Humam

CAPÍTULO XXXVIII- Pés no chão

A densa fumaça e a grande quantidade de poeira que me fazem tossir, minhas costas doem devido ao impacto da explosão sentia minha pele em carne viva uma grande cicatriz viria porém meu objetivo de proteger Victor tinha sido cumprido já que o mesmo não apresentava nenhum ferimento vindo do impacto entretanto ainda estava descordado, com uma respiração fraca que me assustava cada vez mais, coloco minha mão em seu ferimento tentando diminuir a quantidade de sangue.

-Eu tô aqui, não vou te deixar. Ao olhar no entorno vejo meus amigos, os líderes e outros vampiros ali caídos ainda recobrando a consciência. Caminho em direção a Bianca que estava deitada porém acordada estendo a mão para que ela levante mas a mesma ignora, Josh a protegeu com seu corpo pois a mesma não possuía nenhum ferimento e isso era reconfortante. Me aproximo e analiso os machucados de Josh que também eram sérios iguais os meus, o processo de cura ia demorar. Mas alguém em específico não estava ali, ou melhor dois, corro para vê a origem da explosão e tenho a certificação que vinha do portão da garagem e a marca de pneus só evidenciam ainda mais a fuga de Jack e Dereck.  O plano do traidor era ainda mais audacioso do que tinha imaginado grito com todo o ódio que estava sentindo naquele momento, raiva de Jack, Derek e principalmente de mim.  

-Lizzie, vamos. Raphael me chama, o mesmo se encontrava com um corte na testa que sangrava e segurando com firmeza Erecks junto com outro vampiro.- Eles vão voltar com mais força. 

-Não podemos ir, temos que terminar a missão! Respondo irritada. 

-A missão acabou. Ele olha para os arredores aonde estavam os nossos vampiros, todos muitos machucados e desolados com a derrota. -Toma. Raphael me joga seu terno e só agora percebo que minha roupa estava toda rasgada após vestir aceno indicando que estava de acordo com sua decisão. Volto a garagem pegando minha adaga que estava no chão, me fazendo lembrar dos péssimos momentos que haviam acontecido minutos antes. Afasto esse pensamentos e ajudo dois vampiros do clã de Victor ao carregá-lo o mesmo estava bastante debilitado.

-Vamos levá-lo ao feiticeiro Danyel. Digo segurando o rosto do líder. -Nada vai acontecer com você. Vamos Bianca e Josh. Os chamo e os mesmos se quer respondem porém busco não pensar nisso agora teríamos tempo para conversar mais tarde, agora eu tenho outras preocupações mais sérias que varia de achar o paradeiro de Dereck, ajudar Victor e matar Jack. Assim que saímos já tinham carros nos esperando para nos levar, entro no banco de trás para que consiga segurar Victor com mais cuidado e é impossível não lembrar da caçadora no dia trágico que fomos atrás de Emília, por fim os vampiros o coloca ao meu lado e damos largada para a casa de Danyel. Bianca e Josh optam por entrar no outro carro e prefiro não forçar a barra.

-Lizzie. Victor diz com a voz fraca. 

-Psiu, não fala. Passo a mão em seu rosto. -Vai ficar tudo bem, tô aqui. Victor havia me salvado de quem eu nunca pensei que iria se tornar um perigo a minha vida suspiro deixando uma traiçoeira lágrima escapar mas logo a enxugo, tudo seria resolvido e logo logo Dereck estaria aqui. Seguro ainda mais firme a mão do líder, se não fosse por ele não estaria aqui e minha prioridade no momento seria ajudá-lo. Permaneço atenta ao trajeto sabia o quanto Jack poderia se covarde e traiçoeiro e o mesmo poderia nos atacar a todo instante, não era hora de fraquejar, não agora. 

***

Depois de longos e aparentemente eternos momentos consigo ver que estamos nos aproximando da vila porém sinto a respiração de Victor cada vez mais fraca. "droga de balas para vampiros" . Verifico o pulso do líder que já era quase inexistente ao nos aproximamos da casa de Danyel,  já corro gritando seu nome, o feiticeiro corre e ao abrir a porta já consegue vislumbrar a cena de Victor sendo carregado por mais dois vampiros sua feição muda rapidamente. O mesmo chama atenção de outros feiticeiros ali perto para ajudá-lo. 

-Venham rápido. O feiticeiro aponta a direção para levarem Victor e não consigo retirar da minha cabeça a possibilidade do mesmo morrer por minha causa, corro atrás mas assim que adentro a sala de estar a porta da sala de feitiços é fechada e apartir dali não depende só de mim. Olho para os vampiros que haviam me ajudado a trazer Victor que estavam bastantes abatidos, não seria o momento de preocupar todo um clã se isso acontecesse iria desapontar o líder que estava dentro daquela sala então até que o mesmo estivesse melhor teria que tomar as rédeas.

-Podem ir para o castelo, sei que tem uma família esperando notícias de vocês. Digo por fim chamando a atenção dos mesmos. 

-Não podemos ir princesa temos que ficar com Victor. Um dos vampiros que aparentemente parecia o mais novo dos três. 

-Podem deixar que eu fico aqui e assim que ele melhorar irei avisar para que venham buscá-lo, preciso que vocês vão para o castelo, talvez Jack ataque e quanto mais ajuda melhor. Falo para  acalmar mesmo que eu não esteja sentindo a verdadeira calma. -Contenham a situação por lá, estou depositando confiança em vocês, agora vão. Assim que receber as primeiras notícias dou uma passada no castelo. 

-Sendo assim estamos indo, faremos como está ordenando. O mais velho de todos diz se curvando. 

-Não encarem isso como uma ordem  mas sim como um pedido de uma princesa que ficou honrada de tê-los lutando ao meu lado. Dessa vez sou eu quem faço a reverência, consigo notar a felicidade mesmo que contida deles e assim eles se vão. Caminho até a janela e fico ali mais uma vez perdida em um turbilhão de sentimentos e em um silêncio doloroso demais, tudo que estava para acontecer era reflexo de muitas decisões erradas e a repetição delas o que é ainda mais idiota. Victor estava naquela sala por minha causa, Dereck ao lado de Jack por minha causa, Josh e Bianca magoados por minha causa e a perda de todas aquelas vida no campo de batalha eram todas culpas minhas.

A noite já havia caído e a sensação de solidão era cada vez mais presente, meus pensamentos alternavam entre lembranças boas e os momentos que haviam acabado de acontecer, choro mas dessa vez não ligando para o que iriam dizer mas tentando deixar aquilo sair de alguma forma. Me belisco buscando acordar para uma realidade aonde nada disso tenham acontecido, uma realidade em que não existia Jack ou até melhor uma que não existisse eu e meus problemas que sempre afetavam todos ao meu redor porém sabia que isso não iria se tornar real e que uma hora ou outra teria que pisar os pés no chão dessa amarga situação que acontecia no presente. Ouço um grito agonizante de Victor.

tudo culpa minha. 

           culpa minha.

                   só minha.