O outro lado

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Enquanto estávamos todos reunidos, celebrando a data tão especial, Thomas estava junto de Rebecca, num bar afastado da cidade. Ele havia acabado de desligar o celular e sua expressão era de completa felicidade, embora essa satisfação fosse malvada e sádica.

-Já está tudo certo. Na próxima semana a batida policial vai acontecer. Você tem certeza que esses são os horários dela? Não podemos ter erros.

-Sim, são esses. Já posso ir embora? Esse lugar é nojento.

-Qual é querida, antes você não reclamava da minha companhia.

-Não é disso que reclamo. Porque precisamos nos encontrar tão longe assim? É Natal, todos estão em casa.

-Nós não estamos.... e eu não posso ser visto perto da Pearl, ainda.

- Quando que isso vai acabar ein?

-Por que a pressa? Não está se divertindo?

-Você sabe muito bem porque estou aqui.

-Sei....e sei que só me ajuda por medo. Mas fique tranquila. Nosso vídeo e suas fotos estarão em um lugar seguro, basta só você ser uma boa menina.

Rebecca desviou o olhar.

-Bom, eu estou fazendo a minha parte, espero que você cumpra a sua.

Ela respondeu sem animação na voz.

-Eu te dei minha palavra.

O rapaz argumentou.

-Como se ela valesse algo.

A moça se levantou rapidamente, jogando o dinheiro da bebida que tomou em cima da mesa. Saiu pisando duro. Thomas apenas a ficou olhando. Deu uma risada debochada e virou o shot de vodca pura.

Enquanto se afastava do local chorando, Rebeca abriu o carro com as mãos trêmulas, deu a partida e foi para seu apartamento. Ao chegar, tomou um banho demorado, como se quisesse se desinfetar daquele lugar. Após o chuveiro, preparou um chá quente. Ligou a televisão e mudava de canal tão rápido que mal conseguia ver o que estava passando, mas a programação era toda natalina. Desligou sem paciência e jogou o controle remoto no sofá. Suspirou fundo.

-O que eu estou fazendo da minha vida?

Fechou os olhos e lembrou da época que entrou na Universidade. Encantou-se com um certo professor, advogado, que parecia muito legal dentro e fora da faculdade. Engataram um breve romance, mas o tal professor começou a se interessar por outra garota. Rebecca tinha sido trocada e isso a deixou irada. Ela não podia verbalizar que saía com Thomas pois sua mãe trabalhava na Columbia e ela era vista como uma professora- modelo e sua filha tinha que ser a aluna exemplar, com a reputação intocável. Nada podia dar errado. Quando viu que Thomas havia deixado o caso deles de lado, ela sentiu-se traída e começou a odiar April com todas as forças possíveis. Porém, Pearl nunca soube do envolvimento deles. Acontece que o Senhor Bones Bones não era um homem honesto, e tinha a habilidade de enganar, bem alta. Rebecca no fim, era apenas mais uma. E esse seu papel de vilã foi a maneira dela esconder a sua dor e o medo de ser exposta, já que Thomas tinha vídeos de sexo deles e fotos dela nua. Ela era tão vítima quanto qualquer outra mulher que já tenha passado pela vida daquele crápula.

Um pouco mais afastado da casa de Becca, saíamos da casa de Penny. Sebastian deixou-me no meu apartamento. Ele iria trabalhar bem cedo no dia seguinte, mesmo sendo feriado e por isso, precisava descansar. Eu havia comido doces demais e comecei a sentir um certo desconforto na cabeça. Estava indo tomar um remédio qualquer quando escutei batidas na porta. Achei estranho, não estava esperando ninguém. Abri e lá estava ele. Com aquele sorriso lindo, uma outra garrafa de vinho e um olhar penetrante.

O dia em que reconheci Sebastian ScottOnde histórias criam vida. Descubra agora