O dia em que reconheci Sebastian Scott

Segundo ( primeiro encontro)

-Estou gelada! Quem está no bar? Meu Deus a Bonnie tá sozinha! Guarda meu violão, por favor.

Saí com pressa enquanto Rud resolvia se descia do palco ou não. Próximo dali Sebastian me procurava com o olhar. Antes de se distanciar de Nicole, a avisou que iria ao banheiro e nem esperou ela dizer algo. Caminhou ainda mais rápido quando percebeu que eu já tinha descido do palco e ao ficar próximo, com delicadeza segurou meu braço. Me virei e precisei reunir toda a energia do meu corpo para continuar de pé.

- Acho que começamos muito errado. Boa noite, sou Sebastian Scott. E parabéns pela voz.

Ele estendeu a mão pra mim e de fato, foi a primeira vez que nos cumprimentamos.

-Oi, sou April Pearl. E obrigada.

Meu sorriso saiu fácil.

-Eu não sabia que cantava.

-Eu não sabia que você frequentava aqui... eu nunca tinha te visto por essas bandas.

-Na verdade, não venho. Um amigo me chamou. Mas, antes de tudo, preciso te pedir desculpas.

-Eu também, olha, entendi tudo errado. Eu tinha acabado de voltar pra cidade, não estava com a cabeça no lugar.

- Não, sério. Eu não deveria ter feito o que fiz. Sinceramente, me perdoe.

-Tudo bem.

Ficou aquele silêncio entre nós por alguns segundos, que pareceram minutos de tão constrangedor. Na minha cabeça, as desculpas eram pelo dia do jogo, da simpatia em exagero e tal. Até porque, para mim, ele era casado. Mas não era isso. Eu não tinha ideia, mas Sebastian estava se desculpando pela maneira como me tratava na universidade.

-Bom, eu preciso ir. Tirei a noite de folga e vou aproveitar pra estudar.

Scott sorriu de novo. Ele estava de sacanagem, só pode! Ou tivesse completa noção do que o sorriso dele causava nas mulheres, ou ficava ainda mais atraente por não saber.

-Ficou parecendo que tô fazendo média, mas não.

-Fora da faculdade, sou uma pessoa normal, fique tranquila. Tão normal ao ponto de ser acusado de dar em cima de alunas.

-Meu Deus, desculpe por isso, de verdade.

Comecei a rir muito sem graça.

-Você acharia muito estranho que eu te acompanhasse? Eu realmente preciso sair daqui.

O rapaz ainda falava olhando calmamente para meus olhos.

-Não. Por mim, tudo bem. Vou pegar minhas coisas.

Me afastei e fui para a porta que ficava atrás do bar. Eu ainda estava bem confusa. O cara me ignora por dois meses, e fora da faculdade consegue ser galanteador... NÃO, EU NÃO PODERIA PENSAR QUE ELE ESTAVA INTERESSADO. JÁ TINHA DADO ERRADO UMA VEZ. Bonnie me viu saindo e foi mais ligeira.

-Garota o que foi aquilo? Eu amei! Da próxima me avisa, preciso gravar!

-Obrigada Bonnie, mas não foi nada demais, Rud insistiu e eu quando vi, estava lá em cima. Tirei a noite de folga, tudo bem o Chris me cobrir?

-Tá, caso superado.

A outra barista colocou as mãos na cintura e fez uma expressão de dúvida no rosto:

-Você está diferente. Que brilho é esse nos seus olhos?

-Hãn? Brilho nenhum, pode ter sido a tequila. Eu tomei duas doses.

Bonnie era esperta. Ela virou para o lado esquerdo do bar e viu Sebastian encostado. Olhou de volta para mim.

-NÃO ACREDITO!