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AVISO RESPONSÁVEIS: CONTEÚDO EXPLÍCITO

(Este capítulo pode conter cenas explícitas, tais como: pessoas em situações de violência extrema, linguagem madura e uso de drogas lícitas ou ilícitas)

Tropeço e bato minha cabeça no chão, mas não desisto, me arrasto com dificuldades. Meus pés doem e a falta de luz nessa via parece ser crucial para eu não querer me levantar. Mas não posso, sinto alguém pisar em minhas costas e grito de dor. Começo a chorar e fico implorando tentando limpar minha cara que está suja de sangue, terra e suor.

- Por favor, por favor...

- Vira. - Ela diz e escuto a arma sendo engatilhada novamente. Engulo a seco o sangue e me arrepio com o gosto que tem. Levanto as mãos e me viro devagar. A luz me cega e demoro para me acostumar com ela. Quando termino de me virar e minha costa encosta com o chão, a ferida da bala arde e é insuportável, grito e grito mais esperando alguém passar e me salvar. Mas não passa ninguém. Então, apenas tento outra vez.

- Por favor, Taylor, não me mate. Eu juro... - Grito novamente pelas minhas costas e ela continua imóvel. Ela anda e pisa em meu peito, fazendo meu ferimento encostar e fazer só piorar a dor que sinto. As pontinhas do asfalto entram e eu consigo sentir cada milímetro de dor. - Por favor...

- Eu vou te ligar, Tudo bem?

Ela aponta para minha cara e [...]

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Acordo gritando. Minha testa lampeja com a confusão e os emaranhados de fios de meu cabelo com o suor. E não é só ela: minha camisa e o jogo de cama parece que foram molhados com um balde de água. Meu coração está acelerado. Passo a mão na testa separado os fios e olho para o relógio, 08:29, respiro e desço da cama tirando a camisa e vendo que ela está ensopada. Jogo ela para um canto e sigo para a sala.

Primeira noite em Nova York sozinho.

Que tal uma boa trilha sonora? Acho que isso poderia me acalmar o suficiente.

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Estou andando de bicicleta pelo Central Park, a música alta nos meus ouvidos me confunde com os sons da natureza. Na via que estou, passam mulheres e crianças. Essa linha, leva até uma clareira, excepcional para um piquenique. As árvores parecem não ter fim. Quando chego a clareira, está vazia. Retiro os fones e guardo-os no meu bolso de trás. Desço da bicicleta e saio do trajeto sinuoso da trilha de terra e avanço para a grama. Meus sapatos logo afundam nela e sigo andando, com a minha pequena companheira dando solavancos terríveis. Chego até uma parte afastada que fica exatamente no centro dessa parte do parque. Retiro minha mochila da cesta da bicicleta e me sento na grama. Abro-a e retiro um sanduíche e uma garrafa de Vodca e os deixo sobre minhas pernas.

Assim que abro o sanduíche, o mordo e me delicio com a pasta de amendoim e seu gosto inconfundível. Respiro triste, sugando o ar - quase cortante. Vejo um casal vindo em minha direção correndo. Quando chegam no final da linha, eles fazem a curva e retornam. A garrafa de Vodca está deitada na grama, deixando várias gotas serem derrubadas, fortalecendo ainda mais minha cara.

Alguém toca na minha cabeça, e quando a levanto, não vejo ninguém. Mordo novamente o sanduíche e levanto. Olho ao redor para ver se vejo alguém e não localizo. Mais uma boa parte do sanduíche se esvai. Sinto novamente o toque no meu ombro e quando vejo, não tem ninguém de novo. Ainda mantenha a postura e me abaixo para pegar a garrafa. Mas ela por algo maior, é jogada para longe. Franzo o cenho e olho ao meu redor: nem o movimento do vento nas costas das árvores é ouvido. A garrafa parece estar a mais de 2 metros de mim. Caminho até onde ela está e me abaixo novamente para a apanhá-la. Me reergo e sou pego por alguém que segura meu pescoço e sussurra lentamente no meu ouvido.

31 de 1989Onde histórias criam vida. Descubra agora