Final 1/3
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Na sexta-feira daquela semana, Beatriz volta da escola para casa, de mãos dadas com seu namorado – ela sorri toda vez que pensa nessa palavra – Beto. Tinha se tornado um costume ele a trazer para casa todos os dias, e Beatriz gosta da companhia dele, das conversas que eles tem, e de poder beijá-lo e encostar a cabeça no seu peito na frente de todo mundo sem medo. Beto torna sua vida mais feliz, e agora que ela está de volta à sua casa, não tem do que reclamar. Claro que ela ainda não está apaixonada por ele, mas gosta dele demais e sabe que com o tempo, a paixão e o amor virão. Com o tempo, ela esquecerá Ian, e amará Beto tanto quanto ele a ama.
Eles param diante da porta do apartamento dela. Antes que ela entre, Beto a beija apaixonadamente, como se não a beijasse há anos, e não a apenas alguns minutos. Ela retribui seu beijo da mesma forma excitada, e logo ela tem que se segurar na sua porta, quando Beto impõe seu corpo sobre o dela.
- Eu posso entrar um pouco? – ele pede com a voz ofegante, o rosto perto do dela.
Beatriz se desvencilha dele delicadamente e igualmente ofegante.
- Eu adoraria. Mas você sabe que eu não posso – ela se desculpa – voltei para casa só faz alguns dias e não quero perder a confiança da minha tia outra vez.
Por mais que Beatriz anseie transar com Beto de novo, ela sabe que não deve abusar da boa vontade de sua tia. Ela tinha sido muito nobre ao perdoar Beatriz e aceitá-la de volta, mesmo depois da sua traição. Beatriz sabe que a relação que ela tem com a tia nunca mais será a mesma, mas fará de tudo para ser a melhor sobrinha do mundo com ela. E trazer o namorado para dentro de casa, sem a permissão dela, não está nos planos, mesmo que a tia não esteja em casa.
Beto suspira, decepcionado.
- Tudo bem – ele se dá por vencido – me avisa quando a gente puder se encontrar de novo.
Beatriz sorri, feliz pelo namorado compreensivo que ela tem.
Eles se inclinam para mais um beijo. Beatriz o interrompe antes que ela possa perder o controle.
Ela abre a porta do seu apartamento e entra.
- Tchau – ela diz, acenando e fechando a porta lentamente.
Beto se encosta no batente da porta e observa pela fresta que vai se estreitando até não revelar mais nada.
Beatriz fecha a porta, mais feliz do que nunca. Sua vida parece finalmente ter entrado nos eixos.
Ela solta as chaves no pote em cima da mesa alta da entrada, que está apinhado de contas para pagar – as dividas que sua tia acumularam por causa do casamento, todas endereçadas à Mona. Beatriz não quer nem pensar no prejuízo que ela causou por ter prolongado demais a sua mentira. Seus olhos batem rapidamente nas cartas, que tem todas a mesma cor e o mesmo formato. Só que um dos envelopes parece se destacar dos demais.
Impelida pela curiosidade, Beatriz puxa a carta destoante do meio da pilha. É um envelope simples, cor creme, que com toda a certeza não é de algum estabelecimento fazendo cobrança. Não há endereço de remetente na frente, e atrás, o nome dela está escrito em letras digitais.
Beatriz sente um frio na espinha. Na era digital em que ela vive, nunca tinha recebido uma carta. E aquela, apesar de ter seu nome escrito por um computador, parece ser pessoal e não de algum curso lhe oferecendo aulas gratuitas, ou algo do tipo.
Será dos seus pais? Às vezes a internet caía por vários dias na cidade onde eles viviam. Talvez eles precisassem lhe dar uma notícia urgente e não pudessem esperar a internet voltar.
Ou talvez seja de Beto, em um gesto romântico. Faz bem o tipo dele escrever uma carta de amor à moda antiga.
Mesmo assim, no fundo, algo diz a Beatriz que essa carta vem de outra pessoa.
Ela entra no seu quarto, em posse da carta. Senta na sua cama, hesitando por uns bons minutos, antes de finalmente abri-la.
"Beatriz,
Sei que é antiquado escrever uma carta nos tempos atuais, mas essa foi a única forma que eu encontrei de me comunicar com você sem ser detectado – e, além do mais, cartas tão elegantes!
Enfim, queria te dizer que eu fiquei muito puto com você pelo que você fez, por ter jogado nosso futuro fora, ao armar para que sua tia nos pegasse. Mas depois que a raiva passou, eu parei para pensar, e vi que EU estava sendo um filho da puta, ao querer me casar com sua tia sem amá-la e te prender em uma relação que nunca poderia assumir. E se eu consigo ter um pingo de decência com as pessoas, tenho que reconhecer que terminar o casamento foi o certo.
Eu te amo Beatriz, apesar de ser errado. E por isso eu tenho que te deixar livre. Livre para você viver sua adolescência, ir à festas, se apaixonar por garotos da sua idade, e namorar quem quiser. Eu realmente espero que você tenha uma adolescência feliz.
Não me arrependo de nada que nós fizemos. E tenho certeza que você também não. Nós tivemos fodas incríveis... E pode ter certeza que eu nunca vou esquecer.
Só quero te dizer mais uma coisa.
Um dia, você vai fazer dezoito anos. E quando esse dia chegar, você será dona da sua própria vida e das suas decisões, e se você decidir me encontrar, saiba que eu vou estar esperando por você.
Com todo meu amor, Ian."
Beatriz termina de ler a carta com o coração na mão. Ela escorrega da cama para o chão, precisando se sentir na terra outra vez. Relê a carta várias e várias vezes, chorando, sorrindo e tentado entender o que ele quer dizer no final.
“Eu vou esperar por você”.
Ela tampa a boca com a mão, encolhendo os joelhos conta o peito, perturbada. Seu mundo tinha acabado de virar de cabeça para baixo.
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Secrets - Atrações Secretas | ✓
Teen Fiction|| Indicação +18 - Cenas de Sexo Explícito || ELAS PARECEM GAROTAS BOAZINHAS, MAS NÃO SÃO... Aos 15 anos, as vidas de Beatriz, Angeline e Holly vão tomar um novo rumo. É tempo de crescer, de deixar a vida de criança para trás, de ter novas experiênc...