Minha Atriz Favorita

23. A Ligação Estranha

— Olha, se foi algo que minha mãe disse ou alguma coisa haver com ela, nem perde seu tempo, não quero me envolver nas coisas que ela faz.

— Não é nada disso, querida. Só quero ter uma pequena conversinha, podemos?

— Prossiga.

— Sei que sua mãe mora em Marrocos, que ela se divorciou de seu pai... Alguma dessas coisas deixa você com medo?

— Está me ameaçando? Acha que vou me sentir ameaçada se você disser coisas óbvias sobre minha família?

— Suponho que você já deve ter percebido onde quero chegar... Se alie a mim e terá tudo que você quiser.

— Não sei quem você é e também nem sei de onde me conhece, mas não tô com paciência pra trote. Tenha um bom dia.

Desligo.

Já recebi vários trotes na vida, uns até meio pesado, mas nunca um que chegue ao nível de saber coisas sobre minha família.

Isso não me assusta, qualquer um pode saber o nome de minha mãe, e até onde ela mora. E o divórcio, suponho que tenha sido um chute, pois vários casais se divorciam todos os dias.

Talvez eu deva estar me preocupando por terem me ameaçado com informações sobre minha família, mas na real, isso nem me assustou.

[...]

Não se passa muito tempo depois da ligação estranha e Zulema finalmente chega.

Zulema

— Cheguei. Teve alguma ligação? Alguém veio aqui?

— Teve algumas ligações sim. Uma atriz não virá por 1 mês por motivos pessoais. Reunião com alguns caras importante e um cara vendendo produtos. Ah, e uma ligação estranha...

— Como assim estranha?

— Sei lá, ela estava falando sobre minha familía e disse que se eu me aliar a ela, terei tudo o que eu quiser. — Certeza que foi a Hanna, como caralhos ela achou Macarena?

— Me conta tudo. Ela falou seu nome? Nome de algum familiar seu? Local onde você morava antes de Madrid?

— Sim. Ela disse o nome da minha mãe e disse exatamente onde ela mora. Bom, o país.

— Falou mais alguma coisa? Perguntou de mim?

— Por que ela perguntaria de você? Ela não era uma pessoa aleatória passando trote?

Não Macarena, ela é minha mãe... Não posso dizer isso a ela, ninguém além das meninas sabem, e tenho certeza que elas não iriam reagir muito bem se eu dissesse que contei a ela.

— Não... É... Aqui é uma empresa e... Sabe...

— Faz sentido... Mas não, ela não falou nada sobre você. Escuta, tem algo que eu não sei? Tipo, alguma coisa bem pesada rolando?

— Nã-Não, tá tudo de boa, nada acontecendo.

Sim, tem coisa pra caralho acontecendo, mas eu realmente não posso contar a você, isso te envolveria e quero você segura.

— Helena veio aqui.

— Aqui? Como ela entrou?

— Não sei. Ela chegou já invadindo o escritório e disse que só sairia depois de conversar com você.

— Certo... Pode voltar a gravar, cuido do resto por aqui. Obrigada por ficar aqui na minha ausência.

Macarena sai da sala.

Muita merda está prestes a acontecer, eu sinto.

Hanna de algum jeito sabe da existência da família de Macarena. Preciso liga pra Yolanda e contar tudo.

Pego o telefone e ligo.

— Zulema? Já está com saudade?

— Nada de brincadeira agora, tenho uma coisa séria pra dizer.

— Deixa eu adivinhar. É sobre a Hanna?

— Ela mesmo.

— Conte.

— De algum jeito, ela descobriu sobre Macarena. Ligou pra cá, acho que na esperança de falar comigo, e quem atendeu foi Macarena. Ela a ameaçou e disse algo sobre se aliar e os caralho.

— Você não disse nada sobre nós, né? E também nada sobre Hanna, né?

— É claro que eu não disse nada, mas tenho certeza que ela suspeita de algo. A merda é, ela vai tentar nos atacar através da família de Macarena, e o pior, sinto que ela vai conseguir.

— Certo. Se acalma, vou falar com as meninas e elas vão dizer o que fazer. Isso só não pode atrapalhar a festa da Sole, ela precisa comemorar o dia dela.

— Amanhã você vem, né? Vai ser muito melhor com você aqui, o ambiente vai estar meio blé, mas você vai estar aqui.

— Você me acha 'meio blé'? Vou ser a pior assistente do mundo pra ser mandada embora...

Macarena

Atrás da porta, escuto toda a conversa de Zulema.

Hanna? Mãe de Zulema? Assistente? Meninas? Atacar?

Minhas paranóias estavam certas, tem alguma coisa coisa acontecendo aqui, e isso é mais sério do que eu pensava.

Com certeza não vou conseguir me concentrar nas gravações com tudo isso pra digerir. Sei que não é da minha conta, mas... Talvez eu precise conversar com ela.

Mais tarde na casa de Zulema...

O dia foi "tranquilo", resolvi deixar pra falar com ela assim que estivessemos em casa.

Tentei esconder o máximo minha insatisfação por não saber o que estava acontecendo ou o que poderia acontecer.

No carro, Zulema não puxou assunto, ela estava mais concentrada em dirigir do que falar, mas nem me importei. O que eu queria saber mesmo, era o que estava acontecendo ali.

Agora estou na cozinha, sentada de frente pro balcão, juntando coragem pra perguntar coisas que provavelmente é pessoal.

E finalmente, resolvo falar algo.

— É... Zulema, precisamos conversar.

— É sobre as gravações? Está tendo alguma dificuldade ou algo do tipo?

— Não, não é nada sobre as gravações, está indo tudo bem, por enquanto. Mas é que... Eu meio que fiz uma coisa errada... E agora isso não sai da minha cabeça.

— O que você fez, Macarena?

Eu sabia que não tinha mais volta. Ou eu falava ou sei lá o que ela poderia pensar de mim.

— E-eu escutei sua conversa no telefone quando sai de sua sala.

Nesse momento, eu só estava esperando uma coisa: gritos e toda essa merda que ela estava escondendo.

— Já estava esperando por isso.

Esperando por isso? Cadê a gritaria e todo o drama que eu estava esperando?

— Calma, você não vai gritar comigo ou expulsar de seu filme?

— Não. Esse assunto envolve você também.