PRAZER E DESTRUIÇÃO

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Cigarro entre os dedos e a respiração ofegante.

Depois do prazer eu derretia naquela cama como algodão doce ao entrar em contato com a saliva. E por falar em saliva, a minha pele queimava em todos os lugares que a sua língua quente encostou.

Bruce era o tipo de homem que encontramos apenas uma única vez durante toda a vida. Aquele olhar gélido, a expressão carregada e as mãos firmes faziam parte do conjunto de perfeição que apenas ele possuía. Embora fosse o CEO, um dos homens mais ricos do país e influente do mundo e, possuísse tudo e todos na palma da sua mão, ele havia me escolhido dentre infinitas opções.

Após o sexo, fumávamos em silêncio no quarto.

Bruce Mackenzie não era o tipo de homem que gozava, virava para o lado e dormia. Ele apenas ficava em silêncio, pensativo, inalcançável.

Bruce dava tudo de si na cama, mas ele jamais se doaria por completo fora dela. Eu sabia disso e aceitava porque entendia que aquilo fazia parte da sua essência.

— No que está pensando? — A minha voz soou como um sopro em meio a neblina de fumaça sobre nossos corpos nus.

Bruce olhou para mim, enigmático.

Os olhos claros eram cintilantes e translúcidos.

— Em você.

A voz rouca era verdadeira, mas suas palavras eram de mentira.

Bruce Mackenzie não ocupava a sua mente com mulheres. Era egoísta demais para se apaixonar.

— Não diga o que eu quero ouvir. Não preciso de um prêmio de consolação. — Não estava irritada, mas preferia que ele não dissesse nada ao invés de mentir.

Eu dei um trago profundo e analisei a sua expressão facial. Todos os seus traços harmônicos não transmitiam absolutamente nada. Bruce era ilegível.

— Jade, Jade, Jade... — Ele sorriu de lado, bebendo o uísque com os olhos fixos em mim. Eu sentia o cheiro do álcool impregnado nos seus lábios e aquilo era tentador, me fazia ter água na boca. Estávamos sentados na cama de forma confortável, com a parte posterior dos nossos corpos apoiados em travesseiros macios. — Por que sempre tão cética?

— Eu apenas não sou uma mulher que precisa de palavras bonitas para se sentir bem. — Dei de ombros, desdenhando da sua tentativa frustada de me engabelar.

— E o que você realmente precisa para se sentir bem?

Ninguém nunca havia me perguntado isso.

Ninguém nunca se importou com o meu bem estar mesmo que de mentira.

Eu demorei um pouco para responder. Não sabia ao certo.

— Eu acho que a sensação de adrenalina. Isso me faz sentir viva. — Meus olhos brilharam. — Não gosto de monotonia.

— E monogamia, você gosta? — Me desafiou. Senti um nó na garganta. Como eu poderia dizer que trai todos os meus antigos namorados e inclusive o atual? — Por que a demora em responder? — Sorriu de lado.

— Hipocrisia minha dizer que gosto de monogamia. Acho que faz parte de todo ser humano sentir atração por outras pessoas mesmo dentro de um relacionamento, mas é sobre concretizar essa fantasia ou não. — Me recompus. As palavras soaram firmes e confiantes. Estava sendo honesta.

— Então você tem fantasias? — Bebeu o último gole de uísque e deixou o copo no criado mudo.

— Você não? — Aticei como quem não tem medo de se queimar. Bruce roubou o cigarro da minha mão e o colocou entre os seus lábios. Levantou o queixo levemente e me encarou com superioridade.

— Eu já realizei todas.

Ergui as sobrancelhas, surpresa.

Era mesmo um filho da puta! É claro que ele poderia ter quem e o que ele desejasse. Bruce era a porra do dono do mundo.

— E não sobrou nada para mim?

— Depende do ponto de vista. — Apagou o cigarro no cinzeiro de vidro e em seguida tornou a olhar em meus olhos. — A minha última fantasia foi você.

— E o que você vai fazer quando se sentir atraído por outra mulher? — Havia muito ciúmes na minha voz. Eu simplesmente não conseguia disfarçar.

— O que você acha?

— Francamente, Bruce — tentei me levantar, irritada com aquela conversa, mas ele me segurou. O encarei, impaciente. Ele estava simplesmente declarando que foderia outra mulher sem pensar duas vezes se assim desejasse. — Não vou aceitar que me faça de idiota.

— Isso nunca se passou pela minha cabeça, Jade. É impossível desejar outra mulher da mesma forma que desejo você. — Sua mão pousou na minha nuca, levando meu rosto para de encontro ao seu. Estávamos muito perto. Tão perto que doía. — Eu sou viciado no teu corpo, na tua pele de pêssego, no teu cheiro... Você não entende? Eu quero você. Eu tenho você.

Nossos corpos esquentaram. Eu conseguia sentir a sua respiração contra o meu pescoço quando Bruce o beijou. Naquele momento cada célula do meu corpo inflamou devagar.

— E se você entrar em abstinência?

— Para isso você teria que morrer. — Ele respondeu simplesmente, me beijando em seguida. Eu entendi a partir daí que eu seria sua, e que essa decisão pertencia somente a ele. O meu destino estava, definitivamente, em suas mãos.

O seu beijo era real. O gosto de uísque e cigarro em uma perfeita harmonia em nossas bocas.

Quando cessou o beijo, Bruce olhou dentro dos meus olhos como se fossem a fórmula para a imortalidade.

— Jade... — sussurrou em a mais profunda devoção.

— Bruce. — O beijei novamente, pulei em seu colo iniciando um novo ciclo de prazer e destruição.

Mas no fim, é claro, só eu ficaria arruinada.

Corpos flamejantes como se fôssemos estilhaços de uma explosão. Cada segundo de nossas vidas parecia perfeitamente resumido dentro daquele quarto porque a verdade estava presente assim como todas as mentiras.

J∆DE (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora