AMIZADE COLORIDA

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Levi Mackenzie

— Você parece distante. — A voz aveludada soprou no meu ouvido.

— Estou bem aqui. — Eu respondi em poucas palavras e encarei o meu reflexo distorcido dentro do copo de uísque.

— Você sempre está há milhares de anos luz distante de mim. — Sentou ao meu lado, no banco do bar. Era manhosa como uma felina, proprietária de uma beleza selvagem e misteriosa. — Por que me ligou, Levi?

Eu apertei o copo de vidro com as duas mãos. A atadura ainda estava lá para me lembrar de controlar à impulsividade. Enquanto isso, Irla Rajesh, sentada ao meu lado, me observava silenciosamente.

Eu ainda não possuía coragem suficiente para olhar em seu rosto. Depois de tudo o que aconteceu não trocamos sequer uma palavra. Não, eu não estava fugindo dela, estava apenas evitando decepcionar alguém com quem eu me importava. Não queria que meu olhar mudasse... Porra, eu não queria olhar para ela e enxergar apenas o seu corpo.

Irla era mais que isso.

— Estou bêbado. — Dei de ombros, indiferente.

— E o que eu tenho a ver com isso?

— Tudo.

Engoli o uísque seco e finalmente encarei os seus olhos dourados.

— Não, Levi. Eu não sou a Dude ou qualquer outra vadia que você liga apenas quando está chapado. — Irla disse a si mesma tentando, de alguma forma, estabelecer um limite que havia sido ultrapassado há muito tempo.

— Então por que você está aqui?

Irla não movimentou sequer um músculo da sua linda face. Ela não transmitiu nada. Eu também não.

Encaramos um ao outro como em um desafio. Quem estava disposto a apostar tudo e perder? Naquela noite nós descobriríamos.

— Porque eu sou a porra da sua amiga, Levi. A sua única amiga. — Irla respondeu um tempo depois enojada como se eu fosse digno de piedade.

— Isso é bom ou é ruim? — Franzi as sobrancelhas, e Irla arqueou as dela.

— Por que seria bom? Você é egoísta como o seu pai. Eu e o Noah somos apenas soldadinhos na sua mão, sempre realizando seus caprichos sem questionar. — Ela cuspiu a verdade ácida no meu rosto. — Por que você tem que ser assim? Você fugiu por todos esses dias, mas esperou ficar bêbado para me ligar.

— Eu apenas estive confuso... envergonhado. — Desviei o olhar.

— Guarde as suas desculpas esfarrapadas para outra mulher. Eu estou cansada dessa merda. E não se sinta especial e nem nada do tipo, porque eu sequer me lembro do que aconteceu.

— Se não lembra, por que está tão irritada?

— Levi, eu não estou irritada. Pior que isso, estou decepcionada pela forma como você ignora todas as pessoas que se importam com você e, francamente, não são muitas. — Irla suspirou, cansada. Mexeu no cabelo e olhou para mim como se eu fosse a porra de um fardo. — Eu vou embora.

— Irla! — A chamei quando se levantou e ficou de costas. Ela apenas olhou por cima do ombro em resposta. — Desculpa por... você sabe.

J∆DE (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora