Capitulo III

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Algum tempo depois, sabe Deus quanto, Edmundo finalmente conseguirá acalmar a loira, que agora simplesmente estava sentada no chão, encarando fixamente o corpo, que ainda estava com os olhos abertos e a espada enfiada próximo ao coração.

   -Acho melhor você não ficar olhando, pode te deixar pior- ele avisou, tocando levemente o ombro da garota, que visivelmente havia se assustado, como se saísse de outra realidade. -Esta pronta para ir?Ou prefere ficar? Está anoitecendo já- questionou pegando as espadas que haviam ficado pelo chão, tomando a decência de ficar na frente ao retirar a que estava no inimigo, de forma em que a garota não visse.

Ótimo, haviam exatamente cinco espadas, como se fosse especificamente para eles. Os cavalos eram um pouco desconfiados, mas ele havia subido em todos diversas vezes e não teve quaisquer problemas.

Magnólia havia os salvado com sua teimosia com relação a bandeira, e agora eles tinham de tudo, desde cantis de água, a espadas e cavalos.

A única coisa que Edmundo torcia, era que seus irmãos encontrassem comida, porque os pedaços que os homens tinham guardado, mal dava para dois dias, fora o pequeno na lareira, que os dois dividiram em silêncio.

  -Vamos ficar- assentiu a garota, praticamente sem voz, finalmente se levantando, saindo de perto do corpo do homem e indo na direção de Edmundo -Você está ferido- disse olhando a blusa do moreno, que estava rasgada em dois pontos, mostrando um corte superficial em seu braço, e um mais feio em seu abdômen.

Na escola, todas garotas tinham treinamento de primeiros socorros, para quando seu marido necessitasse no futuro. Com isso, conseguia perceber claramente que em nenhum dos cortes seria preciso saturar, o que era ótimo, devido a situação em que estavam.

    -Não tem nada, já tive piores, logo ele sara- murmurou o mais velho, mesmo sentindo dor, pela força que fez ao tirar a espada do corpo do desconhecido.

    -Pode infeccionar, sente-se aqui- pediu a menina, ainda de forma quase inaudível, enquanto ia até o local onde os homens comiam, achando um cantil velho. -Odeio esse cheiro- murmurou ao abrir a tampinha, e sentir o odor de álcool invadir suas narinas.

    -Não precisa mesmo- Edmundo resmungou sem ânimo, ao ver que a loira desejava jogar o álcool em seu ferimento, imaginando a dor e ardência que sentiria com isso.

    -Precisa sim, você nem vai sentir- disse se ajoelhando na frente do garoto, que ao abrir a boca para falar alguma coisa, fora interrompido. -Tire a camisa- pediu o encarando de forma, que demonstrava que não sairia dali sem cuidar do ferimento.

   Bufando e murmurando irritado, por ter sido vencido por uma garotinha, Edmundo tirou sua camisa, fazendo uma pequena careta ao levantar o braço.

   Magnólia por sua vez, estava envergonhada, pois nunca havia ficado a sós com um garoto sem camisa.

   -Vai arder um pouco- disse tentando tirar seus olhos do corpo do rapaz, enquanto rasgava um pedaço da manga do blazer que usava (que por sinal, era dele mesmo), para poder amarrar depois.

   -Não podemos simplesmente ir embora?- Edmundo pedia sério, apesar de achar graça da visível timidez da garota, que se encontrava totalmente corada, evitando olhar para ele, e o tocando minimamente, apenas com as pontas de seus dedos finos e gélidos.

The New Queen || As Crônicas De Nárnia Onde histórias criam vida. Descubra agora