E as malas? Vão aonde? - Pergunto quando ela apoia o braço esquerdo no banco do passageiro.

- Que tal um arremesso com elas até Londres, hm?

- Nada mudou. Nada mesmo.

Abro a porta e desço do automóvel indo até o porta-malas, tenho que dar meia volta para apanhar as bagagens ao lado de Taylor. Quando estou de volta para a parte traseira do carro, meu pé engata na roda, me fazendo ir para frente, tropeçando. Empurro os óculos para trás e olho para Taylor, na suspeita de ela ter visto algo. Mas não, ela está conversando calmamente com sua mãe que parece a advertir.

Quando fecho o porta-malas Taylor já está com o pé direito dentro do carro e o braço estendido sobre. Dou a volta e entro no carro, com ela fazendo o mesmo. Quando afivelo o cinto, e dou partida, Taylor me surpreende.

- Soube que na Itália as pessoas podem viver apenas uma história de amor. E que se ela for boa o bastante, sempre ficará na memória, fazendo com que as outras se tornem terríveis. Agradeço a JC por não ter que acordar e ver você no outro lado da cama.

Balanço o pescoço e sorrio.

- Tenho medo de acordar e não ver você pela manhã.

Ela apenas abre a janela e coloca parte da cabeça para fora, sentindo a brisa quente.

Estaciono o carro na parte da locadora de carros e faço todo o procedimento de devolver os carros. Depois pego as malas e caminho com Taylor até dentro do hotel. Para burlarmos as entradas e saídas do país, temos que apresentar que moramos no país para onde estamos indo. Eu tenho o meu, e Taylor tem os assuntos dela. E de Londres, para a Itália, Michael - como sempre - tem bons contatos. Até hoje, gostaria que o UK não tivesse saído da UE. Não estaríamos passando por tudo isso. Muito menos toda essa papelada. Taylor me guia com toda a documentação e totalmente escondida - com óculos e capuz. Eu também estou assim, só que com mais estilo. Muito mais.

- Anda mais rápido, por favor?

- Você que manda.

Acelero o passo até chegar mais perto dela. Assim, logo chegamos no guichê: a moça pede nossos documentos e para tirarmos tudo que impeça de ver nosso rosto. Ela checa os rostos e diz.

- Seu cabelo está enorme, nunca viu uma tesoura não?

Taylor ri baixinho enquanto eu pego os documentos.

- Viu sim, apenas em ocasiões especiais.

Sinto meu corpo estremecer por milhões de lembranças. Taylor percebe minha mudança de humor e rapidamente toca meu braço.

- Hey, está tudo bem?

Balanço a cabeça e sorrio, com todas as lembranças. Talvez ainda não seja a hora de cortar e marcar mais uma lembrança.

Pegamos o elevador e subimos até o 3° pavilhão. Depois saímos e vamos ao guichê de conexão. Taylor sempre com um sorriso bonito, mesmo com o rosto coberto. O moço pede os mesmos documentos que a mulher anteriormente e começa a observar tudo com cautela.

31 de 1989Onde histórias criam vida. Descubra agora