Capítulo XXII

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   Dois dias. Já faziam dois dias que estavam na estrada, e sequer estavam perto da tal ilha. O caminho que sempre pareceu tão simples, tomou proporções inimagináveis, como terem andado em círculos duas vezes, perdendo horas preciosas de viagem. O tal exército inimigo que tanto imaginavam, não vinha.

    Tudo estava absurdamente estranho.

   A guerra psicológica que pareciam fazer, estava pegando a todos mais que a física. Um mínimo barulho de pássaro voando, já era motivo para uma chuva de flechas.

   Com um belo atraso, finalmente chegaram ao grande abismo, onde deveriam desviar quilômetros de sua rota, pois havia uma ponte feita pelos gigantes, para que enfim pudessem chegar à costa.

   -Tropas foram vistas após a ponte, o que devemos fazer?- Ilana, uma das fadas mensageiras, avisou parando ao lado de Gregor, com um pequeno corte em seu braço. -Eles quase me acertaram, mas eu consegui desviar- respondeu dando de ombros.

   -Iremos atacar antes deles, tome cuidado, não fique na linha de frente, e qualquer coisa fuja o mais rápido possível- respondeu o rei com um suspiro, ainda pensando em tudo.
   
    -Podemos tentar mandar alguns homens por outro caminho, não sei, por baixo mesmo, vai demorar, mas pode pegar eles desprevenidos pelas costas- sugeriu Pedro.

    Sua ideia poderia ser ótima, afinal, apesar de bem alto, a distância entre as duas partes, eram de apenas uns duzentos metros, coisa que atravessariam em minutos. A única desvantagem era do outro lado. Não havia algum esconderijo para que fosse de fato surpresa.

    -A primeira cabeça que vissem, já iriam atirar, poderíamos feio- resmungou Edmundo, ranzinza como antes de voltarem.

    -Então irei avisar que iremos pela frente mesmo, dois exércitos chegam ainda hoje, então devemos tentar não sair muito da região, para que nos encontrem- disse o rei, se levantando.

    Rapidamente à ordem se espalhou, e os guerreiros que estavam distraídos, se alimentando, fazendo suas necessidades ou qualquer coisa, logo levantaram ja ficando em formação.

    Na linha de frente, contava com três dos Pevensie, Gregor, Luxa e o mais novo braço direito, Severo. Susana iria atrás, já que os arqueiros teriam zero vantagens nesse terreno. Era uma luta de solo.

    Trompetes anunciavam a chegada do Reino aliado, que interrompeu os planos para uma breve conversa. Gregor teria que liderar ambos exércitos, afinal, a maior parte da luta era dele.

     Ninguém conseguia acreditar que o momento decisivo estava tão perto, mas tão longe para alguns, pois sem dúvida haveriam perdas.

    O caminho para a ponte se encurtava, e ao horizonte ja se podia ver os adversários. Uma coisa bizarra aconteceu, quando todos saíram de sua posição de ataque, e um dos inimigos, o que parecia comandar, tirou seu capacete, revelando sua face.

     -Não pode ser- sussurrou Gregor.

     Como porra seu irmão estava ali? Haviam passado-se anos, ele estava diferente, com cabelo mais comprido e barba sem fazer, mas Gregor reconhecia seu irmão. Era por isso que havia sumido?

      -Greg, temos que atacar- sussurrou Lúcia, após explicar rapidamente para Pedro, que passou para seus irmãos o que estava acontecendo. Ela era a única que sabia o desespero de seu amigo para encontrar o irmão, as noites de crises de choro, para ele estar aliado aos inimigos?

     -Atacar! Sem misericórdia!- Gritou Gustav, com um sorriso maligno para seu irmão. E com esse grito, tudo se iniciou.
  
     Cada passo parecia demorar seis séculos, mas ao mesmo tempo como se estivesse acelerado em quinhentas vezes, era um sentimento único e bizarro compartilhado por todos.

The New Queen || As Crônicas De Nárnia Onde histórias criam vida. Descubra agora