O retorno

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Era mais uma manhã fria em New York. O vento gelado cortava meu rosto, mas era uma sensação boa. As folhagens estavam verdes e balançantes. O ar daquela cidade entrava em meus pulmões com vigor. Enquanto eu corria pra pegar um táxi direto pra Universidade de Columbia, meu telefone não parava um minuto se quer. O joguei dentro da bolsa com relativa impaciência. Assim que o carro chegou, me apressei ao seu encontro.

- Bom dia, Universidade de Columbia, por favor.

O taxista me olhou intrigado. Imediatamente nos reconhecemos.

-É meu primeiro dia!

Respondi sorrindo

-Ah claro, senhorita.

O taxista também sorria e me olhava pelo retrovisor

-Do quarto ano, mas é. E estou atrasada, Javier, para variar.

Aquele senhor grisalho apertou ainda mais os olhos, num sorriso largo.

- Que coincidência você por aqui, achei que tinha ido embora.

-Eu fui, mas voltei, não consegui viver longe de você.

E dei uma piscadinha de leve.

-Agora sim melhorou meu dia! Mas, e esse telefone tocando o tempo inteiro deve ser o rapaz por quem você me trocou, ou estou enganado?

Eu sorri, mas senti uma leve dor no coração. Realmente era verdade. Menos a parte de trocar o Javier, ele era insubstituível.

- Eu jamais trocaria meu taxista vovô preferido.

- Estamos de relações cortadas, Pearl. Vovô foi sacanagem.

Dei uma risadinha e peguei em seu ombro com uma das mãos. Aquele senhor de bigode branco sorriu tanto que consegui ver seus dentes debaixo daquele monte de pelo. Javier era um amigo muito querido. Fazia serviços para a família, me conhecia desde criança. Sempre foi muito solícito e simpático. Meu coração estava confortado por vê-lo novamente. Em pouco tempo eu estava de volta na universidade. Saí rápido do taxi, mal dei tchau para Javier porque meu destino era direto pra reitoria, afinal de contas, lá seria meu primeiro desafio.

Assim que cheguei, uma onda de emoções golpeou meu peito, bati na porta e a abri, sem cerimônia.

- O que te trouxe de volta, April Pearl?

A mulher robusta por trás daquela mesa linda de madeira que sempre estava impecavelmente limpa, me olhava fixamente.

- Bem, não me adaptei à vida de casada. Precisei voltar o quanto antes.

Fui cirúrgica e ácida. A minha maneira de não transparecer nervosismo era praticar o deboche.

- Porém, você sabe que está deveras atrasada...

- 38 minutos, pra ser exata.

-No SEMESTRE.

-Ah, também. E como fica minha situação?

-Só depende de você. Não sei a sua possibilidade de horário, mas a grade mudou e você está devendo ao todo....13 matérias.

- O QUÊ?

Minha voz saiu mais alta do que eu imaginei.

-Você saiu devendo 6.... aumentamos o 3° ano em 7 matérias.

Na minha mente se passou vários palavrões. RAIOS, onde eu estava com a cabeça em largar a faculdade? Larguei uma vida que demorei tanto pra construir, a troco de nada!

O dia em que reconheci Sebastian ScottOnde histórias criam vida. Descubra agora