OBSESSÕES

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Irla Rajesh

— Eu quero saber de quem é este maço de cigarro! — A inconfundível voz de Kali, a minha mãe, explodiu pelo corredor até chegar na sala

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— Eu quero saber de quem é este maço de cigarro! — A inconfundível voz de Kali, a minha mãe, explodiu pelo corredor até chegar na sala. Eu olhei de relance para Indra, o meu irmão mais novo. Ele fez que não com a cabeça, assustado. Os passos da minha mãe ficavam mais altos a medida em que ela se aproximava. — Eu não vou perguntar novamente.

Então a indiana de quarenta e cinco anos parou na frente do sofá onde eu e Indra estávamos sentados. A postura imponente. Segurava em sua mão direita o maço de Marlboro, enojada.

Alguns segundos se passaram. Indra abriu a boca, fazendo menção de que iria falar algo, mas eu o impedi.

— É meu.

O olhar de Kali recaiu sobre o meu.

Havia o mais profundo desgosto na sua expressão, mas ela não parecia surpresa.

— Irla... — Indra tentou dizer, abismado.

— Vá para o seu quarto, Indra! — Kali ordenou, sem desviar os olhos do meus.

— Mas, mãe... — Antes que ele terminasse de falar, eu segurei em seu braço. Ele abaixou a cabeça e então assentiu. — Sinto muito.

Em seguida, Indra se levantou em silêncio, pegou o livro que estava lendo e saiu em direção a escada.

Agora éramos apenas eu e Kali.

— Esse é o exemplo que você dá para o seu irmão? — Ela levantou o maço na altura do meu rosto, quase o esfregando na minha cara. — Você é a decepção da nossa família.

Eu permaneci sentada com os joelhos colados um ao outro, mãos sobre as coxas e a postura ereta.

O maço não era meu.

— Desculpa por isso, mãe. — Eu disse sem expressão e sem arrependimentos.

— Isso é o de menos, Irla. — Ela jogou o cigarro sobre a mesinha de vidro entre nós. — Você não usa mais os sáris que eu compro e nem tampouco o binde na sua testa. Eu olho para você e vejo uma dessas garotas americanas... Eu olho para você e não reconheço a minha própria filha. — A sua voz era firme, mas suas palavras transmitiam decepção. — Você pode usar as suas drogas, eu não me importo. Mas não ouse trazer esse lixo para dentro da minha casa novamente.

— Sim, senhora. — Assenti com a cabeça.

— Espero que o seu relacionamento com Mackenzie esteja caminhando para um noivado. Eu e o seu pai já esperamos tempo demais. — Ela me encara de cima, ameaçadora. Os seus olhos avelãs são semelhantes aos de Medusa. — É melhor que saiba o que está fazendo, Irla. Caso contrário arranjaremos um marido para você o quanto antes.

— Não irei decepcionar. — Abaixo a cabeça em sinal de respeito.

— É melhor que isso seja verdade. — Kali olha para o maço sobre a mesa e em seguida para mim. — Jogue isso fora! — Após isso ela se vira e sai, me deixando sozinha.

J∆DE (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora