AFRODITE

218 24 6
                                    

Repostando porque apaguei sem querer essa merda

Levi Mackenzie

Afogado na dor.

Eu vejo os meus olhos refletirem nas luzes de neon.

Uma multidão. Eu não estou sozinho.

Se eu soubesse o que estava por vir, jamais cometeria os mesmos erros.

Vivendo todos os dias em um sonho silencioso e quando acordo estou gritando.

Abri os olhos, incomodado com a claridade. Não sabia onde estava e nem tampouco como havia chegado ali.

Uma montanha de corpos nus jogados nos móveis do que parecia ser uma sala. Eu estava sem camisa tremendo e suando frio. Ao meu lado direito estava uma garota loira e ao redor do meu corpo, um braço fino e tatuado me envolvia, mas eu não sabia o nome daquela outra pessoa.

Eu me soltei e fui tropeçando nas pessoas. Minha cabeça girava sem parar, era como se eu estivesse em uma corda bamba.

— Aonde você vai? — Uma voz aveludada soprou no meu ouvido quando segurei a maçaneta da porta.

Normalmente eu não responderia, mas eu estava tão chapado que não sabia diferenciar um sonho da realidade. Era uma linha tênue, no fim eu estava entre os dois estados.

— Para casa. — Murmurei, sem olhar para trás.

— Sem roupa? — E soltou uma risadinha no fim.

Eu olhei para baixo.

Eu estava totalmente nu.

Então eu me virei devagar.

A garota também estava nua.

Todos estavam.

Ela tinha o olhar fixo no meu. Era como se já me conhecesse.

— Quem é você?

— Eu que te pergunto isso. Você está na minha casa. — E deu um trago profundo no baseado que estava entre seus dedos tatuados.

— Chama isso de casa? — Olhei ao redor. Móveis destruídos, pessoas por toda a parte, garrafas e copos vazios espalhados em todo lugar onde eu olhava.

— Sim.

A resposta não veio de imediato e, finalmente olhando para ela novamente, eu pude enxergar toda a sua dor.

Talvez ela estivesse quebrada como eu.

Não consegui sorrir e fingir que me importava, porque a verdade é que eu não dava a mínima. Mas ver seus olhos gigantes com maquiagem borrada através das falhas da sua franja mal cortada foi... hipnótico.

— Quer subir? — Sua voz era estranhamente baixa e rouca. — Tomar um banho... não sei.

Eu olhei por cima dos seus ombros e vi a escada de madeira logo atrás. Depois tornei a encarar seus olhos cinzas.

Éramos como Adão e Eva no Éden ou no inferno. Não importa, estávamos juntos, enfim.

Subimos os degraus silenciosamente. O seu quarto ficava no final do corredor. Era uma casa muito grande e luxuosa. Mas o ambiente carregado de drogas e pessoas desconhecidas tornava tudo caótico.

Eu me sentei na banheira com água morna. Isso me fez parar de tremer um pouco. Abracei os meus joelhos e encarei o meu reflexo distorcido onde não tinha espuma.

A garota estava sentada ao lado da banheira em um banquinho. Ela deu um trago no cigarro, bebeu vinho e jogou água na minha cabeça com a própria taça de vidro.

J∆DE (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora