A viagem até o complexo foi feita em total silêncio, pelomenos por minha parte, já que meu pai batia freneticamente com os dedos no encosto da poltrona de forma a produzir um irritante som que estava a mim irritar.
_Você quer me perguntar alguma coisa?
Pergunto na tentativa de fazê-lo parar com aquele tik.
_Na verdade sim, mas não sei que um helicóptero é o lugar mais seguro para essa conversa.
Ele diz finalmente parando com aquele barulho irritante.
_O que pode acontecer? Vá em frente.
O incentivo encarando seu rosto que pareceu um tanto relutante.
_Por que você sente essas dores tão fortes? Não mim venha dizer que é normal por que eu tenho uma esposa e ela não sente dores tão fortes durante o ciclo.
Abro e fecho a boca várias vezes compretamente embaraçada com aquilo.
_Ok, esse não é o tipo de assunto que uma filha tem com o pai, é muito, muito constrangedor.
Digo procurando por algo em que focar meu olhar.
_Bobagem, se é algo relacionado a sua saúde eu preciso e quero saber.
Respiro fundo tentando encontrar coragem.
_Eu sempre tive colicas muito fortes durante o meu ciclo, mas com o tempo foram se tornando tão fortes ao ponto de acontecer o que aconteceu hoje, quando eu tinha 16 anos uma investidora do orfanato presenciou um desses momentos e me levou ao médico, ela pagou todos os exames e consultas e foi identificada uma anomalia, não é nada que pode trazer riscos a minha vida, mas é uma condição permanente onde o máximo a ser feito é o uso de contracetivos e remédios para dor, eu passei mal hoje por que não estive tomando remédio, com tudo que aconteceu eu não pensei nisso.
Ele pareceu pensativo, e podia perceber sua mente fazendo conexões lógicas sobre o que eu havia dito e o que havia ficado nas entrelinhas, também percebi quando ele chegou a um conclusão.
_Você não pode engravidar...
Ele pareceu tonto com a informação, mal consegui segurar as lágrimas, ouvir aquilo novamente era tão doloroso quanto quando ouvi da boca da médica.
_É parece que por mim você não corre o risco de ter alguém te chamando de vovô.
Sem querer o sarcasmo toma forma em minha fala, como uma resposta defensiva e involuntária do meu cérebro diante a emoções fortes.
_Não fala assim, como se eu repudiasse a ideia de ser avô, não é assim, eu só acho que você ainda tem muito o que viver antes de assumir a responsabilidade de uma mãe.
Ele pareceu quase ofendido, dou de ombros.
_Então vai mandar a Sofia para um orfanato? Por que os três meninos já tem destinos traçados no MIT, ela é só um bebê, será nem depois de tudo o que eu te contei você não consegue sentir o mínimo de empatia por ela? Eu tive sorte de ter encontrado alguém mesmo depois de tantos anos, mas ela não tem ninguém, pai e mãe são dois mortos e o resto da família a vendeu para um criminoso, e sabe se lá o que teria acontecido com ela no futuro, ela é tão inocente...
Percebo que já tínhamos pousado, recolho minhas coisas e saio sentindo meus olhos arderem, estava disposta a subir direto para o quarto mas assim que chego a sala encontro a verdadeira desordem, Scott, Sam, James e Clint, discutindo como quatro adolescentes idiotas na puberdade, Nathasha estava sentada próxima a eles e parecia prestes lhes acertar um tiro, Steve olhava tudo com clara reprovação, os outros adultos devem estar em outro lugar com as crianças e os quatro resgatados estavam em um canto da sala, visivelmente apavorados, sinto meu peito apertar ao ver a pequena do dia a beira do choro, mim aproximo dos quatro.
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Inevitável Destino
FanficSabe quando o medo se torna única coisa que te faz se sentir viva? Após a morte na mãe, quando ela ainda era um bebê de 6 meses, Ayla Dutra foi mandada para um orfanato onde passou a maior parte de sua vida, tendo passado por diversos lares em falh...