J∆DE (+18)

MEU ÁLIBI

Eu aprendi muito com os Mackenzie's, e tive que me acostumar muito cedo com o fato deles serem imprevisíveis.

Malditos, pai e filho. Eles eram exatamente iguais em suas infinitas possibilidades.

E quando acordei tudo tremia, desde as paredes até o vidro das janelas. A música era tão alta que chegava a ser ensurdecedora. A sensação que eu tive ao abrir os olhos foi semelhante a de um bombardeio aéreo.

Eu teria que lidar com uma ressaca... Não, com uma puta ressaca e reunir forças para ver o que estava acontecendo.

Não havia luz. Apenas escuridão. Era noite lá fora e aqui dentro também. Eu havia dormido durante o dia inteiro e no meio desse processo Levi, certamente, decidiu dar uma festa.

Era óbvio. Aquilo era pura provocação. Ele sabia que me deixaria extremamente irritada, e sem ter escolhas eu iria sair da mansão para um lugar calmo até que Bruce voltasse.

Cada músculo estava tensionado sobre os lençóis. Eu senti quando o ódio fortaleceu o meu corpo de uma forma intracelular. Eu me levantei imediatamente da cama, caminhei até a sacada e obtive a confirmação. Lá embaixo o cenário era pós-apocalíptico, pessoas chapadas em volta da piscina dançando loucamente, seminuas e excitadas. As luzes de neon brilhavam e queimavam. Era como se não houvesse amanhã.

Senti a brisa invadir o meu quarto e bagunçar todos os meus pensamentos. Nesse instante os nossos olhares se cruzaram. Em um canto meio afastado da multidão, lá estava Levi, não sorria, não parecia estar com raiva, era simplesmente desafiante. Eu franzi as sobrancelhas com força quando ele ergueu um copo vermelho para o alto, simulando um brinde, em seguida o virou na boca e bebeu cada gota sem desviar sequer um segundo o olhar do meu.

Sua mão estava reabilitada. Levi tinha o mundo sob seus pés. Aquela casa era sua, não minha. Ele fazia questão de me lembrar. Os nossos olhares, entretanto, pareciam estar sincronizados com a música eletrônica. Aquilo sim era perturbador. Jamais iríamos parar de nos provocar. Era quase como uma promessa.

Naquele instante eu tive que guardar cada estilhaço da minha alma quebrada bem no fundo do meu coração. Não estava disposta a perder. Eu teria que ser forte e mais do que isso, superior.

Se Levi desejasse uma guerra, era isso que ele iria ter.

Sorri amargamente e me afastei da sacada, saindo do seu campo de visão. Eu estava decidida. Não iria ceder nem mesmo por um segundo.

Caminhei decididamente até o closet ignorando as constantes batidas na porta do quarto, porque provavelmente Levi fez questão de dizer para todos os convidados que aqui era o banheiro. Eu deveria ser forte e corajosa, mostrar aquele playboyzinho de merda que eu era a dona daquela casa também.

Não chamaria a polícia para acabar com aquela festa medíocre e nem tampouco ligaria desesperada para Bruce como uma vadia que não consegue pensar sozinha. Eu decidi descer até lá embaixo vestida apropriadamente com o meu melhor biquíni vermelho, glóss nos lábios e óculos de coração. Se Levi estava dando uma festa na nossa casa, isso significava que eu era convidada VIP.

Quando cheguei na área aberta onde ficava a piscina e também onde estava concentrada a maior parte da aglomeração, todos olharam para mim simultaneamente de queixo caído. "Esse é o efeito de Jade Stoorn sob meros mortais", foi exatamente isso que eu pensei.