J∆DE (+18)

AMOR E OBSESSÃO

Jade Stoorn

Eu pensei ser acostumada com a solidão até começar a tomar café da manhã e jantar todos os dias sozinha.

A comida descia seca ou simplesmente não descia. Conversar com Gracie não era o bastante, mexer no celular não fazia o tempo passar... O que adiantava ter o mundo se eu não tinha ninguém?

Aquilo me irritava. Estar afastada da faculdade era desesperador. Me sentia presa em uma gaiola de ouro como uma pobre garota rica que, honestamente, não me representava.

Na manhã do dia 17 eu acordei mais cedo que Bruce. Esperei que ele abrisse os olhos e me desse um beijo frio para começar a se arrumar. Eu tinha muito a dizer, mas antes que pudesse começar, Bruce tomou o meu lugar de fala.

— Jade, eu irei fazer uma breve viagem de negócios. Você ficará bem?

Simples assim.

Não me convidou, não pediu a minha opinião e muito menos esperou que eu respondesse, porque aquela era uma pergunta retórica.

Bruce apenas se levantou e foi até o banheiro. Eu esperei na cama, sem dizer sequer uma palavra, contanto segundo por segundo até que ele voltasse do maldito banho.

Aquele cruel momento de reflexão me fez lembrar que nós já não transávamos há uns quatro dias, não por falta de desejo e sim por falta de tempo. Na verdade, Bruce tinha tempo para tudo, até para a porra dos acionistas chineses, mas não para mim. Eu estava ali a pouco tempo, mas era tempo o suficiente para eu saber que não era, nem de longe, uma prioridade.

Alguns minutos depois Bruce já estava no quarto. Depois de vestir um terno preto feito sob medida, ele se posicionou frente ao espelho, sua postura era a mais perfeita possível enquanto dava o nó na gravata bordô.

— Precisamos conversar. — Eu finalmente tomei coragem para dizer. Estava sentada na cama olhando fixamente para Bruce que em contrapartida encarava o próprio reflexo.

— Nós realmente precisamos conversar agora? — Ele fez questão de enfatizar que aquela não era uma hora. — Não posso chegar atrasado, então se não se importa podemos conversar quando eu voltar depois de amanhã.

— Eu me importo, Bruce. Eu realmente me importo. — Sorri acidamente, então ele olhou para mim com um mix de curiosidade e confusão.

— Jade, o que quer que seja pode esperar . — Ele estava convencido disso, agora mexendo no seu iPhone para checar a agenda.

Senti uma onda de calor subir pelas minhas pernas. Não, eu não estava excitada, eu estava muito, mas muito irritada. Então eu simplesmente me levantei, me pus frente a ele, peguei o seu celular e o encarei firmemente.

Bruce franziu as sobrancelhas sem entender e sem gostar nenhum pouco do meu atrevimento.

— Preciso do meu celular. — Ele fez um gesto com a mão esperando que eu devolvesse o aparelho. Estava calmo e inalcançável.

— E eu preciso de você, porra! — Disse forte, empurrando o celular contra o seu peito.

— O que está acontecendo?