Capítulo Quarenta e Dois

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Do terraço da sua própria casa, Holly ouve a festa rolando à toda lá baixo. O som está tão alto que ela se surpreende por seus vizinhos não terem chamado a polícia ainda. Há bem mais pessoas na sua casa do que ela previra. E pelo visto, a festa é um sucesso.

E no entanto, ela está ali, sozinha, bebendo escondido do resto das pessoas.

É pouco dizer que André tinha acabado com a festa para ela. Depois que ela começou a beber, percebeu que não queria mais estar naquela festa, onde as pessoas a estariam julgando como André, dizendo que ela não era mais a garota boazinha, que tinha virado uma devassa. Como não podia expulsar todo mundo da sua casa - o que seria muito pior do que mantê-los ali - ela pegou umas latinhas de cerveja e foi para o único lugar que ela sabia que ninguém viria. A escada pro terraço é escondida, e para saber como chegar lá, você precisa conhecer essa casa.

Holly toma a última cerveja que trouxe, se sentindo pra lá de bêbada. É bom ficar bêbada, isso a ajuda a clarear os pensamentos. E ficar ali solitária a ajudou a pensar bastante.

E ela chegou a uma conclusão.

Foda-se o André. Foda-se os seus pais. Foda-se todo mundo.

A porta que leva para o terraço range ao ser aberta. Holly se assusta com a possível presença de um estranho, quando se lembra que tinha chamado Xavier para ir até lá. Ela lhe mandou uma mensagem há pouco - depois que ele tinha mandado um monte, perguntando aonde ela estava – lhe ensinando o caminho secreto para ir ao terraço. Ainda bem que existem os áudios, porque ela está impossibilitada de escrever naquele momento.

Xavier surge de trás da caixa d'agua, com uma calça jeans preta rasgada e uma camiseta preta com uma estampa branca que Holly nunca tinha visto antes.

- Oi, Holly – ele fala, parando perto dela, que está sentada ao lado da grade que protege os arredores do terraço. Seus cabelos longos e dourados balançam com a brisa gelada da noite.

- Oi – ela fala, animada e bêbada. Se levanta para lhe dar um beijo, precisando se apoiar na grade para não cair. O mundo gira e ela perde o senso de direção.

- Você está bem? – Xavier corre para lhe dar apoio.

- Estou ótima – ela ri, jogando os braços no pescoço dele – agora que você está aqui – ela o olha, meio zonza, vendo dois Xaviers, ao invés de um.

Xavier olha para a pilha de latinhas ao lado dela e saca tudo.

- Você bebeu tudo isso sozinha? – ele fica meio bravo.

- Qual o problema? Vai me dedurar? – ela retruca, ficando sem paciência rapidinho.

- Não – Xavier quase ri do que ela diz – só estou preocupado que você tenha passado da conta.

- Não passei da conta, estou na conta – ela ergue os braços para mostrar que está bem, e perde o equilíbrio de novo. Xavier a ampara antes que ela caia.

- Você sempre está aqui para me salvar, não é? – ela ronrona, parecendo tão bêbada quanto está – você é meu herói – então ela esfrega o nariz no dele, num gesto que ela quer que seja carinhoso, mas parece mais que ela está limpando o nariz nele.

- É melhor nos sentarmos um pouco – ele sugere, a colocando gentilmente de volta no chão.

Holly senta de pernas cruzadas e apoia a cabeça no peito dele.

- Você tem um cheiro tão gostoso! – ela esfrega o nariz nele de novo – dá vontade de te comer – ela morde o peito dele.

- Ai! – ele exclama, nada feliz, a afastando de si – melhor a gente descer, você não está muito bem – ele levanta e puxa Holly junto.

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