A recuperação

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No hospital me deram medicação para dormir. Um pouco antes, comecei a ficar agitada demais, uma ansiedade sem tamanho tomou conta de mim, eu queria sair dali, mas meu corpo não obedecia. Comecei a chorar. Tentei me levantar e caí pesadamente no chão, abrindo um corte na testa. A Dra Meisner foi chamada e em minutos estava me examinando. Prescreveu a medicação e suturou o pequeno corte.

-April, você tem um dia de acordada e já está querendo fugir de nós?

-Eu preciso sair.

A médica examinava minhas pupilas e conversava com os residentes.

-Chame o Dr Liam. Não estou vendo nenhuma alteração, mas ele é o neuro. Ela bateu a cabeça, depois de acordar de um coma. Já vou pedir um exame de imagem. Vamos ficar mais de olho nela.

-Por que fala.... como se eu...não estivesse aqui?!

-Querida, eu entendo as suas dúvidas e a vontade de obter respostas, mas olhe o que o seu desespero lhe causou? Se ficar tentando fazer as coisas sozinha, vai demorar ainda mais para sair daqui. Tudo vai ser respondido no tempo certo. O que posso dizer é que, quem te trouxe foi Sebastian. E ele ficou ao seu lado todo o tempo que permaneceu desacordada.

-Ele se machucou?

-Não.

-Mas....a batida foi forte.

-Ele ficou bem, te trouxe e agora você vai ficar bem, vai se recuperar. Mas sem levantar a partir de agora! Tenha paciência, eu sei que é difícil.

Fechei meus olhos. Eu não estava com uma sensação boa. Mas de repente foi passando. Comecei a relaxar e logo peguei no sono. Perdia a noção do tempo. Uma semana já havia se passado. Comecei a ter progresso na fala, já não doía mais a garganta. Tia Penny ficava comigo o tempo todo. Sebastian apareceu quase todos os dias, e embora seu comportamento estivesse muito diferente do que eu estava habituada, ele estava mais próximo desde o dia que acordei. Penny disse a mim que ele estava muito cansado, não deixou de ir ao hospital no tempo que fiquei desacordada. Pediu-me paciência, que as coisas voltariam à normalidade. Eu comecei a perceber que tanto ela, quanto Sebastian e Alden me faziam perguntas com o intuito de saberem se eu tinha ficado com alguma sequela. Eu ainda estava confusa, os flashes comigo e Jullie entrando no apartamento ficavam cada vez mais reais. Deveria ser alguma memória de antes que estava voltando agora, não sabia dizer. Como eu me esforçava demais, o cansaço tomava conta de mim de uma forma absurda, onde eu simplesmente capotava. Era nessas horas que minha tia levava Jullie para me visitar.

-Tia, porque eu não posso entrar? Eu quero abraçar a mamãe....

-Meu amorzinho, por enquanto a mamãe precisa descansar.

-Mas antes vocês me deixavam ficar com ela. Eu fazia carinho e tranças em seu cabelo. Porque não posso mais?

-Em breve você vai fazer tudo isso, e a mamãe estará acordada! Temos que ter paciência, tá bem?

-Ok...

A pequena estava triste. Depois do hospital, a levou para tomar um sorvete. Enquanto isso, a equipe médica fazia uma reunião sobre o que fariam a partir de agora, já que o protocolo médico mudou completamente.

Scott passou a beber quase todo final de semana. Com isso, começou a trabalhar totalmente ressaqueado. Seus dias não estavam sendo produtivos mais. Visitou April no final de semana, mas domingo exagerou na cerveja e achou melhor não ir ao hospital segunda e terça. Conversou com Penny pelo telefone e falou comigo por mensagens. Eu já podia ficar com celular, então nos comunicávamos assim. Era quarta-feira e Sebastian caminhava pelo corredor quando chegou até meu quarto. Viu que eu estava com a equipe de fisioterapia. Meu esforço era tão grande, que eu estava completamente exaurida. Meu rosto pingava suor e eu ainda não tinha firmeza nas pernas. Aquilo me irritava muito. Acabei dando um grito e comecei a chorar, exausta. As meninas me consolaram. Ele viu toda a cena e seus olhos marejaram. Assim que levantei minha cabeça, o vi e minha expressão foi de alívio.

O dia em que reconheci Sebastian ScottOnde histórias criam vida. Descubra agora