PRÓLOGO

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Levi Mackenzie

Esta noite eu matei uma pessoa.

Não me despedi e não me desculpei, eu simplesmente decidi que aquele seria o fim da sua vida.

Não sei se me sinto aliviado ou aflito.

O cigarro queima, mas eu não trago.

O passado grita, mas eu não escuto.

E se eu tivesse ouvido...

Levanto o olhar em direção ao par de esmeraldas amaldiçoadas que já não têm o mesmo brilho.

Jade não desvia, ela simplesmente me encara de volta como se eu fosse o início e o fim.

Ela conhece os meus segredos e sabe o que estou pensando.

— Por que você me odeia tanto, Levi?

A sua voz é como uma melodia triste.

Eu respiro fundo e, inevitavelmente, sorrio.

Esse é o primeiro sorriso após eu ter me tornado um assassino.

— Eu não te odeio, Jade Stoorn.

— Não? — Ela arqueia as sobrancelhas negras, confusa e esperançosa.

— Não mais.

— E o que você sente por mim?

O sorriso se desfaz.

A franja negra cai sobre meus olhos como uma cortina.

Está chovendo lá fora e é questão de tempo até a polícia nos encontrar.

Portanto, se ela estava querendo a verdade, não há mais motivos para mentir.

Em breve estaremos presos ou mortos.

E eu...

— Não sinto absolutamente nada.

Os seus olhos se apagam devagar.

Eu estou vazio.

Enquanto Jade transborda.

Talvez eu consiga lidar com o fato de ser um assassino. Talvez eu até goste da sensação.

Mas Jade não é assim.

Ela simplesmente não se importa, porque não foi ela quem apertou o gatilho.

Fui eu.

Não é ela quem está condenada.

Sou eu.

Sinto raiva, mas não dela e sim das circunstâncias.

Jade destruiu a minha vida.

Ela é a minha ruína, pois seus olhos são amaldiçoados.

E eu a amei.

Ela é um abismo.

E eu pulei.

— Eu faria tudo por você, Levi. Tudo. — Ela diz, sentada de frente a mim, chorando.

Eu a encaro por alguns segundos.

— Tudo por mim, Jade?

— Sim.

Eu nego com a cabeça.

— Você tem certeza disso?

— Eu tenho, Levi.

— Por que eu deveria acreditar?

— Eu não tenho razões para mentir.

— Então você mataria por mim?

— Sim.

— Você morreria?

— Sim.

Eu encaro a sua alma.

— Então morra.

Dito isso, eu simplesmente me levanto da poltrona, entrego a pistola na sua mão e saio.

Ouço o disparo logo em seguida.

Adeus, Jade.

J∆DE (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora