Purificação

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Comecei a acordar sentindo uma enorme dor de cabeça, minha boca estava seca e eu sentia meu corpo tão pesado, como se tijolos estivessem me puxando para o chão. Abri os olhos lentamente com dificuldade, demorou muito para que eu conseguisse focar direito e ver melhor ao meu redor.

- O-onde... – falei baixinho, minha voz saiu arranhada e eu sentia uma extrema secura em minha garganta, o que me fez tossir depois de falar um pouco.

Quando finalmente consegui ver ao meu redor foi que comecei a entrar em pânico. Estava escuro, mas dava pra ver um pouco ao meu redor graças a uma luz que vinha de frestas numa janela que estava com tábuas. Devia ser algum local abandonado, era o mais provável já que o local estava completamente deplorável. Havia caixas, cordas, correntes, uma cama velha de molas com um colchão todo estourado e uma mesa cheia de coisas que não consegui entender em cima. Havia algumas gaiolas também, como se fosse para cachorros de porte grande, mas não havia nada ali dentro. Olhei pras paredes, sujas, grafitadas, provavelmente aquele local deve ter sido usado por drogados antes pois haviam seringas no canto. No chão havia panos, lençóis sujos rasgados e o que mais me assustou é que havia sangue seco. Meu coração acelerou com isso, o cheiro de sangue era bem fraco, mas consegui sentir quando prestei mais atenção. Na verdade ali cheirava a mofo e urina também. Tentei me mover, mas minhas pernas ainda estavam fracas só que foi aí que notei como meus pulsos e braços doíam. Eu estava com eles presos a correntes ligadas a um gancho, que saía do teto. Eu praticamente não sentia mais o sangue em meus braços, estavam tão dormentes que eu sentia não ter mais mãos até.

- SOCORRO! POR FAVOR! ALGUÉM! – eu gritava em desespero, mesmo sabendo que nessas situações é inútil, eu simplesmente perdi minha sanidade. – Não... De novo não...

Imagens de Eric vieram na minha mente quando eu finalmente havia conseguido lidar com todo aquele trauma. Sentia meu corpo tremer de medo, imagens dele me torturando e estuprando sem parar pairavam pela minha mente, lágrimas começaram a sair de meus olhos tão fortes que nem ao menos paravam em meu queixo, caindo rapidamente no chão. Escutei a porta se abrindo, assim uma luz apareceu na parede mostrando uma sombra de um homem alto e grande. Ele ligou a luz do teto que era apenas uma lâmpada amarela, assim meus olhos arderam e eu fechei-os rapidamente. A porta voltou a se fechar, com isso o som de passos tomou o ambiente completamente. Eu tremia tanto que dava pra escutar as correntes fazendo barulho por ficarem se batendo, eu soluçava com o choro, não conseguia controlar de tanto medo.

- Já chorando? Mas eu ainda nem comecei com seu castigo. – falou a voz grossa, mas ela parecia tapada por algo, como uma máscara. Senti ele segurar meu rosto, dava pra sentir que ele estava usando luvas, com isso comecei a abrir os olhos. – Você é bem bonito, realmente um pedaço de mau caminho que serve para levar a nós, servos de Deus, a pecar. – tremi mais ainda com essa fala. É um fanático? Não faz sentido.

- P-por favor... – ele ficou atento. – Me deixe ir... Por favor... – implorei com a voz bem falhada e rouca por causa da secura.

Ele não disse nada, apenas se virou e pegou uma garrafa d'água se aproximando de mim. Ofereceu e eu acabei aceitando, eu estava já com a garganta dolorida precisando daquilo. Depois que bebi ele levou a garrafa de volta a mesa e volto a minha frente. Me olhava de cima a baixo sem dizer nada, seu olhar era intimidador demais. Foi então que ele pegou uma faca e começou a aproximar de mim. Me assustei e tentei escapar, mas não conseguia fazer nada com meu corpo preso as correntes. Ele pegou minha camisa e começou a cortá-la completamente, primeiro de cima a baixo no centro e depois as mangas para que pudesse retirar completamente. Jogou tudo no chão mesmo e guardou a faca, me aliviei um pouco, mesmo que ele ter cortado minha camisa não era um bom sinal.

O Cretino e o ProstitutoOnde histórias criam vida. Descubra agora