"História de amor" (Final alternativo - N° 3)

69 5 0
                                    

Acordo.

O som de alarme do meu dispositivo parece normal.

É normal. O que parece ser bom.

Com um breve pensamento, me vejo pensando em Taylor.

Qual seria sua resposta.

E é aí que vejo. O rosto mais lindo, que - por coincidência - é minha primeira imagem do dia - e a mais bonita do meu dia. Ainda adormecida. Com todo o tempo do mundo. A coberta que a esconde deixa escapar a blusa de algodão branca sem estampa.

Decido acordá-la: Não é por mal, mas não me vejo mais um instante longe dela. Não podemos mais ficar longe um do outro.

Ela decidiu ficar.

Dedilho meu polegar pela sua tempestade - fina - de mechas embaralhadas.

Ao começar a ficar mais ansioso, pouso minha mão sobre seu ombro.

- Taylor, acorde...

Ela se mexe, mas desiste. Continuo a insistir, como alguém que acorda os pais para exibir o fantástico presente de Papai Noel deixado no meio da noite

- Acorde, por favor. Vamos Taylor.

Agora, ela abre os olhos, com as pálpebras trêmulas e olha em meus olhos.

- Bom dia, para você também.

Relaxada, ela deita de peito para cima, admirando o teto, com os braços sobre a barriga

- Bom dia.

- Por que você me acordou?

Dou uma risada anasalada e coço os olhos, deixando meu corpo acordar de verdade.

- Queria ouvir você. Apenas. Tipo, você ficou. Realmente ficou.

- Talvez não. Deve ser ilusão da sua cabeça. Quer ver? Harry? Harry? Pode me ouvir? - Diz, aumentando o tom de voz.

Dou uma risada boba, deixando Taylor corar com a atitude.

- Queria ouvir você falando que decidiu ficar. Que escolheu ficar e me dar mais uma chance...

Ficamos alguns segundos em silêncio, apenas trocando olhares, mas ela logo dá o ultimato.

- Eu decidi ficar, Hazz.

- Gostei... - Tento não transparecer minha exaltação.

- Tem certeza? - indaga, com a voz apressada, o que faz suas palavras saírem todas juntas. - Algum vôo - que esteja saindo agora - pode me deixar no JFK sem paradas.

- Quero que fique. Por favor.

Ela se sobresai e fica com o ombro apoiado no colchão, com o rosto bem acima de mim.

- Jura? Sem medo? Sem outras pessoas? Sem contrato? Sem pesadelos ou mal- entendidos?

Tiro a coberta do meu colo e desço da cama, esticando meus músculos. Olho para Taylor e ponho as mãos na cintura.

- Sim... Sabia que nunca vi alguém acordar e perguntar tanta coisa? Parece que você quer estar na minha mente...

- Não. - Diz, bradando o melhor e maior sorriso.

- Então agora, você sabe.

Estendo a mão, sendo recebido por sua delicada mão. Ela sai da cama. E nos beijamos. Como se fosse a última vez.

Como se fosse a primeira.

Como se fosse promessa entre pequenos sussurros.

Como se ela se importasse em abrir a porta do quarto.

Como se fosse uma balada juvenil de eletro-pop.

Como se fosse um chiclete de menta.

Como se fosse soda em festa de criança.

Único.

31 de 1989Onde histórias criam vida. Descubra agora