Fui dando passos para trás e me virei. Acabei voltando pelo caminho que fiz, não dei continuidade. Minhas lágrimas rolavam pesadamente, a cabeça latejava e doía. As pessoas que passavam por mim, sentiam pena. Algumas desviavam o olhar, outras olhavam para baixo, e as mais destemidas encaravam...Tratei de limpar aquele choro e aceitar o que há tempos me consumia. Eu não dava certo ali. Aproveitei que nada mais me segurava e mudei o caminho novamente. E assim, cheguei ao clube. Somente Rudolph estava, ele ia à tarde fazer os procedimentos administrativos, foi liberado pelo médico para que ficasse fora dos horários de pico. Entrei e assim que me viu, abriu um sorriso sincero.
-A que devo a honra?
Perguntou animado.
-Só queria ver você.
-O que aconteceu?
-Nada.
-Péssima mentirosa.
-Só um pouquinho de dor de cabeça.
-Então vem aqui...
Rud saiu de trás da mesa e se aproximou. Antes que eu pudesse falar alguma coisa, me puxou para um abraço.
-Você não está bem. Eu conheço esse olhar.
Simplesmente desabei. Não chorei contido do jeito que foi na rua. Deixei toda a dor que estava no meu coração sair. E ela trancava tanto a minha garganta que eu ficava sem fôlego. Rud passava a mão em meus cabelos enquanto eu soluçava em seus ombros.
-Fui expulsa da Columbia.
-O.....o quê?
-Minha tia foi afastada. Desde quando voltei as coisas se desalinharam. Todos seguiam a vida, eu deveria ter feito o mesmo. Nunca vou conseguir voltar ao que era antes.
-Tenho certeza que deram algum posicionamento. Eles não podem expulsar você!
-Mas foi o que aconteceu. Me mandaram pra NYU se eu quiser continuar. Mas fica longe daqui.
-Mas é uma saída! Você ainda pode continuar seu curso.....e que merda de universidade é essa? Como podem deixar uma mocinha tão linda e inteligente nesse estado? Eles perderam uma pessoa brilhante. Pois vá para a NYU e esfregue seu sucesso na cara deles!
O jeito que Rudolph falou me fez soltar um riso rápido.
-Essa maré ruim vai passar. Você precisa ser forte.
-Não tenho outra alternativa, não é?
-Não. Mas eu estarei aqui por você, sempre!
Eu fui até Rudolph para pedir demissão. Não aguentava mais que as pessoas a minha volta se prejudicassem. Mas ele não iria aceitar. Eu estava tão desgastada com tudo, e a cena de Sebastian e Rebecca foi a cereja do bolo podre. Então, achei melhor não falar nada. Mas, estava decidida a ir embora e não ia avisar ninguém. Seria muito melhor assim.
-Obrigada. Estou me sentindo um pouco melhor. Posso pedir um favor?
-Claro!
-Preciso de alguns dias de folga.
-Quantos precisar. Quero você bem!
Meu sorriso saiu genuíno. Eu sabia que Rud realmente sentia isso.
-Valeu por me ouvir. E nada de contar que chorei feito uma criança no seu ombro!
-Essa cena nunca aconteceu! Vai descansar. Tire esses dias pra você.
Assenti com a cabeça. Toquei de leve seu ombro e tomei o caminho de casa. Ao chegar, tomei um banho demorado. Coloquei uma muda de roupa dentro da minha bolsa maior, que estava pendurada na porta. Fiquei por horas andando pelo apartamento, esperando o horário pra pegar um táxi. Eram quase 11 horas da noite quando desci as escadas rapidamente. Entrei no carro que encostou e em menos de 15 minutos estava na frente da porta de Sebastian. Bati duas vezes. Meu coração estava tão apertado que eu sentia dor. Ele abriu a porta. Tive vontade de chorar e sorrir ao mesmo tempo.
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O dia em que reconheci Sebastian Scott
RomanceApril Pearl é a protagonista, uma garota de 28 anos que resolveu voltar para NY depois de um casamento fracassado no Canadá. Ao voltar, encontra vários desafios, sendo um deles continuar seu curso na Columbia, que passou por mudanças , voltar a faze...