— Levi, você tem tomado as suas medicações?
— É claro que sim, doutora. — Sorri, descruzando as pernas e relaxando no sofá de couro.
— Bom, vejamos... — os olhos navegaram pelas anotações em sua prancheta. — Você tem consumido bebidas alcoólicas?
Sorri mais uma vez e neguei com a cabeça.
Ela estreitou o olhar.
— Você está sob efeitos de drogas agora, Levi?
A Dra. Stillman, minha psiquiatra, que trabalhava diretamente para o meu pai, fincou seus olhos caramelizados em mim. As sobrancelhas finas formavam uma linha tênue.
A mesa de madeira era a única coisa entre nós naquela imensa sala iluminada. Eu conseguia ver a cidade pela a janela à minha esquerda. Os carros faziam o mesmo trajeto em uma segunda-feira normal, enquanto as pessoas dentro deles levavam uma vida patética e previsível como se não fossem morrer algum dia e, consequentemente, deixar tudo pela metade.
O que é uma vida ideal?
Ou o que é uma morte digna?
Eu não sei.
— Não.
— Não o quê?
— Não estou drogado, Dra. Stillman. — Menti.
Ela me analisou por alguns segundos.
— Ótimo! — Sorriu falso, tão falso como quem finge se importar, mas ela não dava a mínima, porque o seu trabalho resumidamente era coletar informações para o meu pai e me deixar dopado. — Está melhorando?
Olhei para a mão enfaixada.
— Ainda não posso tocar a minha guitarra, porque a médica disse que existe o risco de soltar os pontos, mas está bem sim... na medida do possível. — Dei de ombros. Ela concordou com a cabeça.
— Você está controlando a sua impulsividade?
— Totalmente.
— E está apresentando algum efeito colateral dos medicamentos que te prescrevi na última consulta?
— Bom, vejamos... Além da baixa libido, insônia, náuseas, falta de apetite, espasmos musculares, taquicardia e sonhos anormais..., eu diria que não. — Respondi ironicamente enquanto contava nos dedos da mão.
Aqueles medicamentos eram uma merda. Eu não as tomava desde o dia em que havia me machucado no restaurante.
— Que bom, Levi. Fico feliz que esteja bem. — Disse, sorrindo.
Bem? Eu iria explodir a qualquer momento.
— É, que bom que eu estou bem. — Sorri de volta.
— Sendo assim, aqui está a sua receita. A propósito... — aquela sempre era a melhor parte —, achei melhor prescrever essa nova medicação, assim você conseguirá dormir.
Ela me entregou a folha da receita médica, mas não me dei ao trabalho de ler, apenas dobrei em quatro partes e coloquei no bolso de trás da minha calça jeans.
Havia uma curiosidade importante sobre aquela médica. Ela era diagnosticada com TOC, mais precisamente Transtorno Obsessivo Compulsivo, então além de ser uma mulher antiquada, ela não gostava de contato físico, mas a sua filha gostava.
Eu havia a conhecido em uma das idas até o consultório. Era a típica garota deprimida e dopada. De certo modo se parecia muito comigo, porque nós dois éramos filhos de pais narcisistas.
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J∆DE (+18)
RomanceLevi Mackenzie é problemático, e Jade sabe disso. O ódio que sentem um pelo outro move montanhas e não há nada capaz de uni-los novamente... Nada além de um assassinato. JADE - AMORES IRREFUTÁVEIS, vol. 02 AMORES IRREFUTÁVEIS - ∆KIRA vol. 01 - J...