Capítulo Trinta e Um

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Naquela mesma tarde de quarta-feira, Angeline entra na cozinha na hora do almoço. Sua mãe está arrumando a mesa da cozinha, enquanto a comida termina de ficar pronta. Ela vê Angeline e sorri. Um sorriso forçado que não lhe chega aos olhos. O que já vinha acontecendo há muitos dias.

Isso ia acabar hoje.

- Mãe, eu convidei um amigo meu para almoçar aqui, tudo bem? – ela fala como quem não quer nada.

Sua mãe arqueia uma sobrancelha.

- Um amigo? – ela pergunta, desconfiada.

Angeline segura a vontade de sorrir.

- É, um amigo – ela finge estar tímida para admitir que eles são outra coisa.

Ela ajuda sua mãe a por um lugar à mais na mesa. Hoje toda a família ia almoçar junta. Não podia ser mais perfeito.

A campainha toca no momento que sua mãe desliga a carne de panela do fogo.

- Eu atendo! – grita Angeline, correndo para a porta de entrada.

- Quem é? – ela ouve Douglas perguntar da sala, a ninguém em particular, e tem que conter sua empolgação.

Ela abre a porta e Danilo está parado ali, com o cabelo ondulado bem penteado, usando camisa social azul pra dentro das calças cáqui. Talvez um pouco exagerado, mas ele está mesmo querendo causar uma boa impressão. O que um cara não faz para trepar com uma garota?

- Oi – ela sorri docemente para ele – vem, vamos para a cozinha, o almoço já vai ser servido – ela o pega pela mão, como se ele fosse seu namorado de verdade e o leva, quase arrastado na direção a cozinha quente e cheirando a comida caseira.

Lá, Douglas e Diego já estão sentados nas extremidades da mesa, e sua mãe está lhes servindo a comida. Tanto Diego, quanto Douglas se empertigam quando veem o estranho ao lado de Angeline.

- Pessoal, esse aqui é o Danilo – ela o apresenta com um sorriso de garota apaixonada muito bem treinado – o meu... amigo – ela hesita de propósito, largando a mão dele como se estivesse envergonhada pela demonstração de afeto perto da família.

- Olá, é um prazer conhecê-los – Danilo usa sua voz mais gentil. Angeline sabia que ele seria um ótimo ator.

- Esses são meu padrasto, Douglas, minha mãe, Aline, e meu irmão postiço, Diego – ela aponta para cada um enquanto fala.

Danilo toma a liberdade de adentrar a cozinha e cumprimentar o padrasto de Angeline com a mão.

- Olá – Douglas aperta a mão dele com firmeza, mantendo uma postura séria.

Depois Danilo se volta para cumprimentar Diego, que apenas olha sua mão estendida com cara de poucos amigos, e diz um “e aí” seco. Danilo recolhe sua mão, sem graça, e vai cumprimentar a mãe de Angeline com um beijo respeitoso no rosto.

- Muito obrigada por me deixarem almoçar aqui – ele fala como um bom moço que ele não é.

- Que isso, Danilo – diz a mãe de Angeline – qualquer amigo da Angeline é bem vindo na nossa casa – ela lança um olhar dúbio para a filha.

Angeline apenas se serve e puxa uma cadeira na lateral da mesa retangular de seis lugares.

Danilo se senta ao seu lado e se serve também. Os primeiros minutos do almoço são meio esquisitos, com ninguém sabendo muito bem como agir. Então Danilo elogia a comida da mãe da Angeline, puxando outro assunto e a conversa começa a fluir.

Na metade do almoço, Danilo já dominou a mesa, arrancando sorrisos verdadeiros de Aline e até algumas gargalhadas do Douglas. O único que não cai nos seus encantos é Diego, que come em silêncio e de cara fechada. Angeline tenta não olhar muito para ele, mantendo seu papel de menina-apaixonada-e-recatada. Ela tinha até colocado um vestido comportado, acima dos joelhos e sem decote.

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