Humam

CAPÍTULO XIV- Esclarecimentos

O trajeto estava tranquilo, nenhuma conversa ou algo do tipo todos bem concentrados na estrada, não era o melhor momento para aquilo. Emília estava muito atenta a estrada a viagem já durava mais de duas horas, acredito que a este ponto Fred esteja surtando. Minha despedida não o preocupava mas acredito que a saída de Dereck, Josh e principalmente de Bianca o deixava furioso. Não conseguia ver nenhum carro nos seguindo então já era um ponto positivo, teria que ter uma conversa com todos. Por mais que tenham sido escolhas dele vim comigo acredito que seja a decisão mais errada de todos. 

Preciso de ajuda, já não sou mais inocente em achar que vou conseguir sozinha porém não vou deixar que eles por uma atitude não pensada fiquem ao meu lado e deem suas vidas por uma causa nada nobre. Emília não iria lutar comigo mas no fundo já sabia disso a ajuda dela já seria suficiente para me fazer chegar nos clãs. Do nada minha velha treinadora entra em uma estrada de terra a esquerda da rodovia, o trajeto não era nada agradável muitos buracos e muitas árvores ao redor um local de difícil acesso. Perfeito para um esconderijo. 

Emília estaciona a frente de uma chalé de madeira bruta no meio do nada, todo entorno é cheio de árvores altas. Desço do carro assim como os demais, o chão era de terra e o cheiro era extremamente agradável. O silêncio me permitia ouvir um riacho e as luzes que passavam pelas folhas me permitiam a mais bela paisagem. Dereck estaciona o carro ao meu lado e desce do mesmo logo em seguida dou um leve sorriso e ele retribui, por dentro estou muito feliz que ele esteja ali depois de tudo que passamos. 

-Entrem. Emília está bem em frente a porta da chalé e nos cede passagem, Edgar é o primeiro entrar acredito que não é a primeira vez que está ali, pego minha mochila que está no carro e  ando em direção a chalé e por dentro a mesma é ainda mais bonita. Uma sala bem pequena com alguns móveis e uma mesa ao centro, tinha uma cozinha e um  corredor que dava para os quartos e banheiro. - Se sintam em casa, aqui é um lugar de refúgio não tem tanto espaço. 

-Não vamos passar mais que uma noite, fique tranquila é perfeito. Digo séria. 

-Então não vamos perder tempo. Ela diz apontando para as cadeiras em sinal para que me sente. -  O que quer de mim ? 

- Preciso da localização dos clãs. Digo. 

- Para quê? Ela pergunta arqueando a sobrancelha, sua pele pálida me causava arrepios não me lembrava dela daquele jeito.  Todos estavam atentos a nossa conversa mas precisava mesmo que eles estivessem cientes do que aconteciam. 

-Me disse que não ia lutar, acredito que o motivo não lhe interesse tanto. Respondo. -Assim que me der a localização vou embora. 

-Esta certa, mas não trabalho desta forma. Emília responde com um ar de superioridade.

-Preciso das localizações e nada a mais. 

- Okay. Emília se levanta e vai até uma escrivaninha pega alguns papéis e joga-os em cima da mesa. São mapas. - Não sei no que está pensando mas assim que pisar no território deles você vai estar completamente vulnerável.  

-Eu sei. Digo de uma maneira mais íntima. -Todos os clãs estão aqui? -Pergunto observando que há apenas um lugar no mapa com o símbolo. - Pensei que eles estivessem em localidades diferentes. 

-Depois que seus pais faleceram o conselho decidiu que os clãs estariam todos no castelo. É a vez de Edgar se manifestar. -Mas lá não vivem só vampiros, tem feiticeiros, outros híbridos e  até humanos. Penso um pouco apesar de estrategicamente ser uma união perfeita é inviável uma união entre eles. 

-Mas não haviam conflitos entre eles? Pergunto retirando minha atenção do mapa e voltando meu olhar para Edgar. 

-Os conflitos ainda existem devido a você mas é necessário que eles se unam para evitar guerras que os decimem . -Ele prossegue. - Como sabe a quantidade de vampiros de um clã determina quem está no poder, no momento os Vásquez possuem ele. Logo em seguida vem os Irons e Ralders, nenhuma decisão é tomada sem a consciência dos três clãs e seus respectivos líderes.

-Sua mão só pertence á um. Emília diz. -Depois de feita sua escolha você fortalecerá apenas um dos clãs, apesar de indiretamente também ajudar os demais.

-Qual dos clãs liderou a invasão ? -Pergunto a Emília. 

-Os Vásquez, que época estavam sob o comando de Rogue um dos vampiros mais antigos. Ela responde séria. 

-Seu filho Raphael é um líder forte e destemido conseguiu retirar seu pai do poder e assumir a liderança como ninguém. Edgar comenta. 

-Mas tem uma fama de se envolver com várias mulheres. Ally diz olhando para suas unhas. Humanas e vampiras. Complementa. 

-Victor líder dos Ralders é astuto, um ótimo guerreiro e possui pouca paciência, lutou contra seu próprio irmão em busca de liderar. Edgar sabia muito sobre esse assunto. 

-Já seu irmão Guilherme apesar de ainda pertencer ao clã se tornou um rebelde. Elly diz. 

-E por último tem Erecks ele é inteligente e estrategista, seu clã Irons está um passo de ultrapassar o Vásquez só que para isso ele precisa de você.  

-Esse é o seu plano, se casar com um dos líderes? -Ally pergunta.  

-Sim, mas antes preciso que eles me ajudem em relação a Jack. Respondo já com o coração acelerado em pensar na hipótese, sacrifícios eram necessários e não poderia deixar a situação piorar. Olho para Dereck que está em pé ao meu lado o mesmo abaixa a cabeça ao me ouvir, sua face esboçava decepção. 

-É algo que os deixam em perigo também. Emília parece pensar um pouco no meu plano. -Talvez seja um bom plano, mas é necessário ter cuidado eles irão fazer de tudo. 

-Eu sei, partiremos amanhã de manhã. Olho para Dereck, Josh e Bianca. -Preciso pensar. Me levanto da mesa e caminho em direção a porta. Já no lado de fora o cheiro maravilhoso de terra toma conta de mim, os dois carros estacionados estão lado a lado. Ouço novamente o barulho do riacho e caminho a procura do mesmo, cada vez o barulho da água caindo fica mais forte anunciando que está mais perto. 

A vista com que me deparo é incrível, há várias pedras que se tornam os obstáculos da água, porém a mesma passa com extrema delicadeza por elas. Os raios do sol que passam pelas folhas se refletem na água, só estava eu e aquela paisagem exuberante. Retiro as botas, me agacho e sento em uma das pedras na beira da água. O frio imediato quando meus pés tocam a água me faz recuar um pouco, porém logo seguida já estou submersa na mesma. 

Nunca pensei que estaria nessa situação, aceitando me comprometer há um casamento a Lizzie de alguns dias atrás seria a primeira a dizer não, mas situações desesperadoras exigem medidas desesperadas. Já não se tratava só de mim mas de todos que estavam ali comigo, muita coisa estava em jogo. Precisava escolher, uma escolha que exigiria apenas um critério: uma forte aliança.  Um casamento por amor não existia no mundo em que eu vivo apenas interesses que iriam resultar na união, no fundo já sabia que tal decisão uma hora ou outra iria chegar mas orgulhosa como sou nunca iria assumir isso. Mas há algo que me faz pensar que rumos diferentes possam ser tomados, algo não, alguém. 

Dereck.