Meu maior inimigo (Eu)

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Passei os últimos vinte e três minutos me arrumando - eu penteei até os cabelos e usei qualquer creme que tivesse no rótulo a palavra "Cabelo". O resultado? Eu parecia 7 anos mais novo. Parece que eu acabei de sair da festa de formatura e fui a um drive-thru com pessoas bêbadas demais para saberem que estavam indo a um drive-thru (Ou conscientes demais para tomarem uma decisão que requeresse a utilização do cérebro). Parecia que, nesses momentos, minha autoconfiança ia de cinco estrelas para uma  simples- e decadente - uma estrela.

Agora, sentado no sofá, com o telefone na mão direita, e um bombom de chocolate na mesa de centro (Ela gosta de chocolates, não é?) minha uma estrela batalha para não sumir de vez ou tentar suicídio. Brincadeirinha.

- Vejo que você se arrumou tanto... eu deveria ter usado algo mais vulgar para esse encontro.

Me viro e, Merda, dou de cara com Taylor - que está linda. Com uma camiseta preta larga e uma saia que cai sobre os joelhos. Ainda a fito de boca aberta e me vejo perguntando se isso pode dar certo. E meu ser inconsciente logo responde quase que imediatamente: Não. E agora, minha estrela não precisa mais tirar a vida.

- É... como você entrou aqui? - fico de boca aberta e é tudo o que consigo fazer.

Taylor dá uma risadinha e se aproxima do sofá. Suas botas ao pisarem no assoalho fazem um barulho reconfortante de ser ouvido.

- Bom, eu acho que, um carro me trouxe e eu entrei. Por uma porta. O carro também foi dirigido por mim.

Concordo com a cabeça e me pergunto se ela realmente faz ideia do que acabou de falar e que não, ela não está bêbada. Parece que toda hora minha cabeça tenta me auto-sabotar: como se tudo que eu falo fosse errado. É assustador. Sorrio para ela.

- Você... quer um bombom?

- Aceito... mas onde ele está? - Eu continuo olhando para ela e sorrindo igual um otário até perceber que a sua fala foi uma pergunta.

- O quê?

- O bombom... você me perguntou se eu queria e eu disse sim.

- Ah, o bombom...

Me viro para a mesa de centro com as mãos nas coxas suando. O bombom ainda está lá. Dourado e embalado. E, droga, Deus! Faça com que eu não me perca nesse bombom. Entrego-a.

- Aqui, espero que goste, deve ser seu favorito. Fui ao supermercado mais perto - sem a carteira, à propósito - e roubei esse. - Obviamente.

Ela levanta uma sobrancelha e pergunta.

- Roubou?

Eu rio e torço para que ela entenda que a ironia e fale algo tenebroso para ela rir mais ainda das minhas reações ao ouvi-las.

- Sim. Agora coma.

Pego o bombom da mão dela e abro, deixando o espaço suficiente para uma mordida delicada. Levo até sua boca e ela mordisca levemente, quase como uma provocação. O retiro e coloco-o sobre sua mão, me afastando.

- Que... - é a única coisa que sai da sua boca cheia, seu olhar de aprovação e um risinho fofo.

- Gostou?

- É o meu favorito e você sabe disso. Acabou de falar. Agora quer me dar um beijo? Por que sinceramente, seu olhar de apaixonado pra cima de mim não rola, não numa segunda vez...

Harry, ela descobriu tudo!

- Acho que você leu errado meu olhar, Taylor...

Ela me olha e fico um tanto nauseado. Viro a cara e aperto minha coxa até sentir uma pontada de dor.

31 de 1989Onde histórias criam vida. Descubra agora